Mantega volta a cobrar juros baixos de bancos privados

Em São Paulo, ministro da Fazenda afirma que os bancos precisam reduzir juros e aumentar volume de crédito, que não "cresce a contento"

Guido Mantega durante o seminário "Brasil 2020: Rumos da economia" em São Paulo (Márcio Fernandes/AE)
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira, pouco antes de participar de um seminário, em São Paulo, que o spread bancário (diferença entre os custos de captação e os juros de empréstimo) no Brasil é muito alto e precisa ser corrigido.

Os bancos privados voltaram a ser alvo do governo, com Mantega dizendo que mesmo com a Selic em queda desde agosto os cortes feitos pelo Banco Central não geraram taxas menores de juros nas operações financeiras contratadas naquelas instituições. "Selic menor não se traduziu em queda de juros ao consumidor", disse.

Os comentários de Mantega reverberam a cruzada da presidente Dilma Rousseff contra o spread bancário alto, que foi objeto central de seu pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV relativo à celebração do Dia do Trabalho. "O custo financeiro continua muito elevado", afirmou Mantega.

Para o ministro, o crédito no Brasil "não está crescendo a contento". Segundo ele, o "crédito em 2012 se expande a uma taxa inferior à desejada" para estimular o nível de atividade. "Esse é um problema que precisamos enfrentar".

Na avaliação do ministro, a Selic em queda também ajudará na redução dos spreads. "Tenho certeza de que os bancos privados vão baixar os spreads. Se não baixarem, vão perder mercado", afirmou.

Mantega aproveitou para ressaltar que a Selic continuará caindo desde que as condições da inflação no Brasil permitam. Para ele, os índices de preços no país estão bem comportados.

“Uma taxa de juros real de 2% é um sonho que todos os brasileiros deveriam ter”, afirmou o ministro. "A inflação neste ano deve ficar entre 4,5% e 5%", completou.

Inadimplência – A desaceleração do nível de atividade registrada desde o segundo semestre de 2011, de acordo com o ministro, colaborou um pouco para a elevação da inadimplência de operações comerciais de consumidores. "A inadimplência subiu, mas está em patamares controlados", ressaltou.

Mantega destacou que os bancos orientaram suas agências a serem mais seletivas na concessão de crédito à população, o que para ele é um fator negativo e que não deveria ocorrer em um contexto de economia com inflação sob controle e taxa Selic em trajetória de queda desde agosto. "A solução para esse problema (inadimplência) é aumentar o volume de crédito e reduzir os spreads", disse.

Crédito – O ministro afirmou ainda que o crédito cresce a taxas inferiores ao desejado para sustentar o crescimento da economia. "O crédito não está crescendo a contento", disse, acrescentando que a solução, além de baixar os juros e os spreads, é aumentar o volume de crédito. "Mas os bancos são um pouco resistentes", acrescentou.

O volume total de crédito disponibilizado pelo sistema financeiro cresceu 1,7% em março, atingindo 2,07 trilhões de reais. Nos últimos 12 meses, de acordo com o Banco Central, a expansão está em 18%.

Esse percentual é considerado alto pela autoridade monetária que espera que, depois de um crescimento de 19% em 2011, o crédito tenha uma moderação expandindo-se a 15%.
Poupança – Sobre as mudanças na forma de cálculo do rendimento da poupança, anunciadas nesta quinta-feira, Mantega defendeu alterações. Segundo ele, a poupança ainda é a melhor aplicação para o pequeno investidor.

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