O
financiamento público exclusivo de campanha foi o ponto de unidade
entre lideranças políticas e sociais, que participaram do ato em
defesa da reforma política realizado em Brasília, na terça-feira
(4), na Câmara dos Deputados. Segundo representantes de vários
partidos políticos, lideranças sindicais e de entidades sociais,
esse é o primeiro passo para combater o abuso do poder econômico.
“É
o fim da cláusula de barreira econômica”, resumiu o relator da
matéria na comissão especial que trata do tema, Henrique Fontana
(PT/RS). O parlamentar enfatizou que a sua proposta “é encontrar
ponto médio para impedir que a turma que não quer reforma, porque
tem poder com esse sistema, encontre maneiras de bloquear a reforma”.
O
presidente do PT, Rui Falcão, disse que “a aprovação do
relatório é condição para que a luta pela reforma política possa
prosseguir, tem que ganhar as ruas, ganhar volume, para convencer
sobre a importância da reforma para o nosso país”. Ele também
destacou o esforço comum de todos os partidos de manter duas
questões fundamentais – financiamento público e as listas
preordenadas.
O
deputado André Figueiredo (PDT/CE) destacou que a reforma política
que defende é aquela que garanta que a constituição seja cumprida:
“Todo poder emana do povo e em nome dele deve ser exercido”.
O
financiamento público é consenso. Entretanto, o relatório de
Fontana traz também a proposta de acabar com as coligações nas
eleições proporcionais e só as admite nas eleições majoritárias
(prefeito, senador, governador e presidente). O que é um
contrassenso, pois como se coligar nas eleições majoritárias sem
haver a contrapartida, ou seja, o apoio para os candidatos dos
partidos coligados a vereadores e deputados. Que mecanismo ou
estímulo será adotado para levar o partido a apoiar o candidato
majoritário sem ele ter o apoio para seus candidatos a vereadores e
deputados? Não se abriria aí uma porta para a corrupção?
O
fim das coligações nas eleições proprocionais só interessa aos
grandes partidos e os pequenos dificilmente sobreviveriam.
Na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado também foi
aprovada uma emenda com o fim das coligações proporcionais.
A
emenda será debatida agora no plenário, onde o senador Inácio
Arruda (PCdoB/CE) prevê um debate “aceso”. “Vamos discutir
muito no plenário porque consideramos um grande retrocesso proibir
os partidos de realizar coligações. Coliga quem quiser, não
podemos institucionalizar o fim das coligações”, afirmou o
senador.
“Vamos
arguir muito sobre o fato de que precisamos de política que
fortaleça partidos e democracia e não crie restrições e
conservadorismo que é o que se está pretendendo”, disse. “Esse
sentido é conservador, é reacionário, não ajuda o processo de
consolidação político-partidária”, criticou. “Não tem
sustentação dizer que as coligações permitem que um partido
‘pegue carona’ na votação de candidato de outro partido”,
afirmou.
A
senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM) ressaltou que o Senado deveria
aproveitar essa oportunidade, para fazer uma reforma realmente
profunda. Ela disse ainda que seu partido vê com muita preocupação
a proibição das coligações partidárias nas eleições
proporcionais. Segundo a senadora, caso a emenda se efetive de forma
isolada, “este seria um golpe profundo na democracia”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário