Com o TCE se eximindo das suas tarefas, deputados da Assembleia e
funcionários do governo estadual e da Prefeitura de Macapá puderam agir
sem freios. O inquérito calcula que o total de desvios entre os
deputados estaduais chegou a R$ 300 milhões. Parlamentares abusaram do
uso de verbas indenizatórias, de gastos com passagens e diárias,
justificadas por meio de prestação de contas irregulares.
Só uma agência de viagens, a Martinica, cujo diretor fora sócio do
presidente da Assembleia da época, Jorge Amanajás, recebeu mais de R$ 28
milhões em verbas de passagens da Casa.
Lavagem. Mais R$ 400 milhões foram desviados em
contratos supostamente fraudulentos feitos pelo Estado e pela
prefeitura. Segundo a PF, uma empresa de ônibus municipal, a Marco Zero,
foi criada para lavar dinheiro dos desvios. Em um dos contratos
irregulares investigados - com as empresas de segurança privada Serpol e
Amapá Vip, que prestavam serviços para a Secretaria Estadual de
Educação -, foram desviados perto de R$ 70 milhões em seis anos. As
irregularidades afetaram compras de remédios, consertos de equipamentos
hospitalares, verbas para programas sociais, reformas em escolas,
aluguel de veículos e compra de combustível.
As consequências são vistas por todo o Estado, repleto de esqueletos
de obras paralisadas por causa das irregularidades contratuais e com
serviços deficientes na educação e na saúde. É exemplar o caso do
Hospital Metropolitano, em Macapá, obra parada pela Justiça desde 2004,
em um Estado que sofre com déficit de leitos.
Planejamento. Para evitar vazamentos e conseguir
prender políticos graúdos no Amapá, a deflagração da Operação Mãos
Limpas, ocorrida em setembro do ano passado, precisou alugar um navio
com capacidade para 700 policiais federais, que viajaram 22 horas pelo
Rio Amazonas até desembarcar em Belém, numa espécie de Dia D.
As tábuas de maré do Amazonas, que quando secam dificultam o trânsito
de navios em Macapá, foram exaustivamente estudadas para evitar o
encalhe.
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