'Não dá para cuidar de tudo', diz Wagner Rossi sobre lobista

Ministério da Agricultura é alvo de denúncias de corrupção.
Ministro disse que ordenou modificar sistema de acesso ao ministério.

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou nesta quarta-feira (10), durante depoimento na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, que “não dá para cuidar de tudo” ao referir-se à suposta atuação do lobista Júlio Fróes dentro do ministério.


“Eu não posso controlar a entrada e saída do prédio do ministério. As fotos daquele senhor e que alegadamente é o lobista e foram tiradas em frente ao ministério me deram a oportunidade de verificar várias coisas que eu deveria ter feito melhor, por exemplo, um sistema adequado de triagem da entrada privativa”, disse Rossi.

Segundo reportagem da revista "Veja", o lobista Júlio Fróes utilizaria uma sala no ministério para defender interesses das empresas que tem como clientes. Rossi disse que houve um “descuido”, mas que não pode assumir a responsabilidade pela portaria. “Dei ordem para mudar isso”.

Questionado pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR), Rossi reafirmou à comissão desconhecer o lobista Júlio Fróes e afirmou que ele não tem sala exclusiva no ministério, conforme apontou reportagem da revista. “Posso garantir que nenhum lobista tinha sala privativa no ministério”, afirmou.

A reportagem motivou o pedido de demissão do secretário-executivo do ministério, Milton Ortolan, auxiliar direto de Rossi. De acordo com a publicação, Ortolan mantinha relações com Fróes, o que ele nega.

Rossi disse aos senadores que a presidente Dilma Rousseff determinou a ele que promovesse mudanças na Conab após a divulgação dos casos de corrupção no órgão.

"Ela [Dilma] me disse sim, em função do que eu tinha relatado, que ela queria que eu tomasse atitudes muito fortes, e que fossem feitas independentemente de qualquer tipo de limitação política", afirmou Rossi.

Ele disse ainda que "a presidente tem todo o interesse em que as incorreções que eventualmente ocorram sejam corrigidas".

O ministro também relatou problemas ocorridos com a contratação de escritórios terceirizados de advocacia e que em função disso fará uma reformulação na área jurídica do Ministério da Agricultura e da Conab. Ela afirmou que será realizado concurso público para a contratação de advogados e procuradores que substituirão os escritórios terceirizados.
 
Faxina

Durante a audiência, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) questionou Rossi sobre o termo “faxina” que teria sido utilizado pela presidente Dilma Rousseff para tratar das denúncias sobre corrupção no ministério. Rossi afirmou que Dilma não utilizou o termo “faxina”, mas determinou mudanças.

“A presidente Dilma tem todo o interesse em que as incorreções que eventualmente ocorram sejam corrigidas. Ela nos deu, sim, força total”, disse o ministro.

Demóstenes também questionou Rossi sobre o fato da filha do lobista Júlio Fróes trabalhar na ouvidoria do Ministério da Agricultura. “Realmente uma empresa terceirizada que trabalha para o ministério contratou essa moça. Eu não sabia, confesso”, disse. “Realmente houve esse caso e lamentei profundamente”, afirmou Rossi. Segundo ele, o fato demonstra “a proximidade desse senhor [Fróes] com algumas áreas lá [do ministério]”

Outra denúncia

Na semana passada, Wagner Rossi prestou depoimento na Câmara e falou sobre outra denúncia, envolvendo o ex-diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Jucá Neto, o Jucazinho, irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), exonerado por irregularidades no órgão.

“Ele (Oscar Juca Neto) tenta transformar um caso estritamente administrativo, em que ele foi pego em infração gravíssima, ele quis transformar em caso político. Agredindo a todos, seus colegas de trabalho na Conab e inclusive esse ministro que aqui está”, disse Rossi durante audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

Jucazinho foi exonerado depois de autorizar – sem a permissão e com verba que não serviria para tal finalidade – um pagamento para uma suposta empresa de fachada. Alegando ter sido vítima de uma armação, Jucazinho disse à revista “Veja” que existiria um esquema de corrupção envolvendo o Ministério da Agricultura e o ministro Wagner Rossi. Segundo Jucazinho, o PMDB, partido do seu irmão e do ministro, teria transformado o ministério em uma “central de negócios”.

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