A herança de Chico Mendes

CHICO MENDES

O homem que defendia a floresta e contrariava os interesses de autoridades, madeireiros e fazendeiros. A pessoa que, com um grupo de seringueiros, organizou sindicatos no Acre, difundiu a proposta das reservas extrativistas e utilizou a estratégia do embate – reação pacifica à derrubada das arvores. Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, foi o personagem de uma série de matérias produzidas pela Agência Brasil, em 2003.

Passados 25 anos de sua morte, a Agência Brasil retornou ao Acre para saber o que sobrou do movimento dos seringueiros e a herança deixada por Chico Mendes.

A LINHA DA VIDA DE CHICO MENDES
 

O empate foi o método de luta criado pelos seringueiros para impedir o desmatamento. A estratégia era baseada em formas pacíficas de resistências. A comunidade se organizava, sob a liderança do sindicato e seguia para a área que seria desmatada pelos pecuaristas. Os extrativistas colocavam à frente dos peões e jagunços, com suas famílias, mulheres, crianças e velhos. Em um segundo momento, as lideranças do movimento explicavam a eles que, desmatando a floresta, também estariam ameaçados. Chico Mendes acreditava que a emoção do discurso acarretaria em resultados uma vez que os peões também eram pessoas simples, que cumpriam ordens dos patrões.

Em 1980, o movimento dos seringueiros espalhou-se por toda a região. Até aquele momento, a luta era liderada por Wilson Pinheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasileia. No mesmo ano, Pinheiro foi assassinado dentro do sindicato a mando dos fazendeiros locais, quando assistia a um programa de televisão

De março de 1976 até 1988, ano da morte de Chico Mendes, os seringueiros promoveram 45 empates. Relato do próprio Chico Mendes conta 30 derrotas e 15 vitórias dos extrativistas nos processos de tentativa de convencimento dos peões a baixarem suas motosserras.

O empate mais tenso da história do Acre ocorreu em 14 de maio de 1988, quando policiais e jagunços preparavam-se para entrar nas comunidades de Xapuri. Chico Mendes e outros seringueiros já haviam esgotado todos os argumentos para tentar evitar um conflito. Partiu de Marlene Mendes, prima de Chico, uma proposta inusitada: colocar as crianças e as mulheres à frente dos homens para defender a floresta da qual tiravam o sustento e partir ao encontro da polícia e dos jagunços. Assim que os encontraram, os moradores cantaram o Hino Nacional.
 Fonte: Agência Brasil

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