Declaração
é feita em encontro com ex-presidente do Chile Michelle Bachelet
A
presidente Dilma Rousseff recebe no Palácio do Planalto Michelle
Bachelet,
diretora-executiva
da ONU Mulheres Agência O Globo
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A presidente Dilma Rousseff defendeu na manhã desta quinta-feira a
adoção de um Piso de Proteção Social nos países desenvolvidos que
enfrentam problemas por conta da crise econômica. A declaração de Dilma
ocorreu durante a entrega do documento em português sobre o Piso feito
pela ex-presidente do Chile e atual diretora executiva da ONU Mulheres,
Michelle Bachelet. Dilma apregoou que é necessário romper com a
diferença entre a voz dos mercados e a voz das ruas, numa referência aos
protestos espalhados pela Europa contra medidas de austeridades
implementadas em países como Grécia, Itália, Espanha e Irlanda. O Piso
de Proteção Social é um conjunto integrado de políticas sociais
concebido para garantir a segurança de renda e o acesso universal a
serviços sociais, como atenção especial a grupos vulneráveis.
Dilma observou que a crise econômica nos países mais ricos pode significar a perda de direitos sociais e o desemprego.
-Estamos
vivendo uma situação econômica nos países desenvolvidos muito dramática
e, de um certo ponto de vista, prejudicial para suas populações -
declarou Dilma, lembrando que esses países conquistaram um padrão
elevado de proteção social.
- Hoje nós estamos preocupados para
que os processos de ajuste não signifiquem redução de direitos, perdas
de garantias e,inclusive, extremamente preocupados com o fato de não só o
desemprego estar crescendo, mas estar crescendo entre os jovens –
declarou.
Para a presidente, o desemprego e a perspectiva de
retrocesso nas políticas sociais nos países desenvolvidos coloca no
centro da discussão a necessidade de implementar o Piso de Proteção
Social nesses lugares. Dilma não deu a receita do que deve ser mantido
ou implementado, mas reconheceu que não se pode colocar no mesmo patamar
as políticas sociais adotadas pelos países ricos e outros mais pobres,
como os da África e América Latina.
- Hoje estamos vendo processos
de desemprego dramáticos que levam necessariamente a processos de perda
de qualidade de vida e de condições de sobrevivência. Por isso, acho
que os governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a
voz do mercado e a voz das ruas. Diminuindo essas diferenças e levando
essas diferenças para propostas pró-ativa no sentido de soluções e para
garantir que as pessoas não sofram toda a magnitude dela (da crise).
Em
seu discurso, Bachelet afirmou que durante a elaboração do documento
sobre o Piso de Proteção Social, feito por um grupo consultivo da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da
Saúde (OMS), presidido por ela, comprovou-se que a adoção de políticas
de proteção social têm evitado os piores efeitos da crise econômica,
principalmente entre os mais vulneráveis, além de impulsionar a
recuperação econômica em países como o Brasil e outros emergentes.
Bachelet lembrou que 1,4 bilhão de pessoas vivem em situação de extrema
pobreza, com menos de US$ 1,25 por dia e 925 milhões sofrem de fome
crônica. Além disso, 884 milhões de pessoas não têm acesso a água
potável, enquanto 2,6 bilhões carecem de acesso a saneamento.
-
Mais proteção social não se trata somente de uma questão de respeito aos
direitos humanos, mas também uma necessidade econômica. A persistência
de um grande número de pessoas excluídas representa um enorme
desperdício de potencial humano e econômico - disse Bachelet.
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