Chuva cessa em Santa Catarina e moradores tentam retomar a vida

Integrantes da Secretaria Regional de Blumenau e da Secretaria de Estado da Infraestrutura de Santa Catarina (SC)reuniram-se, na tarde de ontem, para avaliar os prejuízos causados pelas fortes chuvas na região do Vale do Rio Itajaí, na última semana. Segundo o secretário da Infraestrutura, Valdir Cobalchini, esse trabalho de diagnóstico será a base do governo catarinense para pedir o apoio federal na reconstrução das cidades afetadas pelas enchentes. Hoje, os R$ 30 milhões repassados pelo Ministério da Integração Nacional estarão disponíveis. E os prefeitos anunciaram que querem que a verba seja liberada direto para os municípios, sem intermediação do estado, porque eles temem a demora e a burocracia na liberação do dinheiro, como ocorreu em 2008.

O grupo da secretaria, em parceria com algumas autoridades locais, também vai coordenar as ações emergenciais. A primeira delas é desobstruir estradas. No boletim divulgado pela Polícia Rodoviária Estadual, ainda há 15 pontos nas rodovias que apresentam problemas. “As prefeituras não têm condições de arcar com o prejuízo sozinhas. Até mesmo o apoio do governo estadual será pouco. Por isso, a secretaria vai oferecer apoio técnico para que eles (os prefeitos) formulem relatórios para apresentarmos ao governo federal”, afirmou Cobalchini.

Para atender as demandas iniciais, o governo catarinense liberou cerca de R$ 12 milhões. Segundo o diretor de Prevenção da Secretaria Estadual de Defesa Civil, major Emerson Emerim, essa primeira fase é de prestar assistência e socorro. “Conforme as águas estão baixando, vamos distribuir materiais de limpeza para os moradores iniciarem a descontaminação das casas que foram alagadas. Somente em um segundo momento, poderemos avaliar os estragos de infraestrutura causados pelas chuvas.” Cidades como Rio do Sul ainda estão com boa parte dos bairros debaixo d’água.

Apesar do grande número de prejudicados, a Defesa Civil pediu que outras regiões do Brasil não enviem donativos. Segundo eles, as doações devem vir de cidades próximas a fim de evitar um problema de armazenamento e logística, já que os resgates de pessoas estão sendo feitos por helicópteros e os veículos disponíveis estão a postos para transportar água e cestas básicas por terra até os locais afetados. “A ideia é que o vizinho ajude o seu vizinho. Assim, não há problema de transporte”, ponderou o major Emerson.


Inundações prejudicam 935 mil
Após as fortes chuvas na região do Vale do Rio Itajaí, em Santa Catarina, a Defesa Civil divulgou que as cheias atingiram 91 cidades, sendo que 36 estão em estado de emergência e oito decretaram estado de calamidade pública. O órgão estadual confirmou também a morte de três pessoas nas cidades de Itajaí, Laurentino e Guabiruba.

A primeira morte registrada foi de Valdemiro Carminatti, 66 anos, que consertava o telhado de sua residência quando caiu e morreu. A segunda foi Antônio José Mendonça, 50 anos, que faleceu na tarde de sábado, após cair na água e se afogar. Ontem, foi divulgada a morte de Ronaldo Novaes dos Santos, 19. Ele estava em uma embarcação com o irmão e tocou com a cabeça na rede elétrica de alta tensão.

Até agora, as inundações afetaram — direta ou indiretamente — 935.932 pessoas, deixando 160 mil desalojadas e 15.020 desabrigadas. Algumas cidades já retomam lentamente as suas rotinas, como é o caso de Blumenau, que desde sábado restabeleceu o fornecimento de energia elétrica em quase todas as ruas. Apesar da normalização, alguns pontos dos municípios de Rio do Sul e Rio do Oeste ainda estão debaixo de água e contam com a ajuda do Batalhão de Engenharia de Construção para o transporte de pessoas e alimentos.

Três meses de temporais

Não é de hoje que a região do Vale do Rio Itajaí, em Santa Catarina, sofre com as consequências das fortes chuvas. Em 22 de novembro de 2008, o governo catarinense decretou situação de emergência após a morte de 135 pessoas — 97% vítimas de deslizamentos e inundações. A maior tragédia registrada no estado, provocada por chuvas que duraram cerca de três meses, atingiu mais de 2 milhões de catarinenses e deixou 78 mil pessoas desalojadas e desabrigadas. De acordo com a Defesa Civil, um terço do território foi atingido pelas chuvas: 63 municípios decretaram situação de emergência e 14, estado de calamidade pública. Geólogos identificaram cerca de 4 mil pontos de deslizamento nas áreas atingidas. Mais de 23 rodovias estaduais e federais ficaram danificadas.

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