Fidel critica "os delírios" do discurso de Obama


O ex-presidente cubano Fidel Castro considera que o discurso do Estado da União do presidente americano, Barack Obama, de terça-feira passada foi uma "mensagem delirante com mentiras", em artigo publicado nesta sexta-feira cheio de críticas e ironias sobre a alocução.

A imprensa oficial da ilha publica a última das Reflexões de Fidel Castro, intitulada "O Estado da União", no qual analisa as palavras do presidente Obama perante o Congresso e reproduz textualmente várias de suas passagens.

"É difícil que Deus possa abençoar tanta mentira", assevera Castro, após reproduzir o final do discurso que Obama concluiu com a frase "que Deus abençoe os Estados Unidos da América do Norte".

Para o ex-líder cubano, a mensagem sobre o Estado da União "merece uma análise política e ética" porque "os Estados Unidos são uma superpotência da qual, com independência do Presidente e do Congresso, depende, entre outros importantes fatores, o destino da espécie humana".

Nesse sentido, lembra que Obama está "envolvido em processo eleitoral e tem que falar para cada cidadão e seu oposto, para terminar clamando que todos são norte-americanos, como se 95,5%, ou seja, os outros 6,9 bilhões de habitantes do planeta, não existissem".

Entre suas críticas ao tom com o qual Obama se refere à história e o futuro dos EUA, indica que omite temas como o dos monopólios que "controlam e saqueiam" os recursos do planeta, o acordo de Bretton Woods, ou a "fraude colossal" que Washington realizou em 1971 ao suspender "unilateralmente a conversão do dólar em ouro".

"Obama gosta de relatar, por outro lado, histórias líricas sobre pequenos empresários que supostamente deslumbram, embelezam e comovem os ouvintes que não são advertidos da realidade", assinala Castro.

O ex-líder cubano ironiza o discurso e indiretamente também o chama de melodramático, ao dizer que o presidente americano tenta "comover" com algumas passagens que parecem tiradas de um filme.

Sobre o anúncio realizado por Obama que viajará em março para a América do Sul, Castro diz que no Brasil poderá apreciar os estragos das chuvas e será "ocasião propicia para autocriticar" o fato de que seu país não assinou o acordo de Kioto ou que seu Governo "impulsionou a política suicida" de Copenhague.

Mais adiante, indica que sua política "se complicará" no Chile, onde "é de supor que alguém deve render tributo a Salvador Allende e os milhares de chilenos assassinados pela tirania de Pinochet, que os EUA impuseram ao Chile." Acrescenta que Obama enfrentará uma "situação embaraçosa" em El Salvador pelos crimes que os EUA patrocinaram contra os combatentes da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), organização que passou de guerrilha a partido político e está agora no Governo.

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