Composta majoritariamente por mulheres, entidade comercializa polpas e doces
Produzindo polpas de frutas, cocadas e sequilhos, uma cooperativa de
Ichu, na Bahia, composta majoritariamente por mulheres, descobriu uma
forma de reforçar a renda de 180 famílias de agricultores - e, ainda,
incrementar a merenda escolar das crianças da região. A Cooperativa de
Produção, Comercialização e Serviços Padre Leopoldo Garcia Garcia
(Cooperagil) já alcança a marca de 4 mil quilos de polpa produzidos por
mês, e 100 quilos de sequilhos por semana. Grande parte dessa produção,
além das cocadas, é comercializada para o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA),
instrumentos de compras públicas do governo federal.
“Tem meses que dá pra cada uma tirar mais de um salário mínimo. A
renda da cooperativa ajuda e muito”, conta Celidalva Soares de Oliveira,
produtora rural e trabalhadora do centro de Barra. Ela relata que,
quando a cooperativa começou, como iniciativa das mulheres da região, os
homens não gostaram muito da ideia. “Logo que começamos, foi um terror
para os maridos deixarem as mulheres trabalharem. Hoje tem muita casa
sendo sustentada pelas mulheres. Havia casas que não tinham geladeira,
banheiro, e hoje têm”, relata.
Além da renda gerada, a agricultora aponta outra grande vantagem das
vendas para escolas municipais: elas hoje sabem o que os filhos estão
comendo no lanche do colégio. “Antigamente era tudo industrializado na
merenda escolar. Hoje não, a gente sabe de onde está vindo”, observa.
Cooperativa - A
Cooperagil tem hoje aproximadamente 180 integrantes. Para atender à
demanda, a entidade conta com um centro de produção em Nova Esperança e
outro em Barra, a sete quilômetros de distância. As duas unidades são
divididas com o Centro Comunitário São João de Deus. Em Barra, 18
mulheres trabalham pela manhã todos os dias da semana para produzir
polpas de frutas e cocadas, que são vendidas às escolas da região,
dentre as quais a escola municipal Colégio Santo Antônio, na própria
comunidade, onde estudam cerca de 80 crianças.
A cooperativa, que está em processo para conseguir o selo da
agricultura familiar, busca hoje meios de divulgar seus produtos para
crescer ainda mais. Já participou, por exemplo, de duas edições da Feira
Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, promovida pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Programas adquirem cerca de 3 mil quilos por mês da produção
Os dois programas, Pnae e PAA, absorvem cerca de 3 mil quilos da
produção mensal da Cooperagil por mês. As polpas são produzidas a partir
de frutas como goiaba, umbu, manga, cajá, maracujá, acerola e abacaxi.
As cocadas disponibilizadas para a venda são de coco, maracujá e goiaba.
A regularidade e o volume de vendas para os programas, assim como o
preço pelas polpas, comercializadas a R$ 5 o quilo, permitem constância
de renda auferida.
Criado em 2003, o PAA é uma ação do governo federal que visa garantir
o acesso de populações em situação de insegurança alimentar a comida em
quantidade e de forma regular. Já o Pnae estabelece que as escolas
públicas com acesso a recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) comprem de agricultores familiares, ao menos, 30% da
merenda escolar.
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