Ex-deputado condenado no mensalão viaja para o Caribe

Queiroz viajou com a mulher para celebrar 40 anos de aniversario de casamento, informou a sogra do ex-deputado
Foto: Reprodução
Condenado por corrupção pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, o ex-deputado federal Romeu Queiroz (PTB-MG) está de férias em uma praia do Caribe. Queiroz, que vive em Belo Horizonte, embarcou na semana passada, mesmo período em que a Procuradoria-Geral da República pedia a retenção dos passaportes dos réus.

Queiroz viajou com a mulher para celebrar 40 anos de aniversario de casamento, informou a sogra do ex-deputado, Ilda Naves. Segundo ela, Queiroz ficou “muito abalado” após acompanhar pela TV as primeiras sentenças dos juízes do STF - o cálculo das penas do também mineiro Marcos Valério soma mais de 40 anos, assim como do ex-ministro da Casa Civil e homem forte do governo Lula, José Dirceu. Pode ainda haver ajustes. “Ele (Queiroz) ficou muito triste, então resolveu sair um pouco, ficar longe de tudo isso”, disse. E saiu em defesa do genro: “Ele nem pegou naquele dinheiro”. A viagem foi um presente que os filhos deram, disse. Queiroz foi condenado por corrupção passiva em 26 de setembro. O ex-deputado federal pelo PTB recebeu R$ 350 mil do chamado valerioduto.

O advogado de Queiroz, Ronaldo Garcia Dias, disse que não sabia da viagem do cliente, mas garantiu que ele estará de volta antes da retomada do cálculo da dosimetria pelo Supremo, o que ocorrerá na semana que vem. “Deve ter sido uma dessas viagens de um fim de semana, dez dias, não vai passar disso. Quando o STF voltar, na semana que vem, eu garanto a você que ele estará aqui.”

Aprovado prazo para tratamento de pessoas com câncer pelo SUS

O plenário do Senado aprovou hoje (30) projeto que estabelece prazo máximo de 60 dias para o início do tratamento de pacientes com câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Se o caso for grave, o prazo pode ser menor, segundo o texto.

O projeto original, do Senado, previa apenas o pleno acesso dos pacientes a medicamentos e analgésicos à base de ópio para os casos em que a doença provoque dor intensa. Mas, na Câmara, foi aprovado substitutivo ao texto que amplia a matéria incluindo o prazo máximo para início do tratamento e a obrigatoriedade de que os estados desenvolvam planos de oncologia para instalar serviços especializados.

A relatora da matéria, senadora Ana Amélia (PP-RS), elogiou que o projeto tenha sido aprovado ao mesmo tempo em que se encerra o Outubro Rosa, movimento pela prevenção e tratamento do câncer de mama. Na opinião dela, a nova lei irá beneficiar as mulheres que sofrem com a doença.

O projeto prevê a quimioterapia, a radioterapia ou cirurgia, como o tratamento previsto dentro do prazo. O texto segue agora para sanção presidencial.

Ayres Britto confirma fax em nome de Marcos Valério

'Chegou um fax, que não posso dizer o conteúdo porque está sob sigilo, mas que é hiperlacônico'', disse o ministro

Presidente do STF não revelou o teor do documento (Foto: José Cruz/ABr)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Carlos Ayres Britto, confirmou nesta terça-feira (30) que a Corte recebeu um documento, enviado via fax, em nome do publicitário Marcos Valério. Réu da Ação Penal 470, Valério é apontado como principal articulador do esquema de pagamento de propina a políticos conhecido como mensalão.

“Chegou um fax, que não posso dizer o conteúdo porque está sob sigilo, mas que é hiperlacônico”, disse o ministro. Segundo reportagem publicada pela revista Veja no último final de semana, o fax foi encaminhado no último dia 22 de setembro pelo advogado de Valério, Marcelo Leonardo, e falava que o publicitário tinha novas declarações a fazer sobre o esquema de corrupção.

De acordo com Ayres Britto, mesmo que Valério tenha mais informações sobre o assunto, isso não deve influenciar o julgamento da Ação Penal 470, que já está em sua fase final, mas ele ressalva que apenas o relator, ministro Joaquim Barbosa, pode definir o que fazer com novos dados que eventualmente chegarem ao Tribunal.

O ministro também desconversou sobre a hipótese das novas revelações influenciarem em uma pena mais branda ao publicitário, que já foi condenado a mais de 40 anos de prisão. “Olha, só posso dizer que fiz o que tinha que fazer, imprimi o sigilo e entreguei a ele [Barbosa]”.

Em relação ao pedido de retenção de passaportes para evitar fuga dos réus do mensalão, ainda não confirmado oficialmente, Britto disse que uma possível decisão sobre o assunto pode vir do relator ou do colegiado, mas que ainda não tem notícias sobre o andamento do assunto.

Número de parlamentares é suficiente para votar fim da mordomia

A bola está com a Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara e a desculpa de falta de quórum para votar a proposta que acaba com o 14º e o 15º salários de deputados e senadores não serve mais. Mesmo em meio à ressaca das eleições e em véspera de feriado, 422 deputados estiveram oficialmente no plenário ontem, dos quais 53 são integrantes da CFT. Ou seja, o número de parlamentares presentes em Brasília é mais do que suficiente para votar hoje de manhã, às 10h, o projeto que acaba com os extras dos congressistas.

Para garantir o quórum mínimo de 17 presentes, o presidente da CFT, Antônio Andrade (PMDB-MG), entrou em contato com todos os 66 integrantes da comissão, incluindo os suplentes, para pedir que não faltem à sessão. O objetivo é evitar que se repita a cena ocorrida no último encontro, quando o líder do PSD, Guilherme Campos (SP), pediu a verificação de quórum ao ver que o tema dos salários extras seria votado, o que derrubou a reunião porque havia poucos parlamentares na sala.

Ao todo, 422 deputados registraram presença ontem no plenário da Câmara, dos quais 53 integram a Comissão de Finanças e Tributação: quórum mínimo da comissão é de 17 parlamentares
A pauta da comissão tem hoje 58 propostas a serem analisadas. Para a votação do projeto de decreto legislativo que acaba com a mordomia histórica, é preciso haver um requerimento de inversão de pauta para que ele figure no topo da lista, como fez na última reunião o relator, Afonso Florence (PT-BA). “Apresentarei de novo, se for necessário, para que votemos esse tema o quanto antes e viremos logo essa página na Câmara”, comenta o deputado.
Florence diz estar otimista quanto à presença dos colegas na comissão. “Não tem motivo para não dar quórum e tenho certeza de que vai ser votado e aprovado, seguir para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e chegar ao plenário ainda este ano”, destaca. O clima, porém, não tem sido favorável à aprovação célere da proposta na Câmara.

Nos bastidores, é cada vez maior a defesa de se deixar para o ano que vem a votação do projeto em plenário. A manobra garantiria mais duas parcelas do pagamento a deputados e senadores. “Já ouvi diretamente de líderes partidários que os esforços são para deixar o assunto só para fevereiro”, comenta um parlamentar. “Há grupos de senadores fazendo pressão para empurrar a votação aqui na Câmara para que eles lá também recebam mais dois extras e até representantes do baixo clero que insistem em não votar esse projeto nem em 2013”, relata outro.

Requerimento


O entendimento geral é de que cabe às lideranças dos partidos que defendem o projeto a pressão para que o tema seja votado logo pelas comissões ou ainda entre diretamente na pauta do plenário, com a aprovação do requerimento de urgência já apresentado à Mesa Diretora. Mas não é fácil encontrar líderes que assumam a tarefa. Mesmo alguns que se declaram a favor da proposta não insistem no tema diante dos colegas. “A posição do partido é pelo fim das ajudas de custo, mas não tem como falar sempre no mesmo assunto nas reuniões, até porque há vários outros muito importantes para tratarmos”, afirmou o líder do PSDB, Bruno Araújo (PE). “O assunto não diz respeito ao governo, então deixo para cada bancada tomar conta, eu não posso entrar no debate, tenho que evitar assuntos que têm divergência porque falo em nome de todos os partidos da base”, desconversou o líder do governo na Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Os líderes do PSol, Ivan Valente (SP), e do PR, Lincoln Portela (MG), costumam cobrar mais o assunto diante das demais lideranças. “Assim como o projeto sobre o voto aberto para cassação de mandatos, tenho pedido para que o fim do 14º e do 15º entre na pauta do plenário com urgência, mas sempre adiam e meu partido não tem poder para convencê-los”, comenta Valente. “Só que quando é para votar alguma proposta de interesse dos grandes partidos, ela entra na pauta no mesmo dia em que é criada sem empecilhos.”

"Não tem motivo para não dar quórum e tenho certeza de que vai ser votado e aprovado, seguir para a CCJ e chegar ao plenário ainda este ano" Afonso Florence (PT-BA), relator do projeto.

Lista de chamada

Confira quais integrantes da Comissão de Finanças e Tributação estiveram no Congresso ontem e quais faltaram

Ausentes

Titulares

Alfredo Kaefer (PSDB-PR)
Antônio Andrade (PMDB-MG)
Edivaldo Holanda Junior (PTC-MA)
Osmar Júnior (PCdoB-PI)
Otoniel Lima (PRB-SP)
Pedro Eugênio (PT-PE)
Rui Palmeira (PSDB-AL)

Suplentes
Alberto Mourão (PSDB-SP)
João Lyra (PSD-AL)
João Paulo Cunha (PT-SP)
Manoel Junior (PMDB-PB)
Reginaldo Lopes (PT-MG)
Rogério Carvalho (PT-SE)

Presentes

Titulares
Aelton Freitas (PR-MG)
Afonso Florence (PT-BA)
Alexandre Leite (DEM-SP)
Andre Vargas (PT-PR)
Assis Carvalho (PT-PI)
Cláudio Puty (PT-PA)
Edivaldo Holanda Junior (PTC-MA)
Fernando Coelho Filho (PSB-PE)
Guilherme Campos (PSD-SP)
João Dado (PDT-SP)
João Magalhães (PMDB-MG)
José Guimarães (PT-CE)
José Humberto (PHS-MG)
José Priante (PMDB-PA)
Júlio Cesar (PSD-PI)
Júnior Coimbra (PMDB-TO)
Lucio Vieira Lima (PMDB-BA)
Manato (PDT-ES)
Pauderney Avelino (DEM-AM)
Pedro Novais (PMDB-MA)
Reinhold Stephanes (PSD-PR)
Rodrigo Maia (DEM-RJ)
Toninho Pinheiro (PP-MG)
Vaz de Lima (PSDB-SP)
Zequinha Marinho (PSC-PA)

Suplentes
André Figueiredo (PDT-CE)
Andre Moura (PSC-SE)
Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP)
Arnaldo Jardim (PPS-SP)
Carmen Zanotto (PPS-SC)
Celso Maldaner (PMDB-SC)
Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
Emiliano José (PT-BA)
Genecias Noronha (PMDB-CE)
Jairo Ataíde (DEM-MG)
Jerônimo Goergen (PP-RS)
João Maia (PR-RN)
Jose Stédile (PSB-RS)
Luciano Castro (PR-RR)
Luiz Carlos Setim (DEM-PR)
Luiz Pitiman (PMDB-DF)
Marcus Pestana (PSDB-MG)
Mauro Nazif (PSB-RO)
Mendonça Prado (DEM-SE)
Nelson Marchezan Junior (PSDB-RS)
Paulo Maluf (PP-SP)
Ricardo Berzoini (PT-SP)
Sérgio Brito (PSD-BA)
Zeca Dirceu (PT-PR)

Tucanos à espera de Renildo

Dirigentes do PSDB afirmam que apoiam gestão do PCdoB independentemente de cargos, mas não escondem expectativa de integrar o governo

Foto: Priscila Buhr/JC Imagem

Para quem pretende alcançar uma prefeitura, é fundamental formar coligações fortes e ter na base de apoio partidos de influência nacional. Nessa arte, o prefeito reeleito de Olinda, Renildo Calheiros (PCdoB) mostrou tirar de letra ao formar uma base de apoio de nada menos que 21 partidos. Com algumas alianças inclusive inusitadas, como ter o apoio dos tucanos, que até pouca tempo faziam ferrenha oposição na cidade. Passada as eleições, surge o “problema”: como agregar tantos aliados na prefeitura? Embora a maioria afirme que a aliança não foi baseada em cargos, ninguém esconde que existe uma expectativa nesse sentido. O prefeito, por sua vez, se mantém em silêncio em relação às negociações e como fará a distribuição do novo secretariado.

Os tucanos aguardam um posicionamento do prefeito. Quem está tratando da possibilidade de cargos para o PSDB em Olinda é o presidente estadual da sigla, Evandro Avelar, que garantiu que os tucanos apoiarão Renildo durante a gestão independentemente de secretarias. Entretanto, não escondeu a expectativa de contar com um secretário tucano no município, comparando com a situação de Jaboatão dos Guararapes, em que o PCdoB apoia o governo do tucano Elias Gomes: quem comanda a secretaria de Esportes e Lazer é o comunista Marcos Sanchez.

Escola pública do Distrito Federal testa chip para monitorar alunos

Por meio de um chip fixado no uniforme, uma turma de 42 estudantes do primeiro ano do ensino médio tem suas entradas e saídas monitoradas no Centro de Ensino Médio (CEM) 414 de Samambaia, cidade do Distrito Federal (DF) localizada a cerca de 40 quilômetros da área central de Brasília. O projeto piloto, que começou a funcionar no dia 22 de outubro, manda mensagem por celular aos pais ou responsáveis pelos alunos, informando o horário de entrada e saída da escola.

A diretora do CEM 414, Remísia Tavares, em contato com uma empresa que implanta os chips nos uniformes depois de saber que o sistema funcionava em uma escola em Vitória da Conquista, na Bahia. Segundo ela, a medida foi tomada para aumentar a permanência dos alunos nas salas de aula. "Os professores dos últimos horários reclamam que muitos alunos costumam sair antes do término das aulas. Por mais que a escola tente manter o controle, eles dão um jeito de sair da escola".

De acordo com a diretora, o monitoramento foi bem recebido pelos pais, aproximando-os da vida escolar de seus filhos. "Fizemos reuniões para saber a opinião dos pais a respeito do chip, e eles gostaram da ideia. Os pais se sentem mais tranquilos, sabendo exatamente a hora em que seus filhos entram e deixam a escola", disse Remísia.

O representante da empresa que implantou os chips nos uniformes, Bruno Castro da Costa, explicou que o sistema funciona por meio de um sensor instalado na portaria principal do colégio, que lê as informações contidas no chip cadastrado.

"O sistema não altera a rotina dos estudantes. Eles entram normalmente na escola, os dados são passados para o computador e, 30 segundos depois, os pais são notificados. Uma mensagem é enviada quando o aluno entra na escola e outra no momento da saída. Apesar de ficar registrado também na direção do colégio, o sistema não substitui a chamada de presença em aula. Também estão sendo registradas as entregas de boletins ou outros eventos, e a direção pode utilizar o programa para encaminhar o recado ao celular cadastrado", acrescentou Costa.

Charles de Oliveira, também representante da empresa responsável, disse que o sistema poderá futuramente otimizar o tempo de estudo nas salas de aulas. "Os professores perdem cerca de 20 minutos para realizar as chamadas durante as aulas. Futuramente, isso pode acabar, pois será registrada a presença automaticamente. Além disso, estamos estudando formas para que o sistema contribua também com os programas do governo, acelerando a divulgação de dados".

Os estudantes Bárbara Coelho, 16 anos, e Jefferson Alves, 15 anos, não se incomodam com o monitoramento pelo chip. "Eu acho que é uma boa maneira de os nossos pais ficarem mais tranquilos e até confiar mais, sabendo que estamos na escola. Eu não me sinto inibida, pois sempre frequentei as aulas", disse Bárbara. "Só quem tem costume de matar aula vai se incomodar, já que agora os pais vão ficar sabendo", completou Jefferson.

No dia 13 de novembro, um relatório será enviado ao Conselho de Educação da escola e à Secretaria de Educação do Distrito Federal com os resultados da experiência. Caso o sistema seja aprovado, a fixação dos chips no CEM 414 deverá ser ampliada para os 1,8 mil alunos da instituição no próximo ano.

SUS: o desafio de ser único

Livro SUS: o desafio de ser único, do economista Carlos Octávio Ocké-Reis, da Fiocruz, analisa o sistema público de saúde no Brasil e fustigar o poder econômico do capital financeiro e dos oligopólios, que reproduz desigualdades sociais, favorece o crescimento do mercado e inviabiliza os preceitos constitucionais da saúde.

Ao investigar nosso sistema de saúde – o público e o privado – o livro SUS: o desafio de ser único propõe uma saída à la Obama para fortalecer o Sistema Único de Saúde e fustigar o poder econômico do capital financeiro e dos oligopólios. Seu autor, o economista Carlos Octávio Ocké-Reis, aponta que esse sistema paralelo reproduz desigualdades sociais, favorece o crescimento do mercado e inviabiliza os preceitos constitucionais da saúde. A publicação é um lançamento da Editora Fiocruz com o apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Profundo estudioso do tema, Ocké-Reis afirma que a política de fomento ao mercado favorece a privatização do sistema e a mercantilização do SUS: “no contexto de medicalização da sociedade e do consumismo desenfreado de bens, serviços e tecnologias, essa política pode se tornar desastrosa para a constituição da unicidade do SUS”.

Desigualdades

Enquanto o SUS atravessa uma crise crônica de financiamento, a consolidação dos planos acaba concentrando renda e subtraindo recursos do setor público de saúde. O autor reconhece a importância de se introduzir melhores práticas gerenciais no SUS, porém ressalta que para aumentar sua eficiência, pelo contrário, pode ser necessário uma ampliação dos recursos. Somente assim ele poderá responder às desigualdades no acesso e na utilização dos serviços de saúde.

O Estado por sua vez concede subsídios, que ampliam essas desigualdades. Destaca-se a renúncia de arrecadação fiscal, isto é, o imposto que o Estado deixa de recolher ao conceder deduções para famílias e empregadores que declaram gastos com planos e serviços privados de saúde. Ocké-Reis propõe limitar o escopo dessa renúncia, de modo a ampliar os recursos do SUS e tornar o sistema mais equitativo: o setor privado mais prejudica do que colabora com o setor público, porque o aumento do gasto privado e o fortalecimento do poder econômico corroem a sustentabilidade do financiamento público na arena política, levando a um círculo vicioso, caracterizado por uma queda relativa do investimento na saúde pública.

Embora não desejada pelos sanitaristas, a presença do setor privado acabou sendo naturalizada no Brasil. Por isso, o autor defende uma regulação substantiva do mercado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, que não pode ter sua atuação ameaçada pela concentração, centralização e internacionalização das operadoras líderes. A ANS deve organizar o mercado na perspectiva do interesse público, impedindo que a assistência à saúde seja convertida em um bem de consumo como outro qualquer. “É legítimo propor que o Estado, considerando seu poder de compra (economia de escala), atue como braço de apoio da agência reguladora para relativizar o poder dos oligopólios para sancionar a concorrência regulada, para reduzir preços e melhorar a qualidade”, conclui.

Wagner Gomes: Resultados fortalecem luta por reformas estruturais

O resultado geral do segundo turno das eleições municipais, consumado no último domingo (28), indica um significativo avanço das forças e partidos progressistas, cuja contrapartida é a derrota da direita neoliberal, malgrado o sucesso desta em algumas capitais.
 
A vitória mais relevante ocorreu na cidade de São Paulo, conquistada por Fernando Haddad e sua vice, Nádia Campeão, num memorável duelo contra o tucano José Serra, protagonista dos escândalos que acompanharam o programa de privatizações do governo FHC.

A capital mais populosa e mais rica do país deixa de ser uma fortaleza das forças conservadoras e, a julgar pelas declarações do prefeito eleito domingo, será colocada no rumo das mudanças iniciadas em 2002 com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Haddad, que toma posse em janeiro, consciente de que a vitória refletiu o “sentimento de mudança que domina a alma do povo de São Paulo”, reiterou os compromissos assumidos durante a campanha e garantiu que o objetivo central da nova administração “é diminuir a grande desigualdade existente em nossa cidade, derrubar o muro da vergonha que separa a cidade rica da pobre”.

As lideranças sindicais e os movimentos sociais participaram ativamente da batalha eleitoral, ao lado dos candidatos comprometidos com a classe trabalhadora e os interesses maiores do povo, com a consciência de que os resultados colhidos em outubro deste ano se projetam sobre as lutas futuras, cabendo destacar o pleito de 2014, quando estará em jogo a Presidência da República, o Congresso Nacional e os governos estaduais.

O avanço das forças progressistas abre caminho a mudanças mais audaciosas que a nação reclama. Cabe citar, neste sentido, a necessidade inadiável das reformas estruturais defendidas pela CTB e pela 2ª Conclat. Entre elas, a reforma política, cuja urgência é atestada pelo custo crescente das campanhas eleitorais, que sujeitam os pleitos ao controle e à corrupção do poder econômico, como sugerem os fatos investigados pela CPI do Cachoeira.

É consenso entre inúmeros especialistas e políticos progressistas que para moralizar de fato as campanhas e subtrair o processo eleitoral da influência do poder econômico é imperioso estabelecer o financiamento público exclusivo das campanhas, além de estabelecer novas normas visando a maior democratização do pleito.

Também cobram urgência a reforma tributária, que na opinião da CTB deve desonerar o trabalho e a indústria, bem como taxar as grandes fortunas e a especulação financeira; a reforma agrária, bandeira secular da classe trabalhadora; a reforma urbana, com o objetivo de tornar as cidades mais humanas; a reforma da mídia, combatendo os monopólios da comunicação; a reforma educacional.

São reformas que podem dar um novo impulso ao processo de mudanças iniciado dez anos atrás, que não pode ser dado por concluído ou, muito menos, imune a retrocessos. Apesar dos inegáveis avanços conquistados até o momento, há muito por fazer. A vitória de domingo renova o fôlego e dá novo ânimo à luta por transformações sociais mais profundas. É este o seu sentido mais progressista, que devemos sublinhar.

Ministro Walmir Oliveira da Costa explica critérios para arbitramento de indenizações

Integrante da Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, o ministro Walmir Oliveira da Costa é especialista em dano moral. Sua tese de mestrado na Universidade Federal do Pará sobre o tema foi publicada como livro em 1998, com o título "Dano Moral nas Relações Laborais – Competência e Mensuração", no qual dá ênfase à mensuração do dano moral em casos específicos, propondo parâmetros que ajudem o juiz a definir o valor da compensação.

Em entrevista exclusiva à Secretaria de Comunicação do TST, ele aborda este e diversos outros aspectos das ações relativas ao dano moral no ambiente de trabalho, entre elas a dificuldade do TST em uniformizar as decisões sobre o tema. "Temos de uniformizar critérios, e não valores", defende.

Quais os parâmetros legais para fixação das indenizações por dano moral?

Ministro Walmir - No Código Civil de 1916, o critério era o do tarifamento, ou seja, havia a prefixação do valor da indenização. Tínhamos também a Lei de Imprensa, que estabelecia entre 20 e 200 salários mínimos, que depois foi declarada inconstitucional pelo STF, e o Código Nacional de Telecomunicações (artigo 61), que fixava valores de até cem salários mínimos para situações de violação de direitos. Hoje, porém, é vedada a indexação ao salário mínimo. Quando o dano moral envolvia injúria, usava-se a pena de multa Código Penal. A Constituição Federal de 1988 adotou um sistema aberto, acabando com o sistema de tarifamento.

É possível quantificar uma lesão de caráter subjetivo?

Ministro Walmir - A violação da intimidade da personalidade e de atributos valorativos do ser humano é muito difícil de mensurar. É aquela discussão: a dor tem preço? Não, a dor não tem preço. Mas a repercussão da dor na esfera da vítima gera uma responsabilidade para quem ofendeu, e não pode ficar impune.

E como se chega a essa punição?

Ministro Walmir - Hoje, o juiz não tem critérios objetivos ou determinantes para fixar o valor da indenização. O Código Civil se limita a estabelecer que a indenização se mede pela extensão do dano. Eu, particularmente, acho que, na esfera trabalhista, não se trata de indenização, porque indenizar é restituir ao estado anterior. Entendo que é apenas uma compensação pela dor. Não há possibilidade, na esfera trabalhista, de restituir. A reparação pode ser pecuniária, mas também o que chamamos de reparação in natura: pedido de desculpas, declaração reparatória, que não é em dinheiro.

O que se deve levar em conta no exame dessa reparação?

Ministro Walmir - Em primeiro lugar a extensão do dano, que é um conceito subjetivo. Para avaliá-la, deve-se examinar a gravidade e a potencialidade do dano, a repercussão da lesão na esfera da intimidade, e se essa repercussão transcendeu aos limites da empresa, ou seja, se foi tornada pública. Não é o fato em si da publicidade que determina a mensuração do dano. A publicidade é uma causa de agravamento. Deve-se levar em consideração também a situação econômica do ofensor e da vítima, a natureza da ofensa, se houve lesão física, doença ocupacional, culpa – enfim, todas as circunstâncias do caso. A teoria da compensação do dano se alicerça num tripé: punir o infrator, compensar a vítima e prevenir novas condutas dessa natureza. Eu não concordo em fixar previamente os valores, com o tarifamento.

Não se pode, ainda, aplicar uma indenização que enriqueça a vítima, o chamado enriquecimento ilícito. Hoje, o critério aberto prevê o arbitramento por equidade, ou seja, a avaliação do juiz no caso concreto.

E como se aplica a equidade?

Ministro Walmir - Aqui no TST, tentamos uniformizar o procedimento. Em casos de chacotas e brincadeiras ofensivas, por exemplo, chegamos a um valor médio, que vai de R$ 15 mil a R$ 80 mil. Esta semana julgamos, na Primeira Turma, o caso de um ex-ilustrador do Estadão, portador do vírus HIV. Mandamos reintegrá-lo e fixamos R$ 35 mil por danos morais, mas não pela discriminação: o dano alegado por ele não foi por isso, e sim pelas gozações dos colegas por sua orientação sexual.

A capacidade econômica gera diferenças nos valores?

Ministro Walmir - Sim, tanto do ofensor quanto da vítima, devido ao caráter punitivo e didático da condenação. Lembro-me de um caso vindo do Rio Grande do Sul de uma empregada doméstica chamada de "negrinha", em que condenamos o patrão, um industrial, a indenizá-la em R$ 10 mil. Ele não recorreu. Noutro caso, um gerente da Light virou alvo de uma charge no jornal por causa de um corte de energia. O Regional deu R$ 660 mil, porque era um gerente, tinha padrão de vida elevado. Chegamos, no fim, a R$ 180 mil. Não tem um critério objetivo além da jurisprudência.

Lesões semelhantes não deveriam levar a indenizações equivalentes?

Ministro Walmir - Em alguns casos, a lesão pode ser aferida mais objetivamente para quantificar o dano. Por exemplo: a lesão por esforço repetitivo (LER), em qualquer pessoa, acontece mais ou menos do mesmo jeito, tanto no chefe de serviço, gerente, subgerente, diretor, caixa, digitador. Muitas vezes um ganha R$ 25 mil, outro R$ 150 mil, há casos até de R$ 350 mil por LER. Eu parto da lesão e das consequências da lesão. O juiz não tem parâmetro, por isso me valho do balizamento da jurisprudência.

Na maioria das vezes, porém, não se pode fixar o mesmo valor devido às circunstâncias do caso. É preciso fazer uma gradação da punição. Um mesmo valor de indenização para uma padaria acaba com a padaria, mas se for um grande banco, ele não vai sentir nenhum impacto. Ao mesmo tempo, não é porque se trata um grande banco que vou fixá-la em milhões.

O tempo de serviço entra nessa conta?

Ministro Walmir - Não deveria, porque, do ponto de vista subjetivo, uma ofensa pode atingir com a mesma intensidade um empregado que tem um ano de casa e um que tem 20 anos. Muitos juízes utilizam o critério do artigo 478 da CLT, sobre indenização no caso de rescisão conforme o tempo de serviço do empregado que tinha estabilidade decenal, que mandava pagar um mês de remuneração por ano de serviço. Mas não é um critério razoável: por ele, um empregado que tenha apenas 11 meses não vai ganhar nada. Eu defendo até mesmo o dano moral pré-contratual, tanto para o candidato quanto para a empresa. Não se pode exigir, por exemplo, teste de gravidez na fase de seleção.

A vítima tem de provar que sofreu com o dano?

Ministro Walmir - A lesão decorre da própria conduta ofensiva, por isso não se exige que se faça prova do dano. A rigor não se prova o dano, mas o ato danoso, o nexo de causalidade e a culpa, quando for subjetiva.

Como caracterizar o ato danoso, por exemplo, na instalação de filmadoras no ambiente de trabalho?

Ministro Walmir - A Constituição Federal protege a honra e a intimidade. Por isso, entendemos que é proibido, por exemplo, a instalação de câmeras no banheiro. Se o empregador vai utilizar a câmera para fiscalização de suas dependências, como salvaguarda do patrimônio empresarial, não há problema, desde que não invada a intimidade do trabalhador. Tudo tem de usado com moderação e tendo em vista a finalidade do empreendimento.

O Código Civil diz que temos direitos e prerrogativas. Se você exorbitar, você perde – é o chamado abuso de direito. Não há lei que proíba a instalação de câmeras. Há sim um constrangimento, mas natural, e todos nós estamos diariamente sujeitos a isso. Hoje, pela modernidade, não podemos deixar de conviver com esses instrumentos. Só o fato de estar sendo filmado, de forma impessoal, com conhecimento do próprio trabalhador, não gera dano moral.

O empregador também pode pedir indenização do empregado?

Ministro Walmir - O dano moral é via de mão dupla. O empregador, seja pessoa física ou jurídica, também sofre dano moral. Imagina um empregado que venda um segredo industrial para o concorrente, por exemplo. Ele deve reparar o dano causado.

É possível unificar a jurisprudência sobre o valor da indenização?

Ministro Walmir - Devemos uniformizar critérios, e não valores. Acredito que os Regionais devem se orientar pelas decisões do TST para evitar os excessos nas condenações, para mais ou para menos. Não se pode enriquecer alguém ou acabar com uma empresa, assim como não se pode dar apenas R$ 700 porque se trata de empregada doméstica. É muito difícil para o TST fazer o controle de legalidade e constitucionalidade das indenizações devido à vedação do reexame de fatos e provas. Acabamos caindo no critério da "teratologia" do valor – absurdamente alto ou ínfimo -, que também não é objetivo porque não é visto à luz dos fatos e provas.

O que a parte pode fazer se quiser que o valor seja revisto pelo TST? 

Ministro Walmir - É preciso que o recurso chegue ao TST corretamente fundamentado, apontando os dispositivos pelos quais se entende que o valor deve ser aumentado ou diminuído. A parte às vezes vem e alega violação ao artigo 157 da CLT, que trata de segurança do trabalho, e não de dano moral. Tem de se apontar o 927 ou o 944 do Código Civil, específicos sobre o tema. Outra coisa, o fato é necessário. Se o Regional não coloca os fatos, a parte tem de embargar pedindo que se manifeste sobre eles, para que possamos examiná-los no TST a partir do acórdão. Se o TRT não o fizer, pode-se arguir nulidade por negativa de prestação jurisdicional, e podemos mandar o processo voltar.


Produtor rural deve ser notificado pessoalmente de cobrança sindical

A contribuição sindical rural é uma modalidade de tributo e implica no regular lançamento para a constituição do crédito. Uma das fases do lançamento é a notificação pessoal do devedor. Portanto, tal medida é imprescindível para a existência do crédito tributário. Foi com esse entendimento que a Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu recurso da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (FAEB), que pretendiam receber a contribuição sem a devida notificação do devedor.

A CNA e a FAEB convocaram por edital um produtor rural, para que este quitasse contribuições sindicais. Como ele continuou inadimplente, foi ajuizada ação de cobrança, mas a sentença indeferiu o pedido e extinguiu o processo sem resolução do mérito por falta de pressupostos e condições da ação.

Inconformadas, as entidades sindicais recorreram ao Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (BA) e afirmaram que a contribuição sindical rural tem caráter tributário e, portanto, é compulsória. Todos os proprietários rurais sabem do dever de pagá-la anualmente, sendo filiados ou não ao sindicato. No caso de inadimplência, o artigo 605 da CLT dispõe que o edital é regra e instrumento necessário e suficiente para convocar os devedores ao pagamento da dívida.

O Regional não conheceu do recurso e manteve a sentença. Entre os motivos, os desembargadores destacaram a falta de notificação pessoal do devedor acerca dos débitos em cada exercício cobrado. "Somente a partir da notificação pessoal do devedor é que a dívida se constitui e se poderá falar em mora e exigibilidade do título extrajudicial", concluíram.

No recurso de revista ao TST, as entidades sindicais reafirmaram a prescindibilidade da notificação pessoal do devedor, mas o relator, ministro João Batista Brito Pereira, não lhes deu razão.

O ministro adotou entendimento do TST no sentido de que, em razão das dificuldades de acesso aos meios de comunicação, o contribuinte que vive em área rural precisa ser pessoalmente notificado da cobrança. Portanto, a ausência da notificação "torna inexistente o crédito tributário; acarretando, consequentemente, a extinção do processo sem resolução do mérito por carência de ação, uma vez que não fora preenchido um de seus pressupostos processuais, sobretudo quanto à impossibilidade jurídica do pedido".


Ayres Britto pode sair do STF sem deixar penas do mensalão por escrito

A conclusão da Ação Penal 470, o processo do mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF) deverá ocorrer depois da aposentadoria do presidente da Corte, Carlos Ayres Britto. Ele sairá do STF no dia 14 de novembro e ainda tem dúvida se deixará as sugestões de penas por escrito. Ayres Britto tem se mostrado desconfortável com a hipótese de não participar dos debates finais do julgamento.

O julgamento será retomado somente no dia 07 de novembro devido a uma viagem do relator, ministro Joaquim Barbosa, à Alemanha para tratamento de saúde. Na semana passada o cálculo da pena foi iniciado, mas avançou pouco.

A fixação das penas está provocando polêmica desde 23 de outubro. Os ministros não conseguem chegar a um critério objetivo para as punições, o que deixa o julgamento imprevisível. Essa situação é o principal empecilho para que Ayres Britto deixe o voto por escrito.

Os ministros não se entendem, por exemplo, sobre os critérios de aumento de pena para os crimes cometidos - entre eles a continuidade delitiva, quando um crime dá origem a outros da mesma espécie. Enquanto uma corrente defende a majoração no limite máximo permitido por lei - dois terços da pena original - nos casos em que houve dezenas de atos criminosos, outro grupo defende aumento de um terço para evitar que a pena seja muito alta.

Nessas situações, o decano da Corte, ministro Celso de Mello, sempre interfere lembrando que o STF precisa ter penas mais previsíveis, inclusive para servir de parâmetro aos juízes de primeira instância. Os ministros, no entanto, não têm chegado a consenso até agora.

Um exemplo das limitações das penas fixadas com antecedência é o caso do ex-ministro Cezar Peluso. Ele se aposentou logo no início do julgamento do mensalão, deixando por escrito somente parte das condenações. Seu voto frequentemente é esquecido pelos colegas por não se encaixar em nenhuma corrente majoritária, e o voto acaba isolado, sem possibilidade de ser alterado. É esse tipo de situação que Ayres Britto quer evitar.

Eleições antecipam costuras políticas pelo Planalto

Encerrado o 2.º turno das eleições municipais, a presidente Dilma Rousseff (PT), o vice Michel Temer (PMDB), o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) descem dos palanques e se movimentam para tirar o melhor proveito dos resultados das urnas. No horizonte de cada um, por menos que admitam, está a sucessão presidencial de 2014.

Dilma quer apagar ressentimentos provocados pelas disputas entre partidos da base, diante da hipótese concreta de uma candidatura de Eduardo Campos à Presidência, que poderia dividir os aliados. A presidente também está preocupada em desatar alguns nós do Congresso, para cumprir promessas como a redução nas contas de luz. A medida provisória que trata do tema recebeu 400 emendas de parlamentares e virou uma dor de cabeça para o Ministério de Minas e Energia.

Antecipada a discussão sobre seus possíveis concorrentes em 2014, Dilma tenta desfazer a imagem de inoperância em áreas cruciais, em especial a infraestrutura, prato cheio para os presidenciáveis. Com os prazos apertados para a Copa e para a Olimpíada, o governo corre para lançar o novo modelo de concessão de portos e aeroportos, empurrado para depois do 2.º turno.

Os temas nacionais entraram, nos últimos dias, no discurso de Eduardo Campos, fortalecido desde o 1.º turno por vitórias no Recife e em Belo Horizonte. Em entrevista ao Estado na semana passada, Campos pediu mobilização "de quem é e quem não é da base do governo" e cobrou ações mais efetivas do governo para enfrentar a crise econômica internacional.

O governador e presidente do PSB lembrou a medida provisória da redução do preço da energia emperrada no Congresso. "Se ficarmos discutindo 2014, a energia continuará cara, vai tirar a competitividade da empresa brasileira. Com isso, pode afetar o mercado de trabalho", disse.

Campos elogiou medidas como a redução do IPI dos automóveis, prorrogada pela presidente Dilma, mas pede mais. "Ninguém de bom senso acha que é possível abrir mão desse receituário. Mas todo mundo sabe que é preciso ir além dessas medidas. Como vamos seguir protegendo o mercado de trabalho no Brasil? Como vamos fazer para não importar essa crise com a intensidade que ela chegou a outras nações? Como os prefeitos eleitos agora vão financiar o que foi prometido ao povo?", questionou o governador.

Apesar da redução do número de prefeituras do PSDB entre 2008 e 2012, o tucano Aécio Neves se fortaleceu internamente com a derrota de José Serra e aprofundou a aliança com Eduardo Campos. Aécio endureceu o discurso contra Dilma e o governo, o que deve se manter depois da eleição. O senador tucano pega carona no discurso do "novo", que funcionou na capital paulista com Fernando Haddad, e comemora que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenha falado ontem em "renovação" do PSDB. O mesmo discurso tem sido feito pelo prefeito eleito de Manaus, o ex-senador tucano Artur Virgílio.

Para Aécio, as vitórias de tucanos como Virgílio e Rui Palmeira, em Maceió, ajudam a tirar o caráter "paulista" do PSDB. O mineiro sabe, no entanto, que terá de ganhar visibilidade no mais importante Estado do País, se quiser construir uma candidatura competitiva à Presidência da República. O mesmo vale para Eduardo Campos, que fez campanha para candidatos de seu partido em várias cidades do Sul e do Sudeste, no 2.º turno.

Embora muitos partidos da base da presidente Dilma tenham se enfrentado nas eleições municipais, inclusive o PT e o PMDB, Temer defende a tese de que os dois partidos estão mais próximos. "A aliança PMDB-PT se solidificou nesta eleição", afirmou o vice-presidente, no Rio, semana passada. Com isso, o peemedebista procura afastar novos arranjos eleitorais para 2014, como uma possível oferta da vice-presidência ao PSB de Eduardo Campos.

Temer esteve no Rio para fazer campanha nas quatro cidades onde o PMDB disputou o 2.° turno e foi recebido em almoço oferecido pelo prefeito reeleito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). Paes havia lançado o governador Sérgio Cabral (PMDB) candidato a vice de Dilma, no lugar de Temer, e provocado uma rebelião entre os líderes nacionais do partido. O prefeito carioca recuou e o PMDB se uniu em torno da reedição da chapa Dilma-Temer.

Para os peemedebistas, passadas as eleições, dois assuntos são prioridade: a garantia do PMDB nas presidências da Câmara e do Senado e ministérios mais relevantes no governo Dilma.

Oposição

Os dirigentes dos partidos de oposição afirmaram que jamais na história do País houve uma carga tão forte do governo a favor dos candidatos do PT como no 2.º turno da eleição. A estratégia do governo, de acordo com os oposicionistas, foi esmagar qualquer oponente. Primeiro, os da oposição conhecida, que envolve PSDB, DEM e PPS. Em seguida, partidos da base que disputam com os petistas, a exemplo do PSB.

Nestas circunstâncias, segundo os partidos de oposição, o Palácio do Planalto e o PT adotaram uma "tática terrorista", ao "bombardear" o eleitor com a informação de que sem o alinhamento automático com o governo federal nenhum novo prefeito conseguiria governar.

"A presidente Dilma Rousseff tomou uma atitude muito arriscada, pela qual vai sofrer desgastes e pela qual vai ter de responder por toda a vida.Ela fez chegar ao eleitor a informação de que se não votasse no candidato afinado com o Palácio do Planalto o governo poderia levar as cidades a serem punidas com a suspensão do repasse de recursos", disse o presidente interino do PSDB, Alberto Goldman.

"Tudo isso é muito grave porque contraria o princípio constitucional da independência dos poderes e dos entes da federação. A presidente não pode querer penalizar o cidadão pelo seu ato de exercitar a democracia, que é o ato de votar, de escolher quem ele quer para ser o seu prefeito. Isso é desmoralizante para a própria presidente", continuou Goldman.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), afirmou que o governo federal, "a serviço do PT", trabalhou para exterminar os partidos de oposição, principalmente o Democratas. "Nunca vi nada semelhante ao que aconteceu em Salvador. Juntaram-se a presidente, o ex-presidente Lula e o governador Jaques Wagner para impor no eleitor a ideia de que uma vitória do DEM seria o fim de Salvador, porque sem o alinhamento nenhum recurso seria transferido ao município", afirmou ele.

"No caso do DEM, o que posso afirmar é que o PT agiu com o fígado e não com a razão que a política exige dos partidos que constituem a base de uma democracia. O PT trabalhou para exterminar o DEM. Onde nosso partido concorreu, o PT fez de tudo para acabar com ele. Não conseguiu.Mas, de Mossoró a Aracaju, de Vila Velha a Salvador, todo o trabalho do PT foi feito para nos limpar da face da terra. Sem contar que nós fomos o partido que sofre o maior ataque dos últimos tempos, feito por dentro, com a ajuda do governo, que foi a criação do PSD a partir do DEM", disse o senador Agripino.

Outro dirigente de partido de oposição, o deputado Roberto Freire (PPS-SP) afirmou que a entrada da presidente Dilma, do ex-presidente Lula e dos ministros do governo na campanha só pode significar uma coisa: "Que o governo tinha medo de ser derrotado". Para ele, se não houvesse esse temor, não seria necessário mobilizar uma máquina tão poderosa para atacar a oposição. "Ficou provado que a oposição tem força. Posso dizer que a oposição cresceu, porque o eleitor cresceu com ela na conscientização de que o governo não pode tudo, não pode impedir as forças contrárias de funcionar."

Para Freire, "o desespero de Lula e de Dilma" ficou demonstrado no momento em que eles viram que não era só a oposição que ameaçava a hegemonia do governo, mas também o PSB do governador Eduardo Campos, aliado desde a eleição de 2002."O governo e o PT foram derrotados. Não importa se acham que ganharam. No futuro vão perceber que a truculência não funcionou."

Veja as cidades onde o PCdoB irá governar



Jornalistas de Pernambuco decretam estado de greve

Reunidos numa expressiva Assembléia Geral Ordinária (AGO) que lotou o auditório do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas Editoriais, Jornais, Revistas, Envelopes, Cartonagem, Serigrafia e Formulários Contínuos do Estado de Pernambuco (Sindicato dos Gráficos), jornalistas de jornais e emissoras de rádio e TV deflagraram nesta quarta-feira (24) o Estado de Greve.
 
Oitenta e três por cento dos jornalistas presentes votaram pela decretação e pela adoção de mecanismos de pressão mais contundentes e públicos para pressionar as empresas a negociarem. "Aceitar a postura das empresas sem reagir é abrir mão do respeito próprio. É preciso se fazer respeitar a categoria", disse a presidenta do Sinjope, Cláudia Elloi.

O resultado só não foi excelente porque enquanto 100 de 120 profissionais aprovaram o indicativo da Diretoria do Sinjope, houve uma abstenção (0,84%) e 19 (15,83%) votos contrários.


No entanto, para a presidenta Cláudia Eloi o importante é a quantidade de profissionais presentes e o resultado expressivo que respalda o posicionamento da Diretoria. "Esses números eu não esqueço", destacou. Diretores também avaliaram ter ficado evidente a pressão patronal na medida em que transportaram profissionais, mas nem assim se conseguiu desmobilizar a categoria.


Números Positivos


Outros números que não devem ser esquecidos foram citados na AGO para confrontar o discurso das empresas de que estariam vivendo uma "crise", inclusive com fechamento de jornais do sistema Associados, e de que essa seria a perspectiva pelos próximos dois anos. Diretor da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Osnaldo Moraes destacou que os jornais dos Associados na Paraíba (Diario da Borborema e O Norte) e no Rio Grande do Norte (Diario de Natal/O Poti) fecharam por questões de gestão.


Além disso, duas referências das empresas para autopromoção, o jornal Meio&Mensagem e o Ibope registraram crescimento de faturamento no primeiro semestre na casa dos 10%. Afora esses indicativos, as empresas de comunicação já amealharam os lucros das eleições.


A direção do Sinjope lembrou que, segundo o Dieese, a maioria das categorias conseguiu ganho real nas negociações, com reajustes que variam de 8 a 10%. Algo que já havia sido destacado pelo mediador das negociações na Procuradoria Regional do Trabalho da 6ª Região (PRT6), procurador Fábio Farias.


“Considerando, ainda, o crescimento excepcional do Estado, não tem como as empresas de comunicação alegar que apenas elas não têm competência para capitalizar ganhos nos cenários estadual, regional e nacional. Tudo referenda um grande "não" à proposta de fechar a Campanha Salarial 2012 com o mero repasse do menor índice de apuração da inflação, os 5,4% do INPC”, avaliam diretores do Sinjope,


Pacote básico


Na última rodada de negociação a Diretoria do Sinjope propôs um pacote básico que inclui Piso Salarial de R$ 1.650,00 para a jornada normal de cinco horas/dia (já celebrado com a Companhia Editora de Pernambuco - Cepe); reajuste salarial de 10%; auxílio-refeição para dias ou empresas em que não houver oferta de refeições; respeito ao limite legal da jornada de Jornalista, de sete horas/dia; e ainda considerou a possibilidade de manter a compensação de jornada ("banco de horas"), condicionada a não diluição das jornadas de sábado nos demais dias da semana, algo que já ocorre nas empresas do sistema AssociadosPE.


Com a decisão da AGO desta quarta-feira, jornalistas se equiparam em situação aos gráficos, que já deflagraram estado de greve e iniciaram movimentações para paralisar empresas escolhidas estrategicamente. Com essa ação, avançam na celebração de Acordos Coletivos de Trabalho (ACTs) com reajustes acima de 8%. Mais um fato que coloca por terra os discursos das empresas.


Denúncia Pública

Gráficos e jornalistas estão unidos na Intercom - Intersindical da Comunicação, que agrega também publicitários e radialistas. Como a postura intransigente é a mesma para todos, segundo afirmaram os mesmos representantes patronais, a perspectiva é de união maior para enfrentar os abusos


Diretores do Sinjope retornam à mesa de negociações da PRT6 na próxima segunda-feira, 29/10, às 11 horas. Encerrada a AGO, foram iniciados os preparativos para as ações programadas para denúncia pública das empresas caso não haja um posicionamento digno para celebração de acordo.


Fonte: Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco

Atividade da construção civil cai pela quinta vez seguida

A atividade da construção civil caiu em setembro, pelo quinto mês consecutivo, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A Sondagem Indústria da Construção, divulgada hoje (25), mostra que o indicador da evolução do nível de atividade situou-se em 49,2 pontos no mês, abaixo da linha divisória dos 50 pontos.

Os indicadores da sondagem variam de zero a 100. Valores acima de 50 pontos são considerados positivos. A queda mais acentuada ocorreu para as pequenas empresas (indicador de 48,7 pontos). A sondagem também mostra que a indústria da construção reduziu o quadro de empregados em setembro. O indicador de evolução do número de empregados ficou em 48,8 pontos no mês.

Os empresários da construção mantiveram-se insatisfeitos com a margem de lucro operacional no terceiro trimestre. O indicador ficou em 46,8 pontos, com melhora de 2 pontos em relação ao trimestre anterior. A situação financeira foi avaliada como satisfatória pelos empresários no terceiro trimestre, com 50,3 pontos, 1,5 ponto acima do segundo trimestre, quando a avaliação era insatisfatória.

O acesso ao crédito continua sendo avaliado como difícil, com 47,1 pontos. Entretanto, entre as grandes empresas a percepção foi de acesso normal com indicador em 50 pontos, contra 43,8 para as pequenas e 44,3 para as médias.

Em comício, Dilma apoia Vanessa à Prefeitura de Manaus

“Não posso governar sozinha de Brasília e eu confio em Vanessa para ser prefeita de Manaus”, disse Dilma. O primeiro comício da presidenta Dilma Rousseff na capital amazonense foi por um motivo mais que especial: firmar seu apoio irrestrito à candidatura de Vanessa à Prefeitura de Manaus.

Foram mais de 40 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, vibrando e lotando o espaço reservado para o comício, no Igarapé do Passarinho, zona norte da capital. Sob o som do forró Eu quero Vanessa prefeita, Dilma entrou cantando no palco com Vanessa, o candidato a vice Vital Melo, o governador Omar Aziz, o senador Eduardo Braga, as ministras Ideli Salvati e Helena Chagas, o deputado federal Sabino Castelo Branco e o secretário estadual de Produção, Eron Bezerra. No palco, deputados estaduais, prefeitos e vereadores eleitos prestigiaram o comício.

Dilma disse que estava feliz naquele palco por estar com seu time. “E esse meu time agora tem uma mulher. Porque não dá para governar sozinha de Brasília, preciso de alguém em quem eu possa confiar, e eu posso confiar na Vanessa. É como na casa da gente, que a gente precisa de uma pessoa para repartir como as coisas que devem ser feitas. E Vanessa representa para mim um momento especial desta eleição porque parece muito com a minha eleição: foram levantadas mentiras, calúnias, inventaram coisas a meu respeito. Mas aí minha gratidão por Amazonas e por Manaus é porquê? Porque quem enterrou as mentiras que fizeram contra mim foram os votos dos amazonenses e manauaras”, disse a presidenta. “Comigo aconteceu isso: uma avalanche de mentiras. Só teve um jeito com as mentiras: o voto popular enterra mentiras. Com Vanessa, essas mentiras vão ser enterradas por vocês.”

A presidenta desmentiu um dos maiores boatos sobre Vanessa: “Cheguei aqui em Manaus e levei um susto. Os adversários disseram que Vanessa votou contra o salário mínimo. Mentira. Vocês sabem quem votou contra, sabem o partido de quem votou contra”, defendeu. “Isso tudo é uma conversa fiada e ninguém está sozinho nessa história. Quem está nessa (de inventar mentiras) é quem foi sempre contra a Zona Franca de Manaus e nosso time sempre foi a favor”.  

Dilma pediu voto para Vanessa destacando que a candidata à Prefeitura é sua parceira. “É minha parceira porque dividimos esse sentimento que só vale a pena ser presidenta da República, ser governadora e ser prefeita se for para transformar, melhorar e dar oportunidade a todos aqui.”

Para a presidenta, 50% da população é de mulheres e o restante são “os filhos dessas mulheres”. “Então temos todo mundo na mesma casa. E nosso país tem de crescer e mudar: as mulheres podem sim ser prefeitas, governadoras, presidentas e exercer todas as profissões que a gente quiser exercer. Vanessa neste momento representa um passo adiante e um passo certo. Este mito de que mulher não sabe mandar foi enterrado na eleição de 2010.”

A presidenta esclareceu que há dinheiro disponibilizado para creches desde o início de seu governo. “E por que que eles não pegam esse dinheiro aqui em Manaus? É porque não é o projeto deles, porque as crianças entre 0 e 3 anos formam sua capacidade de aprender no futuro, por isso se a gente quer atacar a questão pela raiz tem de dar creche de alta qualidade”, disse. “Por isso é tão importante a escolha de quem dirige a cidade. Nós não perseguimos ninguém, mas claro que meus parceiros vão ter muito mais condições de aproveitar o que oferecemos.”

“Muito obrigada por sua presença, presidenta. Sua presença aqui é muito importante não só para mim, mas para todos nós que estamos aqui”, disse Vanessa. “Muitas coisas que a gente é obrigada a falar nesta campanha me envergonham, como dizer que nossa cidade tem o maior rio do planeta e não tem água encanada para boa parte da população? E não tem por irresponsabilidade desta administração e é esta realidade que nós temos de mudar”, disse Vanessa, emocionada. “Aqui nós temos o exército do bem para fazer a virada mais bonita que este estado já viu.”

O tom dos discursos foi o mesmo da população. “Vamos virar esse jogo porque pesquisa não elege ninguém e sim nós, o povo, que vamos às urnas sabendo exatamente quem é que sempre lutou pela cidade e pela Zona Franca e quem destruiu nossa cidade nos últimos anos e estão todos juntos do outro lado”, disse o mototaxista Roberval Souza Júnior, de 37 anos. “Vanessa será nosso orgulho, como mulher, a primeira prefeita e a melhor prefeita que Manaus já teve”, disse a dona de casa Laura de Souza, de 51 anos.

Em sua fala, Sabino destacou que os cinco prefeitos que destruíram Manaus estão juntos do outro lado. “Não podemos mais sofrer quatro anos, porque por trás do Arthur está o Amazonino que destruiu Manaus; Vanessa vai resgatar esse atraso de nossa cidade.” Já o senador Eduardo Braga lembrou que Dilma estava em Manaus pela primeira vez por causa de Vanessa e será assim durante toda a sua administração na Prefeitura de Manaus. “O amazonense, presidenta, sabe ser grato e vai mostrar isso nas urnas. E sabe a diferença entre nós e eles, que sempre estiveram do outro lado. A senhora, presidenta, resgatou dívidas eternas, com a prorrogação da Zona Franca de Manaus e aqui estaremos continuando este projeto para o Amazonas e para Manaus”, disse o senador.

“Em campanhas passadas fui injuriado e o povo deu uma resposta a tudo isso nas ruas. E peço a ajuda especialmente às mulheres manauaras para esse apoio, porque deste lado há projeto de governo e do outro foram só ataques. Poucas vezes vi uma pessoa ser atacada e difamada assim. Eu conheço Vanessa há 30 anos, sei que você é uma boa mãe, uma pessoa ética e sempre defendeu nosso estado”, destacou o governador Omar. “Isso que ouvimos sobre Vanessa não é política, é baixaria e peço àqueles que têm fé em Deus que não permitam isto e deem uma resposta nas urnas.”
 
 

PSDB pede a Dilma respeito na campanha

Em nota divulgada nesta terça-feira (23), o PSDB cobrou respeito da presidente Dilma Rousseff "ao cargo exercido...

Em nota divulgada nesta terça-feira (23), o PSDB cobrou respeito da presidente Dilma Rousseff "ao cargo exercido e à sua obrigação de preservar a vontade democrática dos eleitores, nesta reta final das eleições municipais".

O texto, assinado pelo presidente em exercício e primeiro vice-presidente da Executiva Nacional da legenda tucana, Alberto Goldman, afirma ainda que "a promessa da presidente de limitar o envolvimento de seus ministros na disputa eleitoral deste ano não resistiu às pressões" do PT. Diz a nota que a atitude da presidente tinha por objetivo "reverter o fraco resultado que se desenhava antes do primeiro turno", a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Dilma não só liberou seus ministros, como ela própria sucumbiu aos pedidos de seu antecessor e mergulhou de cabeça na agenda eleitoral, na tentativa de ajudar aliados. Do primeiro turno para cá, a situação só se agravou. Não satisfeita em colocar cargos federais a serviço das campanhas petistas, como vimos acontecer em São Paulo, a presidente da República decidiu partir para o confronto com a oposição."

O texto cita os comícios que Dilma participou em Salvador, São Paulo, Campinas e Manaus. "Em todos esses eventos, mais do que pedir votos para os candidatos da base aliada, a presidente optou por atacar a oposição. Pior, em atentado à própria Constituição Federal, procurou transmitir a ideia de que apenas os eleitos de sua preferência teriam um tratamento do governo federal à altura das necessidades do povo."

O PT reagiu emitindo nota assinada pelo presidente do partido, Rui Falcão. Diz que a participação de Dilma nos comícios "obedeceu estritamente às normas vigentes, ocorrendo sempre fora do horário de trabalho e com as despesas sob a responsabilidade do PT".

 Fonte: O Estado de S. Paulo

Famílias de município baiano reforçam a renda com trabalho em cooperativa

Composta majoritariamente por mulheres, entidade comercializa polpas e doces

Produzindo polpas de frutas, cocadas e sequilhos, uma cooperativa de Ichu, na Bahia, composta majoritariamente por mulheres, descobriu uma forma de reforçar a renda de 180 famílias de agricultores - e, ainda, incrementar a merenda escolar das crianças da região. A Cooperativa de Produção, Comercialização e Serviços Padre Leopoldo Garcia Garcia (Cooperagil) já alcança a marca de 4 mil quilos de polpa produzidos por mês, e 100 quilos de sequilhos por semana. Grande parte dessa produção, além das cocadas, é comercializada para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), instrumentos de compras públicas do governo federal.

“Tem meses que dá pra cada uma tirar mais de um salário mínimo. A renda da cooperativa ajuda e muito”, conta Celidalva Soares de Oliveira, produtora rural e trabalhadora do centro de Barra. Ela relata que, quando a cooperativa começou, como iniciativa das mulheres da região, os homens não gostaram muito da ideia. “Logo que começamos, foi um terror para os maridos deixarem as mulheres trabalharem. Hoje tem muita casa sendo sustentada pelas mulheres. Havia casas que não tinham geladeira, banheiro, e hoje têm”, relata.  

Além da renda gerada, a agricultora aponta outra grande vantagem das vendas para escolas municipais: elas hoje sabem o que os filhos estão comendo no lanche do colégio. “Antigamente era tudo industrializado na merenda escolar. Hoje não, a gente sabe de onde está vindo”, observa. 

Cooperativa - A Cooperagil tem hoje aproximadamente 180 integrantes. Para atender à demanda, a entidade conta com um centro de produção em Nova Esperança e outro em Barra, a sete quilômetros de distância. As duas unidades são divididas com o Centro Comunitário São João de Deus. Em Barra, 18 mulheres trabalham pela manhã todos os dias da semana para produzir polpas de frutas e cocadas, que são vendidas às escolas da região, dentre as quais a escola municipal Colégio Santo Antônio, na própria comunidade, onde estudam cerca de 80 crianças.

A cooperativa, que está em processo para conseguir o selo da agricultura familiar, busca hoje meios de divulgar seus produtos para crescer ainda mais. Já participou, por exemplo, de duas edições da Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Programas adquirem cerca de 3 mil quilos por mês da produção 

Os dois programas, Pnae e PAA, absorvem cerca de 3 mil quilos da produção mensal da Cooperagil por mês. As polpas são produzidas a partir de frutas como goiaba, umbu, manga, cajá, maracujá, acerola e abacaxi. As cocadas disponibilizadas para a venda são de coco, maracujá e goiaba. A regularidade e o volume de vendas para os programas, assim como o preço pelas polpas, comercializadas a R$ 5 o quilo, permitem constância de renda auferida.

Criado em 2003, o PAA é uma ação do governo federal que visa garantir o acesso de populações em situação de insegurança alimentar a comida em quantidade e de forma regular. Já o Pnae estabelece que as escolas públicas com acesso a recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) comprem de agricultores familiares, ao menos, 30% da merenda escolar.

Justiça Federal de MG condena Genoino e Delúbio por falsidade

A Justiça Federal de Minas Gerais condenou nesta segunda-feira (16) parte dos réus envolvidos no esquema do mensalão em uma ação paralela da que é julgada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). 

De acordo com a decisão, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares foram condenados a quatro anos pelo crime de falsidade ideológica.

Ação penal refere-se a empréstimos fraudulentos do Banco BMG para o PT no período do mensalão --principal escândalo político do governo Lula. Ela foi remetida à Justiça mineira após o fim do mandato de Genoino como deputado. Como ele não se reelegeu em 2010, perdeu o foro privilegiado. 

Segundo a denúncia, o ex-deputado foi avalista de contratos dos em nome do PT, que ele presidia à época. 

O empresário Marcos Valério, apontado pelo Ministério Público Federal como operador do mensalão, foi condenado a quatro anos e seis meses. 

Dirigentes do BMG também foram condenados. Entre eles, Marcio Alaor e Flavio Pentagna, com pena de 5 anos e 6 meses de prisão. Ricardo Annes Guimarães, presidente do BMG, foi condenado a 7 anos de prisão. João Batista de Abreu a 6 anos e 3 meses. 

A juíza Camila Franco e Silva Velano pediu para que o ministro Joaquim Barbosa, relator da ação penal do mensalão no STF, seja comunicado da decisão. 

As defesas dos acusados não foram localizadas pela reportagem até a publicação da notícia. 

Ex-presidente do PT José Genoino participa em São Paulo de reunião do diretório nacional da sigla
Ex-presidente do PT José Genoino participa em São Paulo de reunião do diretório nacional da sigla
MENSALÃO
 
Na ação sobre o mensalão que está em julgamento no Supremo, Genoino e Delúbio já foram condemados por corrupção ativa. Os dois ainda respondem pelo crime de formação de quadrilha, mas os ministros da corte ainda não julgaram esse crime. 

As penas atribuídas aos dois réus devem ser definidas pelos ministros apenas ao fim do julgamento, ainda sem data para acabar.

Eduardo Campos cola no PSDB e se distancia do PT

O segundo turno das eleições municipais mal começou e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, reforça o papel de independência adotado em relação ao PT e ao Palácio do Planalto. Em pelo menos três capitais, o presidente do PSB adotou caminhos diversos do governo federal. Em Manaus, apoiará o candidato do PSDB, Artur Virgílio, contra a concorrente do PCdoB, Vanessa Grazziottin, que terá no palanque a presidente Dilma, além de Lula. Em João Pessoa e em Curitiba, os pessebistas não apoiarão nenhum candidato no segundo turno.

Eduardo deve se encontrar nesta semana com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) em Uberaba (MG). Ambos estarão no palanque de Antonio Lerin, candidato do PSB à prefeitura da cidade do Triângulo Mineiro contra o deputado Paulo Piau (PMDB). Mantendo a tática de insinuar-se como terceira via em 2014, sem romper o diálogo nem com o PT nem com o PSDB, Campos discutirá com Aécio possíveis dobradinhas em Vitória e em Porto Velho.

Para não atiçar ainda mais o ódio que nutre uma parcela do PT, enciumada com o crescimento do PSB no Nordeste, Eduardo alega que as escolhas das eleições no segundo turno devem ser tomadas com base nas questões locais. “O nosso candidato em Manaus, Serafim Correia (derrotado no primeiro turno), disse que não tinha como apoiar a Vanessa”, confirmou o vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral.

Sindicato diz que fim da greve na PF é um voto de confiança no governo

Categoria encerrou a paralisação na última segunda-feira (15) após 70 dias de braços cruzados

Foto: JC Imagem 
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Civis Federais do Departamento de Polícia Federal no Estado de São Paulo (Sindipolf/SP), Alexandre Santana Sally, disse nesta terça-feira (16) que o fim da greve na instituição significa que a categoria decidiu dar um “voto de confiança” ao governo. “Se a condição para reiniciar as negociações é o fim da greve, resolvemos acatar”, afirmou.

Depois de 70 dias de paralisação, servidores civis e policiais federais decidiram na última segunda-feira (15) voltar ao trabalho. A decisão foi tomada em virtude da possibilidade de reabertura das negociações por parte do governo federal, que condicionou novos entendimentos ao retorno das atividades dos grevistas. O ponto que deve passar por discussão é a reestruturação da carreira dos policiais de nível superior.

Segundo reconheceu o presidente do Sindipolf/SP, servidores civis da instituição e policiais federais não terão o aumento de 15% oferecido pelo governo para 2013. “Nós não aceitamos esse valor e como o governo não ofereceu mais nada, perdemos até mesmo esses 15%. Novos valores devem ser negociados, mas só para 2014”.

A reestruturação da carreira e a exigência do curso superior para todos os cargos estão previstas na Lei 9.266, sancionada em 15 de março de 1996. Entretanto, segundo o sindicato, até agora, os benefícios não foram implementados pela Polícia Federal (PF).

De acordo com informações da Superintendência da PF em São Paulo, não houve prejuízo ao atendimento em setores como de emissão de passaporte e de estrangeiros porque os funcionários que atendem nessas áreas são terceirizados. Foram afetadas as investigações, que devem voltar ao ritmo normal gradativamente, até que se recupere o atraso causado pelo acúmulo de atividades.

Na manhã de hoje, constatou que o movimento no prédio da PF era normal. O representante comercial Rafael Mendes Beloti foi tirar o passaporte e disse que o atendimento foi rápido. “Sabia que estava em greve, mas pelo que vi está tudo normal”. Rosangela Ferreira Lima, que é assistente comercial, também procurou o posto e falou que foi tudo tranquilo. “Meu horário era às 10h, mas cheguei antes e fui logo atendida”, explicou.

Brasil é recordista mundial de transplantes realizados em um sistema público de saúde, afirma Dilma

 
A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (16), na coluna semanal Conversa com a Presidenta, que o Brasil é recordista mundial de transplantes realizados em um sistema público de saúde. Ao responder pergunta da psiquiatra Jocelene Menezes, de Belo Horizonte (MG), sobre o aumento no número de transplantes no Brasil, a presidenta disse que em 2011 houve mais de 23 mil cirurgias, 95% delas realizadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Felizmente tem aumentado o número de doações de órgãos e de transplantes realizados no Brasil, graças à parceira do Ministério da Saúde com estados e municípios. No primeiro semestre de 2012, houve 12.287 transplantes, 12,7% a mais que os 10.905 do mesmo período de 2011. Os transplantes de pulmão cresceram 100%, e os de coração 29%. O número de doadores cresceu 22% no período, indo de 997, em 2011, para 1.217 no primeiro semestre de 2012”.
Dilma também disse que o governo federal está atuando para ampliar o acesso da população, especialmente a mais carente, à assistência jurídica para a solução de conflitos. Em resposta ao dentista Gerson Pereira, de Bom Repouso (MG), ela destacou que até 2015 as unidades da Defensoria Pública da União serão ampliadas das atuais 58 para 200 em todo o território nacional.
“Neste ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou uma linha de crédito de R$ 300 milhões para modernizar e fortalecer as Defensorias Públicas dos estados e do Distrito Federal. Nós acreditamos que um dos pilares da cidadania é a garantia do acesso aos direitos, para a qual é fundamental um sistema de justiça democrático, eficiente e transparente”, disse.
O produtor cultural Paulo Wiarley, de Ribeirão Preto (SP), perguntou à presidenta como é feita a classificação indicativa dos filmes que são exibidos nos cinemas brasileiros. Ela explicou que esse trabalho é feito por uma equipe multidisciplinar do Ministério da Justiça.
“A classificação indicativa considera a intensidade, a importância, o impacto e o contexto em que eventualmente se apresentam cenas de violência, de uso de drogas e de sexo e nudez. A obra é incluída em uma entre seis faixas de classificação existentes – Livre para exibição, ou Não Recomendada para menores de 10 anos, de 12 anos, de 14 anos, de 16 anos, ou de 18 anos. O Estado tem se mantido atento, mas cabe aos pais decidirem o que seus filhos podem ou não assistir. Não há censura ou proibição de veiculação de nenhum conteúdo”, esclareceu Dilma.

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