Crise da base aliada
tem reflexos na capital e prejudica negociações do PT com parceiros
A crise na base aliada que o governo federal enfrenta no Congresso
passou a respingar na campanha do pré-candidato petista Fernando Haddad à
Prefeitura de São Paulo. Depois do PDT e do PR, agora o PCdoB, o mais
tradicional aliado do PT nas disputas paulistanas, ameaça fechar uma
aliança com o PMDB, do deputado Gabriel Chalita.
Líderes do PCdoB foram procurados há cerca de 10 dias pelo
vice-presidente Michel Temer, principal articulador da pré-candidatura
de Chalita, para conversar sobre a sucessão. Temer se encontrou
recentemente com o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, e com o
ex-ministro do Esporte Orlando Silva.
“Até duas semanas atrás era um namorico, agora está virando namoro
sério”, diz um comunista, elevando a pressão sobre o PT, num momento em
que a costura das alianças em favor de Haddad patina com a ausência do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva das articulações - o petista
postergou a volta ao cenário político após diagnóstico de pneumonia
semana passada.
Assim como os demais partidos da base aliada de Dilma Rousseff, o PCdoB reclama do tratamento dado pelo PT. Afirma não conseguir emplacar
indicados em cargos na Esplanada e diz não ver contrapartida na relação
com a sigla aliada, já que lançará candidatos em 10 capitais, mas não
tem garantia de que terá o apoio do PT em nenhuma delas. Além disso, a
sigla ainda guarda a mágoa da demissão de Orlando Silva do ministério
por suspeitas de fraudes e desvios de recursos a ONGs conveniadas à
pasta.
O flerte do PCdoB com o PMDB agrava a situação na campanha de
Haddad, que assiste a uma rebelião dos potenciais aliados que podem
garantir ao petista tempo de TV na propaganda eleitoral gratuita.
Oficialmente, o PCdoB mantém a pré-candidatura do vereador Netinho de
Paula à Prefeitura paulistana.
Cotado para indicar o vice do petista, o PR se recusa a fechar o
apoio até que o governo troque o titular do Ministério dos Transportes. O
PDT também quer emplacar novo nome na pasta do Trabalho e, assim como o
PSB, ameaça ir para a órbita do PSDB.
Sinais. Enquanto os comunistas veem falta de “jogo
de cintura” do PT em negociações eleitorais pelo País, Temer deu sinais
de que o PMDB pode apoiar a candidatura do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) em Fortaleza e, mais importante para o PCdoB, desistir de se
aliar à reeleição de José Fortunati (PDT) em Porto Alegre. Lançaria
Ibsen Pinheiro como candidato, beneficiando, assim, a candidatura da
deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS).
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