Os senadores do PR, que até o ano passado faziam parte da base de
apoio ao governo da presidenta Dilma Rousseff no Congresso, decidiram
hoje (14) passar para a oposição. Após reunião da bancada, o líder do
partido, senador Blairo Maggi (PR-MT), anunciou que o governo não deve
“contar com o PR como antes” e que os senadores “cansaram”.
O estopim para que o partido fosse para a oposição foi o fim das
negociações com o governo sobre o comando do Ministério dos Transportes.
Maggi disse que essa era a única pasta que interessava ao partido e que
o governo “fechou as portas” quando decidiu que não entregaria o
ministério novamente ao PR. Após uma reunião com a ministra de Relações
Institucionais, Ideli Salvatti, esta tarde, o líder disse que as
negociações foram encerradas e o PR decidiu dar o primeiro passo para o
rompimento.
“Eu já disse a ela, nós comunicamos os líderes, que nós estamos
neste momento na oposição. Não significa a oposição raivosa, sem
responsabilidade. Tudo aquilo que for do interesse do país, que não seja
só partidário, nós estamos aqui para apoiar”, declarou.
Segundo Maggi, a decisão é por enquanto atinge apenas a bancada no
Senado. Segundo ele, os deputados do partido ainda irão definir se
acompanharão os senadores e o assunto ainda será definido com o
presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (PR-AM).
O PR já havia decidido deixar a base de apoio ao governo no ano
passado, quando Nascimento deixou o cargo de ministro dos Transportes
após denúncias de corrupção e favorecimento a aliados na pasta. Na
época, o partido considerou que não recebeu apoio suficiente da
presidenta Dilma Rousseff e não aceitou a escolha de Paulo Passos para
ministro como sendo uma indicação do partido.
Desde então, o PR negociava o retorno ao governo e ao ministério.
Segundo Maggi, as negociações não avançaram em torno de um nome depois
que ele próprio não aceitou assumir a pasta por se considerar impedido
pelos seus negócios. O governo também não chegou a oferecer outro
ministério para o partido, de acordo com Maggi. Diante disso, os
senadores entenderam que a presidenta Dilma não quer mais o PR fazendo
parte de seu governo.
A decisão vem em um momento delicado para a articulação política do
Palácio do Planalto. A presidenta trocou seus líderes na Câmara e no
Senado e o novo líder, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), tem ainda a
tarefa de unir seu próprio partido em apoio ao governo. Braga esteve
reunido com Maggi e Nascimento momentos antes do anúncio feito por Maggi
sobre a bancada do PR no senado deixar de integrar a base aliada.
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