Partido tenta
justificar diferenças entre leilões de aeroportos e venda de
estatais
André Lessa/AE - 08.12.2011
Presidente do PT comanda encontro que rebateu FHC
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Na véspera de completar 32 anos, o PT voltou a defender o controle da
mídia, pregando a democratização dos meios de comunicação, e decidiu
partir para o confronto com o PSDB. Incomodada com as declarações do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para quem os leilões dos
aeroportos "desmistificam o demônio privatista", a cúpula do PT retomou o
tema privatizações e radicalizou o discurso.
Uma versão preliminar de resolução política apresentada ontem ao
Diretório Nacional do PT diz que "não é verdade que acabou a disputa
ideológica sobre as privatizações, como afirmou uma apressada voz
tucana". Mesmo sem citar Fernando Henrique, a referência ao
ex-presidente não podia ser mais clara.
"Nós não confundimos concessão com privataria tucana",
afirmou o presidente do PT, Rui Falcão. "Não vejo porque toda essa
celeuma, já que o sistema de concessão dos aeroportos de Guarulhos,
Campinas e Brasília nada tem a ver com o modelo privatista dos tucanos,
que entregou patrimônio público a preços duvidosos."
E, depois de defender o marco regulatório para os meios de
comunicação em seu 4.º Congresso, no ano passado, o PT voltou a bater na
mesma tecla ontem. "Outra campanha importante que o PT lançou e na qual
avançará em 2012 é a campanha pela democratização dos meios de
comunicação de massa, que aperfeiçoa nosso processo democrático ao dar
voz a todos os setores da sociedade", afirma o item 15 do documento
preliminar.
‘Bacia das almas’. Para tentar neutralizar o
discurso tucano de que o PT também adotou a privatização, o partido vai
organizar a militância para ressaltar supostas diferenças. "Antes, as
empresas públicas, às dezenas, como a Vale do Rio Doce, a Companhia
Siderúrgica Nacional, a Embraer, as telefônicas, as empresas de energia
elétrica, de transporte ferroviário, os bancos, eram vendidas dentro da
concepção de Estado mínimo, e os recursos obtidos usados para pagamento
de dívidas", diz trecho do documento. "Antes, as empresas eram torradas
na bacia das almas a preços de compadre. Agora, os ganhos para o poder
público são enormes e aplicados no desenvolvimento do País."
Na prática, o PT usa um jogo de palavras para justificar a mudança de
discurso ao longo de sua trajetória. A versão preliminar do texto, que
recebeu 15 emendas e ainda passará pelo crivo de uma comissão executiva,
diz haver muita diferença entre as concessões dos aeroportos no governo
Dilma Rousseff e a venda de estatais na gestão Fernando Henrique (1999 a
2002).
Em vídeo divulgado pela internet, na quarta-feira, Fernando
Henrique disse que as privatizações não devem ser encaradas como
"questão ideológica". Foi aí que citou a desmitificação do "demônio
privatista".
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