Ministério Público
abriu inquéritos em vários estados para apurar suspeitas no
principal projeto do Ministério da Integração; Pernambuco tem mais
casos
Obras do São Francisco entre os município de Betânia e Custódia, em Pernambuco (Wilson Pedrosa/AE) |
A obra de transposição do Rio São Francisco, principal projeto do
Ministério da Integração Nacional, é alvo de pelo menos dez
investigações do Ministério Público Federal (MPF). A maior parte dos
inquéritos concentra-se em Pernambuco, estado do ministro Fernando
Bezerra Coelho. Três investigações foram abertas na gestão do ministro.
De acordo com reportagem publicada na edição desta quinta-feira do jornal O Estado de S. Paulo,
a Procuradoria da República em Pernambuco apura indícios de
superfaturamento e de descontrole no pagamento de aditivos na gestão de
Bezerra.
Um contrato que será retomado na primeira quinzena de fevereiro teve
reajuste de 14,6% do valor inicial, que passou de de R$ 235,5 milhões
para R$ 269,9 milhões. Um outro contrato teve aumento de 21% (de R$
250,9 milhões para R$ 303,6 milhões). Outro fato que está sendo apurado é
que as medições dos serviços executados estavam sendo feitas pelas
empresas construtoras e não pelas supervisoras.
Os problemas foram apontados em auditoria do Tribunal de Contas da
União (TCU) remetida ao MPF. A procuradoria também pediu informações
sobre uma denúncia do Sindicato Nacional da Indústria da Construção
Pesada (Sinicon) que aponta omissão da comissão de licitação do
ministério em uma concorrência.
A investigação está em fase de instrução e a procuradoria aguarda a
manifestação final da Corte de Contas para tomar as providências
judiciais, caso as irregularidades sejam confirmadas.
Crise - Os processos sobre a transposição do São
Francisco estão nas mãos da ministra Ana Arraes, mãe do governador de
Pernambuco, Eduardo Campos. O governador é presidente do PSB, partido do
ministro da Integração. Bezerra está no centro de uma crise política,
acusado de beneficiar Pernambuco com quase todas as verbas antienchente
do Ministério da Integração. Também pesam contra ele denúncias de
nepotismo e favorecimento de seu filho, Fernando Coelho Filho (PSB-PE),
na liberação de emendas parlamentares.
Há investigações em outros Estados, como Ceará e Minas Gerais. As
primeiras ações sobre a transposição foram propostas em 2005. Os
inquéritos apuram desde fraudes em licitações até a remoção de índios de
locais por onde passam as obras. Segundo o procurador da República de
Pernambuco, Rodrigo Gomes Teixeira, autor de dois inquéritos, os
processos estão em fase de instrução.
Recomendações - Segundo o Ministério da Integração
Nacional, o ministro determinou a implementação de todas as
recomendações dos órgãos de controle - TCU e CGU. As medidas
administrativas e jurídicas decorrentes do acórdão do TCU 2628/2011, que
trata da auditoria analisada pelo Ministério Público em Pernambuco,
estão sendo adotadas tanto no âmbito da fiscalização da obra quanto nos
processos relativos aos lotes de obras auditados. O ministério afirma
que os aditivos não ultrapassaram o limite de 25%, como previsto em lei.
A pasta afirma ainda que as obras da transposição conciliam o
desenvolvimento econômico com o sustentável e o projeto ambiental
elaborado pelo ministério também trata do desenvolvimento das
comunidades indígenas.
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