Foi adiada para a manhã desta quinta-feira (26) a reunião entre o
ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, e o
diretor-geral do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs),
Elias Fernandes Neto, suspeito de privilegiar o estado de origem, o Rio
Grande do Norte, na distribuição dos recursos federais.
O Dnocs havia informado que a reunião ocorreria às 16h desta quarta,
mas, segundo a assessoria do Ministério da Integração, foi adiada para a
manhã de quinta por conta de alguns atrasos na agenda do ministro. O
encontro foi remarcado para as 9h desta quinta. Conforme a assessoria de
imprensa do Dnocs, trata-se de uma reunião de rotina.
Na terça, o ministro Fernando Bezerra afirmou que vai fazer mudanças no comando do orgão federal, com sede no Ceará.
“A nossa intenção é promover a renovação dos quadros diretivos das
empresas vinculadas ao Ministerio da Integração. E essa renovação deve
se dar até o inicio de fevereiro”, disse Bezerra.
Na edição de terça (24), uma reportagem do jornal “O Globo” informou
sobre uma auditoria feita pela Controladoria Geral da União (CGU) nas
contas do Dnocs no ano passado. Segundo o relatório, os prejuízos chegam
a R$ 312 milhões. Na lista de problemas, estão licitações dirigidas,
editais com empresas que desempenham atividades incompatíveis com o
serviços prestados e pagamentos indevidos a funcionários.
A CGU também aponta concentração de convênios para ações contra
desastres naturais no Rio Grande do Norte, que, de 47 projetos, recebeu
37.
O Rio Grande do Norte é o estado de Elias Fernandes e do padrinho
político dele, o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo
Alves.
O deputado negou favorecimento. Ele disse que não quer "prejulgamentos"
e pede apenas o "direito ao contraditório". "A CGU é um órgão
fiscalizador importante, mas não é dono da verdade. É preciso ouvir os
outros órgãos", declarou.
O diretor-geral do Dnocs também negou irregularidades. “Até hoje não
fui condenado, não existe desvio de recursos, não existe improbidade
administrativa, não existe inquérito contra quem quer que seja”, afirmou
Fernandes.
O relatório da CGU ficou pronto no fim do ano passado. Depois de
receber o documento, o ministro da Integração Nacional, Fernando
Bezerra, pediu à própria CGU a indicação de um nome para substituir o
diretor-administrativo financeiro, Albert Gradvol, demitido nesta segunda (23). A Controladoria indicou Vitor de Souza Leão, um nome técnico.
A demissão do diretor financeiro foi um primeiro passo para evitar a
saída do diretor-geral Elias Fernandes. Nesta terça, o lider do PMDB,
deputado Henrique Alves, apresentou explicações ao vice-presidente e
colega de partido Michel Temer. Mas dentro do Palácio do Planalto já há
uma negociação com o PMDB para trocar o diretor-geral do Dnocs, um cargo
do partido. O PPS pediu ao Ministério Público Federal que investigue as
denúncias no Dnocs.
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