Empresa culpa comandante por naufrágio de navio na Itália

Barco da guarda costeira patrulha a área próximo ao Costa Concordia após o naufrágio na costa da Toscana Filippo Monteforte / AFP
A empresa Costa Cruzeiros, proprietária do navio Costa Concordia, afirmou neste domingo que o comandante da embarcação cometeu um erro grave por passar muito perto da costa e por não ter seguido os procedimentos de emergência indicados. "A rota seguida pelo navio estava muito perto da costa e parece que suas decisões sobre a gestão da emergência não seguiu os procedimentos da Costa Cruzeiros, que estão de acordo e, em alguns casos, vão além das normas internacionais", disse a empresa, que também ressaltou que a caixa-preta da embarcação, com informações técnicas e de navegação, estão nas mãos das autoridades locais para averiguação. A Costa Cruzeiros convocou para segunda-feira uma entrevista coletiva com o Presidente e CEO da empresa, Pier Luigi Foschi, para maiores esclarecimentos. 

As equipes de resgate das vítimas do naufrágio, ocorrido na costa da Toscana na noite de sexta-feira, encontraram mais dois corpos, elevando para cinco o número de mortos no acidente. Com isso, os desaparecidos somam 15. Mais cedo, um casal de sul-coreanos e um membro da tripulação haviam sido resgatados com vida.

Enquanto as buscas pelos desaparecidos continuam, aumentam as especulações sobre o motivo pelo qual a embarcação se aproximou tanto da costa e as queixas pela demora em retirar os passageiros. Pela rota estabelecida, o Costa Concordia deveria ter passado a nove quilômetros da ilha de Giglio, mas estava a um quilômetro quando encalhou. Segundo o promotor Francesco Verudio, após a prisão do capitão, a investigação pode ser ampliada.

- Estamos investigando a possível responsabilidade de outras pessoas pela manobra perigosa. Os sistemas de mando não funcionaram como deveriam - disse.

- Trata-se de um enorme erro humano. As investigações vão esclarecer os acontecimentos, mas me parece óbvio que foi um erro humano - disse o almirante Giampaolo do Paola, ministro italiano de Defesa, em programa de televisão.

O capitão do barco, Francesco Schettino, e seu assistente Ciro Ambrosio permanecem detidos. Eles foram presos no sábado acusados de homicídio culposo múltiplo e de terem abandonado a embarcação quando muitos passageiros ainda se encontravam a bordo.

O Costa Concordia transportava mais de 4 mil pessoas, a maioria de italianos, franceses e alemães. O Itamaraty confirmou que 53 brasileiros estavam a bordo. Todos foram resgatados e passam bem.

A Costa Cruzeiros, operadora do Costa Concordia, disse que o navio seguia sua rota habitual quando se deparou com uma rocha submersa. Em entrevista à TV, o capitão Schettino disse que essa rocha não aparecia nas cartas marítimas da região.

O presidente da operadora, Gianni Onorato, por sua vez, afirmou que o capitão não realizou nenhuma manobra com o objetivo de proteger os hóspedes e a tripulação, o que ficou ainda mais complicado com a inclinação do navio.

A embarcação encontra-se meio submersa após ter batido em um chão de pedras e aberto um buraco de 70 metros no casco.

Casal sul-coreano e chefe de cabine resgatados

Os dois corpos resgatados na tarde de domingo eram de dois idosos que, usando coletes salva-vidas, ficaram presos na parte submersa do navio. Mais cedo, um casal de sul-coreanos em lua de mel foi resgatado com vida, assim como um mebro da tripulação. Os jovens Hye Jim Jeong e Kideok Han, ambos de 29 anos, passaram 24 horas no camarote de número 303 no oitavo andar do navio, que havia zarpado para um cruzeiro no Mediterrâneo. Ambos impressionaram pelo bom estado físico. O terceiro sobrevivente era o chefe de cabine Marrico Giampetroni. Com a perna quebrada, ele foi retirado de helicóptero.

Depois de uma operação noturna na sexta-feira e sábado, com helicópteros, barcos e botes salva-vidas, muitos passageiros abandonaram a região e foram levados ao aeroporto de Roma para que pudessem retornar às suas casas.

Em 2008, esse mesmo navio se envolveu em um acidente ao bater no muro de um porto quando atracava.

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