Caso Celso Daniel completa dez anos

Apenas um suspeito foi julgado e condenado pela morte do ex-prefeito de Santo André. Denúncias de corrupção podem prescrever

Ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel foi assassinado em 2002, José Luis da Conceição/ AE
O caso Celso Daniel completa dez anos nesta quarta-feira. No dia 18 de janeiro de 2002, o então prefeito de Santo André foi sequestrado e morto dois dias depois em uma estrada de terra na cidade de Juquitiba, na Grande São Paulo. Seu corpo foi atingido por oito tiros.

Desde então, o caso se estende por entre os corredores das instituições judiciárias sem que os autores do crime tenham sido julgados e condenados. Dos oito acusados pelo crime, apenas um foi a júri. Em novembro de 2010, Marcos Roberto Bispo dos Santos foi condenado a 18 anos de prisão em regime fechado.


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O principal acusado de ser o autor do crime, Sergio Gomes da Silva, conhecido como “Sombra”, responde ao processo em liberdade. Ele jantou com Celso Daniel em um restaurante momentos antes do sequestro.

Outros dois suspeitos chegaram a ser presos, mas foram libertados sete anos mais tarde após liminar concedida pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio Mello.

O próprio ministro reconhece a excessiva morosidade da Justiça em analisar o caso. Ano passado, ele afirmou que a demora do Judiciário em julgar os acusados é “emblemática”.

Ameaças e mortes suspeitas
Durante o início das investigações sobre a morte de Celso Daniel, uma série de outros crimes, supostamente ligados ao primeiro, ocorreram em sequência. Várias pessoas ligadas, de uma forma ou de outra, ao caso foram assassinados. Até mesmo o garçom que atendeu Celso Daniel e Sérgio Gomes foi morto.

De quebra, os familiares do ex-prefeito foram ameaçados de morte. Um dos irmãos, Bruno Daniel, viveu por seis anos como refugiado político na França por causa das ameaças. No final do ano passado, retornou com a família. Outro irmão, João Francisco Daniel, vive na Bahia.

Suspeitas de corrupção

Celso Daniel foi assassinado em um momento de auge de sua carreira política. Chefiando a prefeitura de Santo André pela terceira vez, ele fora escolhido para coordenar a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2002, que seria ganha pelo petista.

O prestígio que Celso Daniel acumulara no PT à época resistiu à sua morte. Hoje, ao menos dois dos seus ex-secretários estão em Brasília, assumindo funções-chave no governo da presidente Dilma Rousseff: Gilberto Carvalho, atualmente secretário-geral da Presidência, e Miriam Belchior, sua ex-esposa e atual ministra do Planejamento.

A imagem positiva, porém, esbarrou nas graves denúncias de corrupção na prefeitura de Santo André. Embora a Polícia Civil tenha afirmado que se tratava de um crime comum, as investigações do Ministério Público sugerem que a morte tinha ligação direta com os supostos esquemas de desvio de recursos públicos na administração municipal, que financiariam campanhas do PT em 2002.

No entanto, os supostos crimes podem prescrever, por causa da lentidão na tramitação dos processos.

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