Banco Central libera R$ 3 bilhões para o agronegócio sobreviver à seca

Produtor verifica o tamanho do estrago: no Sul, estiagem já levou à
perda de 3 milhões de toneladas de soja
Preocupado com a quebra da safra de grãos no país e também com a expansão cada vez mais moderada do crédito, o governo adotou a primeira medida macroprudencial do ano: mexeu nos depósitos compulsórios para aumentar o volume de recursos disponíveis aos agricultores. A partir de agora, os bancos poderão diminuir em 5% o total que têm que entregar, obrigatoriamente, ao Banco Central. Assim, ficarão com mais dinheiro em caixa para operar linhas de financiamento destinadas ao agronegócio. Com a medida, a oferta de crédito à produção engordará R$ 3 bilhões e o BC contará com uma arma contra a inflação em 2012.

Para especialistas, esse é um sinal claro de que a política econômica vai continuar a atuar tanto com medidas tradicionais para fomentar a economia, a exemplo dos cortes na taxa básica de juros (Selic), quanto com medidas macroprudenciais. Na visão de Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora, devem surgir mais ações de incentivo ao crédito e à economia, porém focadas em áreas específicas. “A presidente Dilma Rousseff quer evitar a contração de alguns setores, como o agrícola, que foi penalizado em 2011”, observou.

Fernando Montero, economista-chefe da Convenção Corretora, diz que a medida anunciada ontem pelo BC tem relação direta com os problemas de safra, sobretudo em regiões atingidas por fortes estiagens. “São R$ 3 bilhões de crédito. A minha impressão é que serão direcionados para quem teve problema de safra no Sul e na safrinha de milho”, disse. Segundo a Consultoria AgRural, os prejuízos na região citada por Montero são elevados. As perdas já atingiram cerca de 3 milhões de toneladas de soja desde os primeiros dias deste ano.

Daqui em diante, cada dia sem chuva tende a reduzir ainda mais o rendimento das lavouras gaúchas. Precipitações regulares nas próximas semanas, em contrapartida, favorecerão as plantações, que ainda estão em desenvolvimento vegetativo e que representam cerca de metade da área de soja do estado”, avaliou a AgRural. Até agora, o Paraná sofreu as maiores perdas. Enquanto no ano passado o estado colheu 56 sacas por hectare, para 2012 a expectativa é de que esse volume caia para 46 sacas. “As perdas só não são maiores porque a soja de outras regiões paranaenses vai bem”, observou a consultoria.

Empresários confiantes
 
O otimismo dos empresários, medido pelo Índice de Confiança do Empresário Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), atingiu 57,3 pontos em janeiro, com crescimento de 2,5 pontos em relação ao mês de dezembro. Foi a maior alta em dois anos, embora o número tenha ficado 4,7 pontos abaixo do registrado em janeiro de 2011 e inferior à média histórica, de 59,3 pontos.

Mais cheques sem fundos
 
O país fechou o ano de 2011 com o maior nível de cheques devolvidos dos últimos dois anos. De acordo com dados da empresa de avaliação de crédito Serasa Experian, o Brasil registrou um acréscimo de 1,95% em número de devoluções na comparação com o ano anterior. O índice só ficou abaixo do apurado em 2009, quando os cheques devolvidos corresponderam a 2,15% do total dos compensados. Na avaliação da Serasa, essa perspectiva de alta deve seguir até março, em razão dos mesmos problemas que levaram ao aumento da inadimplência dos consumidores no ano passado. “A redução do poder aquisitivo devido à inflação, o número elevado de endividamentos e os juros altos, sem dúvida nenhuma, permanecem impulsionando o indicador para cima”, observou Carlos Henrique de Almeida, economista da instituição.

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