Motivo
foi a discordância pelo requerimento de urgência da DRU.
Sarney
exigiu que Demóstenes pedisse desculpas em plenário.
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) e o líder da banada do
DEM, senador Demóstenes Torres (GO), protagonizaram uma forte discussão
na tarde desta terça-feira (6) no plenário da Casa.
O motivo da discussão foi a votação do requerimento apresentado pelo
governo que pedia a inversão da pauta, para que a proposta que prorroga
até 2015 a Desvinculação de Receitas da União (DRU) fosse discutida
antes da votação do projeto do novo Código Florestal.
A discussão começou quando Demóstenes discordou da votação do
requerimento, afirmando que não havia acordo para a apreciação. O
senador do DEM afirmou que não havia "compromisso" por parte do governo,
nem do presidente da Casa.
"Senhor presidente, mais uma vez fica evidente a falta de compromisso
do governo e de Vossa Excelência também, me permita. Não há qualquer
possibilidade de se fazer entendimento com o governo e com a Mesa desta
Casa, porque sistematicamente [...] Hoje a presidente disse: '“Nós vamos
tratorar'”. E é o que está acontecendo, está tratorando. V. Excelência
está rasgando o regimento, rasgando a sua palavra", gritou Demóstenes.
Sarney rebateu, e afirmou que estava "cumprindo" o regimento ao colocar
o requerimento em votação. "A Mesa está cumprindo inclusive aquilo que
nós concordamos no gabinete", disse Sarney.
No meio da discussão, o senador do DEM apontou o dedo para Sarney e
disse que ele estaria burlando o regimento e quebrando o acordo.
"Não use da minha concordância para determinado procedimento para vossa
excelência e o governo, de maneira torpe, burlar o que nós fizemos,
torpe! Não queira me utilizar nesse tipo de... não fiz esse acordo. O
acordo era para votar o Código Florestal!"
"Pois é o Código Florestal que estamos votando!", interrompeu Sarney.
"Não senhor! E vossa excelência iniciou a votação e disse que hoje era o
primeiro item da pauta. Honre então, que vossa excelência descumpriu o
acordo!", rebateu Demóstenes.
Irritado, Sarney exigiu que a palavra "torpe" não constasse nas notas
taquigráficas da Casa. "Eu mando cancelar a palavra '“torpe'” da
taquigrafia", disse Sarney. Demóstenes retrucou: "Não precisa, não. Pode
constar!".
Sarney reforçou a retirada da palvra que, mais tarde, não constou nas
notas do Senado. "Está mandado cancelar, e ao presidente compete
policiar os trabalhos do plenário!".
Ao deixar a Mesa, Sarney exigiu que Demóstenes pedisse desculpas pela
discussão. Passados alguns minutos, o senador do DEM voltou ao microfone
para pedir desculpas ao presidente da Casa.
"Ainda há pouco, em uma discussão acalorada com a Mesa, presidida pelo
senador José Sarney, eu usei a expressão '“torpe'”, e o senador José
Sarney ficou ofendido com a expressão. Então, estou pedindo a Vossa
Excelência que a retire, que mande riscar essa expressão.O que acontece é
que eu tenho um tipo de temperamento em que a minha discussão é dura,
mas é extremamente leal. Essa lealdade não quer, de maneira alguma,
fazer com que qualquer espécie de discussão transponha para o lado
pessoal", disse o senador.
Demóstenes ainda reforçou que não tem nada contra o senador Sarney.
"Não tenho, pessoalmente, nada contra o senador José Sarney. Muito pelo
contrário, ele me trata sempre com muita lhaneza, com muita deferência
[...] de forma que, em relação à ofensa, peço desculpas ao senador José
Sarney. Peço que se retire a palavra '“torpe'” e mantenho, naturalmente,
todos os outros termos institucionais, entendendo que, mais uma vez, a
Mesa errou ao não cumprir o acordo que nós fizemos".
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