Ministro é o mais novo alvo da oposição e dos próprios aliados no governo

Sai Orlando Silva, do Esporte, entra Carlos Lupi, do Trabalho. Alvo de denúncias de irregularidades desde o início do ano por conta de reportagens do Correio sobre repasses suspeitos do ministério a organizações não governamentais, o pedetista agora ingressa no furacão que já fez ruir cinco ministros do governo Dilma Rousseff. A mais nova denúncia foi publicada pela revista Veja e resultou na demissão de um assessor direto do ministro. Ontem, o líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira, foi enfático ao defender o afastamento do ministro e a partir de agora vai redobrar os esforços para tentar aprovar três pedidos de convocação de Lupi que dormem nas gavetas de comissões técnicas da Casa.

“As denúncias que a imprensa trouxe são gravíssimas. Tanto que o Lupi determinou ontem o afastamento de um assessor especial, que estaria envolvido e que é uma pessoa diretamente ligada a ele. Diante de tudo isso, o ministro precisa se afastar para garantir isenção durante as investigações. A presença dele, dada a relação direta com as denúncias de fraudes, só compromete e dificulta as investigações”, afirmou o líder tucano.

Lupi: afastamento de assessor do ministro levou ministro ao centro das atenções e das denúncias
Enquanto a oposição acerta sua mira sobre Lupi, no Palácio do Planalto a aposta é a de que ele não resiste no cargo por muito mais tempo. É que há uma avaliação de que ele não representa mais o PDT nem tampouco é o interlocutor do governo com as centrais sindicais, cada vez mais distantes do governo Dilma. Além disso, ressurgem denúncias de contratos suspeitos no Ministério do Trabalho. A última, entretanto, foi a de que o assessor direto de Lupi e coordenador-geral de Qualificação, Anderson Alexandre dos Santos, seria o operador de um esquema de cobrança de propina na pasta. Anderson foi afastado do cargo no último sábado, quando a reportagem de Veja chegou às bancas. “Eu não compactuo com corrupção. Vamos investigar tudo”, disse Lupi, numa linha muito semelhante à adotada por todos os demais ministros que terminaram afastados ou se afastando do cargo.

No início deste ano, o Correio mostrou, por exemplo, seis entidades que haviam recebido R$ 27,9 milhões do Ministério do Trabalho, de um total de R$ 41,8 milhões em convênios. A recordista era a Fundação Pró-Cerrado, sediada em Goiânia, com contratos de quase R$ 14 milhões. Estavam na lista a Associação para Organização e Administração de Eventos, Educação e Capacitação, sediada em Aracaju; o Instituto Mineiro de Desenvolvimento, de Belo Horizonte; o Instituto de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação (IPDE), de Brasília; o Instituto de Qualidade de Vida, do Rio de Janeiro; e a Associação de Defesa do Meio Ambiente de Reimer, de Curitiba.

À espera de explicações

O ministro da Educação, Fernando Haddad, é outro que o PSDB pretende colocar sob os holofotes esta semana. A ideia dos tucanos é convocar o ministro ao Congresso para falar sobre falhas no Enem e a respeito de empresas em nome de laranjas que têm contratos com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, o Inep. Haddad, garante que dará explicações. Dentro do PT, há quem acredite que os ataques a Haddad em relação ao vazamento do Enem têm como meta enfraquecê-lo para a disputa da prefeitura de São Paulo no ano que vem. Ontem, o ministro, que tem o apoio e a torcida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, obteve mais uma vitória política na corrida eleitoral. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) anunciou que está fora da disputa e irá apoiar o candidato de Lula, seguindo o mesmo caminho da ex-mulher, a senadora Marta Suplicy.

Agora, a expectativa geral dos petistas é a de que não haja prévia para a escolha do candidato petista à prefeitura paulistana. Além de Haddad, restam dois outros candidatos — Jilmar Tatto e Carlos Zaratini —, que já são tratados pela direção partidária como derrotados.

Nos próximos dias, preveem os petistas, vai aumentar a pressão para que eles desistam de concorrer e evitem uma disputa interna, o que transforma Haddad em candidato único, pronto para deixar o governo no ano que vem e se dedicar integralmente aos estudos dos problemas da capital paulista. Até lá, entretanto, a oposição fará o que puder para desgastá-lo. Hoje, muitos veem Haddad como incógnita eleitoral. E a oposição espera que essa incógnita seja em viés de queda.

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