PMDB e PSB e os estilos Jarbas e Eduardo

Por Terezinha Nunes

As alianças políticas vão e vêm, ao sabor das conveniências dos partidos e dos seus líderes. Se servem, porém, para eleger prefeitos, governadores e presidentes das legendas hegemônicas na ocasião em que são formadas, nem sempre se tornam, com o correr do tempo, adequadas para o partido principal, aquele que as protagonizou.

Foi assim em Pernambuco quando a União por Pernambuco foi formada em torno do PMDB e do seu líder, o senador Jarbas Vasconcelos. Para garantir a unidade do bloco, Jarbas, extremamente cuidadoso e, por vezes, muito tolerante, permitiu que os partidos coligados, em especial o DEM e o PSDB, crescessem mais do que o PMDB.

O resultado se viu depois. O PMDB, ao invés de crescer, ficou menor e, hoje, apesar da cadeira no Senado, só tem um deputado federal, Raul Henry, e um estadual, Gustavo Negromonte.

A lição parece ter sido aprendida pelo governador Eduardo Campos que, além de um poder bem maior do que o de Jarbas, tem um estilo totalmente diferente e costuma enfrentar os adversários com a força de um trator.

O PSB, que quase se extinguiu quando perdeu a eleição para Jarbas, chegou à eleição de 2006 tão pequeno que, no início da disputa pelo primeiro turno, o então candidato a governador, Eduardo Campos, mal tinha quem o recebesse no interior e não conseguia reunir multidões nem mesmo em Caruaru, onde foi buscar seu candidato a vice, João Lyra Neto.

O PT, embalado pela liderança de Lula, fazia seu candidato, Humberto Costa, crescer a olhos vistos. Quando, por exemplo, houve a denúncia sobre os Vampiros, Humberto já ameaçava o líder das pesquisas, o então governador Mendonça Filho.

Quando Eduardo chegou ao segundo turno, em cima do desgaste de Humberto, a força de Lula se transferiu para ele e acabou eleito governador. O resto da história todos conhecem.

Agora, depois de encerrado seu primeiro mandato e sonhando em fazer o sucessor, Eduardo não parece disposto a ceder o lugar para um partido aliado, como fez Jarbas, e, nos últimos dias, os acontecimentos que enchem as páginas dos jornais demonstram que o PSB não se contenta apenas em exercer o poder por oito anos. Quer mais.

O governador cuidou de também montar uma válvula de escape para não parecer que seu partido estava subtraindo quadros demais da base aliada ou da oposição. Para isso cuidou de ajudar o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a montar o PSD, hoje uma linha auxiliar do PSB no estado.

O bloco que se formou na Câmara Municipal entre o PSB e o PSD, montado em plena luz do dia pelo líder do Governo na Assembléia, o deputado Waldemar Borges, já maior do que a bancada do PT, deixa o partido dos trabalhadores a depender do Palácio até nas votações mais simples dos projetos enviados pelo prefeito.

Em 2014 pode até ser que o governador seja convencido a escolher um candidato à sua sucessão que não seja oriundo do PSB mas parece difícil, a esta altura do campeonato.

O PT e o PTB, que já têm seus pré-candidatos, os senadores Humberto Costa e Armando Monteiro estão sentindo na pele esses dias que mais problemas virão e vão precisar de uma extrema habilidade se desejam continuar na base governista.

CURTAS

Garanhuns

Quando era governador, o senador Jarbas Vasconcelos viu sua hegemonia no município de Garanhuns se esvair ao construir um presídio feminino sem consultar a população. Agora o governador Eduardo Campos experimenta grande desgaste na cidade, onde teve 93% dos votos em 2010, depois que o prefeito de Lajedo, Antonio João Dourado, se declarou pré-candidato a prefeito de Garanhuns com as bênçãos do Palácio.

Preferido

O prefeito de Olinda, Renildo Calheiros, deve ser mesmo o preferido pelo governador. Passou o fim da mudança de domicílio e Olinda foi o único município grande da Região Metropolitana para onde nenhum socialista se mudou em condições de participar das próximas eleições.

Calados

O PTB, que perdeu muitos quadros antes de vencido o prazo de filiação para os candidatos às eleições de 2012, continua calado. Era o que tinha mais a reclamar, se esse fosse o desejo dos seus integrantes mas os trabalhistas permaneceram mudos. Ou vão continuar assim ou deixaram para explodir mais na frente.

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