Depois de reunião que durou cerca de uma hora, com a presidenta Dilma
Rousseff, o ministro do Esporte, Orlando Silva, comunicou que está se
afastando do governo devido à crise que se instalou após a publicação de
denúncias de que há um esquema de desvio de recursos públicos em sua
pasta.
Ele disse que sai do cargo para poder defender-se das denúncias e
também para evitar que seu partido, o PCdoB, seja usado como instrumento
de ataque contra o próprio governo já que a legenda compõe a base
aliada no Parlamento. “Há 12 dias, estou sendo vítima de ataques baixos.
Nesses 12 dias, nenhuma prova foi apresentada contra mim. Mas isso
gerou uma crise política e eu tenho compromisso com esse governo.”
Orlando Silva disse que, na conversa, a presidenta exaltou seu trabalho
e os cinco anos em que ele esteve à frente da pasta. “Não é possível
jogar cinco anos de trabalho na lata de lixo”, disse.
O ex-ministro do Esporte preferiu não comentar quem seria seu
substituto na pasta, mas tudo indica que será um nome do próprio PCdoB.
Hoje à tarde, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da
República, Gilberto carvalho, disse que, em um primeiro momento, Dilma
deve optar por nomear o secretário executivo do ministério, Waldemar
Manoel Silva de Souza, como interino, até que ela possa decidir, junto
com o PCdoB, o nome do novo ministro.
Orlando Silva desafiou os jornalistas a quem concedeu a entrevista
depois de sua demissão a publicar as notícias referentes à sua
inocência, da mesma forma como vêm fazendo a respeito das denúncias
envolvendo seu nome. Ele disse que provará sua inocência e repetiu que
“não houve, não há e não haverá” nenhuma prova contra ele. “Quero
defender minha honra e espero que os senhores jornalistas dediquem as
mesmas páginas para publicar as provas da minha inocência.”
“A injustiça está em calúnias ganharem ares de verdade”, finalizou.
Há duas semanas, a revista Veja publicou denúncia do policial
militar João Dias, que é dirigente de uma organização não governamental
que recebeu dinheiro do ministério, sobre os desvios de recursos
públicos do Programa Segundo Tempo. Depois da reportagem, Orlando Silva
foi mais de uma vez ao Congresso Nacional para prestar esclarecimentos. O
policial também foi ao Congresso e prestou depoimento à Polícia
Federal, mas não chegou a apresentar provas, conforme havia prometido,
de que o ministro recebeu dinheiro do esquema.
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