Dilma determina mudanças em cargos e diretorias ocupadas por PCdoB

A presidente Dilma Rousseff condicionou a permanência do ministro Orlando Silva à frente do Esporte ao desmonte da máquina eleitoral que o PCdoB mantém na pasta. Dilma exigiu, ainda, a substituição de nomes que estariam fazendo “negócios” na estrutura do ministério por gestores especializados. Para sanar os problemas do ministério sem afetar os compromissos do Brasil com a organização da Copa do Mundo de 2014, Orlando recebeu da presidente a missão de “trocar o pneu com o carro andando”, contaram aliados de Dilma ao Correio.

Na conversa com o ministro, a presidente disse que não daria peso às acusações feitas pelo policial João Dias Ferreira, pois entendeu que o representante da ONG Federação Brasiliense de Kung Fu (Febrak) estaria “perseguindo” Orlando. Dilma, no entanto, foi dura em relação à administração da pasta. Disse que existe no ministério um “descontrole” em relação aos convênios e mandou apertar a fiscalização e fechar a torneira da exploração política dos programas que rendem dividendos eleitorais para o PCdoB. A presidente quer evitar o mal-estar com o partido, mas avisou que está desconfiada da entourage selecionada por Orlando para postos-chaves no ministério.

Radiografia da tropa nomeada para compor o ministério, feita pelo Correio, reforça a preocupação da presidente com o loteamento partidário que tomou conta do Esporte. Além do ministro, o partido conseguiu abrigar pelo menos outros 20 integrantes da cúpula comunista na estrutura de comando do ministério. Esses funcionários ocupam postos nos 192 cargos de direção e assessoramento do ministério e também acumulam funções nos diretórios estaduais do partido. Formam, segundo o soldado João Dias — que acusou Orlando de receber propina na garagem do ministério — a “comissão de arrecadação”.

Apenas14 servidores de carreira da pasta estão em postos de chefia, sendo nenhum DAS 5 ou DAS 6. O domínio de indicados políticos no Esporte contraria decreto assinado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005, determinando que 75% dos DAS 1, 2 e 3 têm que ser ocupados por servidores de carreira e 50% dos cargos de nível 4 por funcionários efetivos. Como a regra se refere a toda a Esplanada dos Ministérios, algumas pastam que têm mais funcionários de carreira equilibram o perfil político-partidário de outras.

Eleições
 
De olho nas eleições de 2012, os comunistas desdobram-se, ainda, entre funções ministeriais e partidárias. O secretário Nacional de Esporte Educacional, Wadson Nathaniel Ribeiro, é cotado para disputar a prefeitura de Juiz de Fora (MG) pelo PCdoB. Formado em medicina, Wadson é também ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Somente este ano, o secretário já gastou R$ 15,2 mil em diárias. Das 10 viagens que o secretário fez internamente, seis passaram por Minas. Todas as despesas saíram dos cofres do Segundo Tempo, alvo de denúncias de irregularidades. O PCdoB de Minas também abriga na pasta a neta de Luiz Carlos Prestes. Ana Maria Prestes Rabelo é assessora internacional do ministro.

O critério político-partidário pesou na escolha de alguns dos principais cargos do ministério. O secretário executivo da pasta, Waldemar Manoel Silva de Souza, é do PCdoB do Rio de Janeiro. Do Rio, veio também Ricardo Garcia Campelli, que é diretor do Departamento de Incentivo ao Fomento do Esporte. Ele já foi secretário de Desenvolvimento em Nova Iguaçu e ex-presidente da UNE. Até o fechamento desta edição, o ministério do Esporte não havia respondido os questionamentos do Correio.

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