Essa não deve sair na TV: o governo federal flagrou 22 trabalhadores
em condições análogas à de escravo na fazenda Rural Verde, em Sítio do
Mato, município baiano próximo a Bom Jesus da Lapa. A área, segundo a
equipe responsável pela operação, pertence a Sílvio Roberto Coelho,
proprietário da TV
Aratu, afiliada ao SBT, e irmão de Nilo Coelho, ex-governador da
Bahia.
De acordo com auditora fiscal do Ministério do Trabalho e Emprefo
Inês Almeida, coordenadora da ação, 17 pessoas atuavam na derrubada de
árvores e produção de mourões e outros cinco erguiam cercas para a
fazenda de gado. A maior parte se encontrava na área desde maio, sem
salário regular. Recebiam produtos alimentícios que eram descontados da
remuneração. “A situação era de servidão por dívida”, explicou Inês.
Os auditores fiscais constataram que o local do banho era um tanque
de água suja, que os trabalhadores dividiam com o gado – que lá ia
beber. Toras de madeira eram usadas para montar as camas nos barracos de
lona que serviam de alojamento.
A fazenda recusou-se a pagar os trabalhadores e a reconhecer o
vínculo empregatício, afirmando que não eram seus empregados e sim do
empreiteiro contratado para o serviço. O “gato” (contratador de
mão-de-obra a serviço do fazendeiro) teria fugido. Eles receberão três
parcelas do seguro-desemprego – benefício a que os libertados também têm
direito. A dívida com os trabalhadores foi de cerca de R$ 80 mil.
O proprietário, por telefone, informou não haver problemas na
propriedade, que afirma possuir há 35 anos. Disse ainda que não “teve
nada” de trabalho escravo e que os 32 empregados da fazenda são
registrados. O presidente da afiliada ao SBT informou que “às vezes tem
um cerqueiro que faz serviço por empreitada”. De acordo com a
fiscalização, o gerente informou que a Rural Verde conta com
aproximadamente 400 quilômetros de cerca construída.
Quando questionado mais uma vez sobre a fiscalização, mandou a
reportagem “para o inferno” e desligou o telefone.
(Colaborou Bianca Pyl, da Repórter Brasil)
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