Dilma se esforça para aproximar Celso Amorim dos comandantes militares

O primeiro Sete de Setembro do governo Dilma Rousseff servirá para coroar o esforço da presidente em aproximar o ministro da Defesa, Celso Amorim, dos comandantes militares das três forças. Há quase um mês no posto, Amorim tem sido constantemente prestigiado pela presidente. Ela fez questão de participar da primeira solenidade de troca da bandeira ao lado de Amorim, no último domingo na Praça dos Três Poderes. Também foi ao Rio de Janeiro acompanhar a cerimônia de entrega de espadins aos novos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).

Além desses gestos políticos, também houve um gesto econômico. O orçamento da pasta para 2012 aumentará em 42,5%, sobretudo para a aquisição de novos submarinos. Diante de um orçamento contido pela pressão vinda da crise internacional, é de se destacar o aumento nos recursos para o setor. Fontes militares ouvidas pelo Correio, no entanto, afirmaram que os novos números não foram ainda completamente analisados, já que a peça orçamentária foi encaminhada ao Congresso na quarta-feira passada.

O desfile em comemoração à Independência do Brasil, amanhã, não terá nenhum formato diferente do praticado nos anos anteriores. Não haverá a presença de chefes de estado estrangeiros. O único convidado será o nadador César Cielo — absolvido pela Comissão Internacional de Natação da acusação de doping enquanto defendia as cores do Flamengo. Cielo assistirá à parada civil e militar no palanque presidencial.

De acordo com pessoas próximas a Amorim, o relacionamento do ministro com os militares atravessa um momento de completo distensionamento. Quando seu nome foi anunciado, em substituição a Nelson Jobim, comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica demonstraram insatisfação. Ex-chanceler do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Amorim era visto como um ideólogo de esquerda e perigoso simpatizante de regimes como os de Hugo Chávez, da Venezuela, e de Mahmoud Ahmadinejad, do Irã. Além disso, existia o trauma com a experiência de José Viegas, também diplomata, primeiro ministro da Defesa na gestão Lula.

Buenos Aires

No discurso que fez no dia da posse de Amorim, Dilma deu o primeiro sinal para que os militares deixassem de alimentar essas preocupação. “A lógica do Ministério da Defesa é a disciplina, a competência e a dedicação. A ideologia do Ministério da Defesa é o respeito à Constituição e a subordinação aos interesses nacionais. O partido do Ministério da Defesa é a pátria. Os senhores sabem disso, o novo ministro sabe disso”, afirmou em 8 de agosto.

De lá para cá, o novo ministro também tem se esforçado para vencer as resistências. Foi pessoalmente a encontros com os comandantes militares, visitou diversos quartéis no país e, ontem, estava em um encontro sobre defesa em Buenos Aires. Especialistas do setor admitem que os trabalhos da área continuam sendo feitos normalmente, sem qualquer ruptura em relação à gestão de Nelson Jobim , considerado por muitos o único titular da pasta que conseguiu fazer algo pelos militares. Jobim deixou o Ministério por falar demais. Primeiro, admitiu em entrevista à TV UOL que votou em José Serra nas eleições presidenciais de 2010. Depois, chamou a ministra Ideli Salvatti de “fraquinha” e disse que Gleisi Hoffmann “não conhece Brasília”.

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