Continua a violação dos direitos humanos em nome da democracia


A operação militar contra a Líbia, com justa razão, preocupa os simples cidadãos, principalmente nos países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), embora não os encontre na oposição, de acordo com pesquisas realizadas.

Homens inocentes estão sendo esquartejados, feridos, verdadeiras farrapos humanos, perdem suas casas ou tomam o caminho do refúgio, a exemplo de como ocorreu também em invasões anteriores, na Sérvia, em 1999, e no Iraque, em 2003, para citar as duas mais gritantes tentativas de "Exportação da Democracia", casos específicos de violação do Direito Internacional pelos EUA e seus aliados, ex e neocolonialistas.

Infelizmente, continua predominando a percepção sofística sobre direito. Para Trassímaco (Platão "Politía" Á 336b), "o direito nada mais é do que o interesse do forte". Em Górgia (483d), lê-se: "Assim, direito considera-se o mais poderoso dominar sobre o mais fraco e lucrar mais".

Assim é que a operação militar contra a Líbia atende, primeiramente, aos interesses pessoais, nacionais, econômicos e geopolíticos de seus inspiradores. Mas, quando não estiverem em risco interesses vitais, os "protetores" ensurdecem aos apelos dos injustiçados e ignoram as votações da Organização das Nações Unidas (ONU).

Enquanto, fazem os direitos humanos sua bandeira, bombardeiam impiedosamente a Líbia, e continuam ignorando o drama do povo palestino e de seu país cortado no meio. Consequentemente, o direito atrela-se literalmente com o próprio interesse e não com o interesse do povo cujos direitos e liberdades são solapados inapelavelmente.

É a economia, ...

Regimes tirânicos podem dar motivo para intervenções militares, após, aliás, insurgências que podem estar sendo fomentadas por aqueles que cobiçam a riqueza mineral de um país. Contudo, os motivos são sempre mais profundos e, em nossos dias, principalmente, econômicos.

O fato (se for fato e não propaganda) que os "contras" de regimes são dizimados nos conflitos, civis desarmados são mortos ou perseguidos não legaliza a intervenção militar da Otan. Os que guerreiam pelos seus ideais (se, efetivamente, lutam por estes) deverão estar dispostos, também, a sacrifícios.

Quaisquer manifestações, movimentações e outros protestos contra a invasão da Otan não trarão o resultado desejado, assim como não o trouxeram, também, em ocasiões anteriores. Isto, não significa, obviamente, que deverão parar. A única arma eficaz que os cidadãos simples dispõem é seu voto.

Cedo ou tarde chegará a hora da urna que faz políticos e até líderes tremerem. Por isso, aliás, buscam envolver as multidões e tentam, com insincero diálogo, contra-informação e mentiras, convencê-las da "honestidade" de seus propósitos. Assim, apresentam cada intervenção militar ilegal como necessária ao combate do mal, e eles como justiceiros divinos e salvadores dos oprimidos.

Corretamente previu o grande historiador Tucicides, "as guerras, as disputas e os atos de violência, de um modo geral, irão se repetindo, enquanto a natureza humana permanece a mesma (A"224).

Desde então até hoje a titânica (má), em antítese com a dionisíaca (boa) natureza do homem não alterou-se para melhor, apesar de qualquer evolução espiritual e progresso na organização social. A lógica e a moral tergiversam "tecnicamente" toda vez em que o direito e o interesse se enfrentam.

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