Vídeo mostra policiais atirando em adolescente em Manaus

Um vídeo com imagens de policiais atirando à queima-roupa contra um adolescente 14 anos, divulgado anteontem, levou o comandante da Polícia Militar (PM) do Amazonas a solicitar ontem à corregedoria da corporação uma investigação de sete PMs suspeitos de envolvimento no caso.

A ação contra o adolescente aconteceu em 17 de agosto de 2010, no bairro Amazonino Mendes, na Zona Norte de Manaus. Mas as imagens, gravadas por uma câmera de segurança particular, só foram veiculadas anteontem pela TV A Crítica, retransmissora da Record no Estado.

Na gravação, aparecem policiais da Força Tática. Segundo o comandante da PM, Dan Câmara, outros três militares que não aparecem nas imagens participaram do caso.

As imagens divulgadas mostram um policial armado. De bermuda, o garoto aparece sendo agredido e ameaçado pelos policiais. Após o primeiro disparo, o menino tentou escapar, mas outro policial atirou novamente nele. Um terceiro tiro foi disparado contra o garoto por um outro PM. Os policiais ainda forçaram o garoto a andar até o carro da polícia.

No boletim de ocorrência, os policiais relataram que foram recebidos a tiros no bairro e, por isso, atiraram contra o adolescente. O comandante da PM disse lamentar o episódio. Ele afirmou que os policiais foram identificados e que um deles já foi ouvido pela Corregedoria da PM.

Os PMs serão avaliados por um conselho de disciplina para verificar se têm condições de permanecer na corporação. Foi aberto também um inquérito administrativo. “É um episódio lamentável, deplorável, condenável. Nós fortalecemos a disciplina militar e vem uma ação para deturpar nosso trabalho”, afirmou Câmara.

A vítima sobreviveu aos tiros. De acordo com a TV A Crítica, ele foi atingido no peito e na barriga. O menino e a família deixaram o bairro onde moravam depois do episódio. O Ministério Público do Amazonas, por meio do Centro de Apoio Operacional de Combate ao Crime Organizado, incluiu o garoto no programa estadual de proteção a vítimas ameaçadas. Quatro membros da família dele também foram contemplados.

O procurador João Bosco Sá Valente, coordenador do programa, afirmou que desde 28 de fevereiro o comandante da PM foi informado do caso, mas não tomou providências contra os oito policiais acusados de participar da agressão. No caso, o procurador diz que há provas de tentativa de homicídio qualificado. A pena varia de 12 a 30 anos de reclusão. “Ele teria que ter apurado o fato e não fez nada. Não é a primeira vez que ocorre omissão em relação às práticas dos policiais”, acusou.

Na tarde de ontem, houve reunião da cúpula da Secretaria de Segurança do Estado. O secretário Zulmar Pimentel anunciou que foi instaurado um inquérito policial militar para apurar a conduta dos policiais. O governador Omar Aziz (PMN) participou da reunião, mas não deu declarações.

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