Mudança na regra do Minha casa, minha vida já provoca demissão

As pequenas construtoras de Paulista vão demitir cerca de 3 mil funcionários nesta sexta-feira (18) por causa da mudança feita no programa Minha casa, minha vida. A Caixa Econômica Federal (que opera o programa) determinou que todas habitações incluídas no Minha casa têm que ser erguidas em ruas calçadas e saneadas. A Associação dos Construtores de Paulista, que reúne cerca de 200 pequenas empresas responsáveis pela construção de cerca de 2.500 casas, informa que o setor não tem condições de manter os trabalhadores. Algumas empresas vão enxugar o quadro pela metade e deixar o número de trabalhadores suficiente para terminar a obra. Outras vão parar a construção e demitir todo mundo.

A Caixa informou em nota, ontem, que as pessoas que já tiveram o crédito aprovado pelo banco e que vão comprar imóveis avaliados até o último dia 11, não serão afetadas pela nova medida. Entretanto, a maioria dos imóveis erguidos pelas construtoras de Paulista ainda não foi avaliada pela CEF.

As empresas alegam que foram surpreendidas pela determinação da Caixa e que até o último dia 11, o programa não fazia essa exigência. “A gente construía sem problema. Quando a moradia estava pronta, a Caixa aprovava o crédito para o cliente. Não temos condições de pavimentar as ruas. É uma obra cara. Em Paulista, 80% das vias não são calçadas”, explica o presidente da associação, Fernando Sabino Pinho.

Segundo ele, a medida é injusta com as construtoras porque o programa mudou de repente, sem aviso da Caixa nem prazo de carência para adaptar as obras. “Nós seguimos todas as regras da Caixa. Para financiar um cliente nosso, ela avalia a documentação do cliente, do imóvel e da empresa. Tudo tem que estar legalizado e de acordo com as normas. Não somos aventureiros”, informa. Antes do financiamento ser liberado, a Caixa faz uma avaliação técnica da residência e determina o valor do imóvel.

Entre os trabalhadores que serão demitidos estão serventes, pedreiros, encanadores e eletricistas. A maioria é de Paulista, mas algumas construtoras também contratam gente de cidades vizinhas. “O salário é bom. Quem ganha menos é o servente, que recebe R$ 600”, completa.

Já os compradores das casas têm renda média de R$ 900. A maioria ganha até R$ 1.300 e está enquadrada na faixa que recebe o subsídio de R$ 17 mil. A prestação começa em cerca de R$ 180 e é decrescente. “É gente muito humilde, que trabalha como motorista de ônibus ou empregada doméstica, por exemplo”.

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