Matéria ressalta captação de recursos na gestão de Renildo

Sem oposição e contando com muitos recursos federais. Esse é o cenário atual de Olinda, uma cidade historicamente com baixa arrecadação, mas que tem investido na captação de recursos como forma de garantir o desenvolvimento. Prefeito do terceiro maior domicílio eleitoral do Estado, o geólogo Renildo Calheiros (PCdoB) tem nas obras do município o grande trunfo para o projeto de reeleição em 2012 – que não assume, mas também não descarta.

Com a experiência de ter sido deputado federal por três vezes (1991, 2003 e 2007), exercendo, inclusive, a vice-liderança do governo Lula (PT) durante quatro anos, Renildo tem trânsito livre em Brasília. É na Capital Federal que o prefeito consegue as verbas para as obras.
Com orçamento anual de pouco mais de R$ 200 milhões, as obras não seriam possíveis. “Nas atividades que desempenhei em Brasília, estive em contato com muitas pessoas importantes do governo. Então, sou atendido quando ligo para elas e sou recebido quando vou a Brasília. É uma relação que favorece a cidade.”

A revitalização da orla, por exemplo, orçada em R$ 23 milhões e que deve ser concluída em novembro, é resultado de uma parceria entre o Ministério do Turismo (R$ 20 milhões) e o governo do Estado (R$ 3 milhões).

Além da situação favorável no plano nacional e estadual, Renildo desfruta do massivo apoio dos vereadores do município. Dos 17 membros eleitos em 2008, 15 integravam a coligação Olinda Frente Popular, que elegeu o prefeito. Os outros dois, do PTB, já durante a campanha sinalizavam apoio.

Contudo, no início da legislatura, o clima de união tomou conta da Câmara. “Graças a Deus, todo mundo é unido. Nunca gostei de briga”, comenta Mizael Prestanista (PSB), o vereador mais votado na última eleição.

Se por um lado a ausência de oposição no Legislativo gera estabilidade na governança, como acredita a ex-prefeita da cidade Luciana Santos (PCdoB), por outro fragiliza a gestão. “Onde não há discussão, não pode haver mudança. Ninguém acerta tudo”, avalia Jacilda Urquisa (PMDB) que governou Olinda entre 1996 e 2000, derrotada posteriormente em três eleições seguidas.

Tanto os vereadores quanto o próprio Renildo garantem que, apesar de marcharem unidos, “não há submissão” dos parlamentares ao Executivo. “Não é porque a gente é da base aliada que estamos ali para balançar a cabeça. O prefeito, inclusive, nunca pediu isso”, garante o presidente da Câmara, vereador Marcelo Soares (PCdoB).

Fora da Câmara, a oposição também não reverbera. Arlindo Siqueira, que enfrentou Renildo na última eleição, tem assumido um discurso alinhado com a gestão: “Queremos uma cidade melhor. Se a gente conseguir isso com o governo, vamos nos unir”. Ele está avaliando a forma de fazer política e ressalta que não precisa de um mandato para contribuir com a cidade.

Eleição de 2012 pode encerrar união entre PCdoB e PT

O prefeito de Olinda, Renildo Calheiros (PCdoB), pode ter como adversária em 2012 a deputada Teresa Leitão (PT). Ciente da situação, comunista não descarta fim do “casamento” entre aliados

Por Gabriela Bezerra

A eleição do próximo ano pode marcar o rompimento da coligação Olinda Frente Popular, que no pleito de 2008 agrupou 11 partidos e elegeu o prefeito Renildo Calheiros (PCdoB). Timidamente, nomes das maiores siglas do grupo – PSB e PT – afirmam que estão “à disposição do partido” e demonstram interesse em governar a cidade, apesar de considerarem prematuro o debate sobre candidaturas neste momento.

Mesmo com a possibilidade de disputar a reeleição, Renildo não assume o
posto de candidato natural. “Ainda não avalio essa possibilidade, estou avaliando as obras do município. Não enxergo o cenário de 2012”, despista. Mas também não tira o nome do páreo: “Tenho muita coisa para fazer. Quem é ocupado e ainda tem dois anos de governo não pode ficar debatendo eleição”.

Renildo Calheiros sucedeu a ex-prefeita Luciana Santos (PCdoB), que apoiou a sua candidatura e atualmente ocupa uma vaga na Câmara Federal. Após oito anos à frente da prefeitura, ela conseguiu fazer o sucessor em 2008 e garantir mais um mandato do PCdoB. Para a deputada, mais do que dar continuidade ao seu projeto de governo, Renildo conseguiu trazer uma nova agenda para a cidade. Ela garante que apoiaria a reeleição do prefeito: “Claro, de corpo e alma”.

Com cautela, os atuais aliados de Renildo sinalizam que podem rivalizar com o comunista nas urnas em 2012. Integrante da gestão do PCdoB desde 2000, com o nome do vice-prefeito, o PT é um dos partidos que não descarta a candidatura própria no próximo ano. “É um assunto debatido com entusiasmo dentro do partido”, comenta a deputada estadual Teresa Leitão (PT), presidente da sigla em Olinda. Para ela, o PT precisa colocar o seu projeto para a sociedade. “O partido que não faz isso termina se diluindo”. Entre os petistas, o nome da própria Teresa é o mais comentado para liderar uma chapa na disputa. “Seria uma candidatura a favor do PT e não contra Renildo”, esclarece. A disputa pela Prefeitura de Olinda é considerado um desejo antigo da parlamentar, que esbarra na aliança com os comunistas.

O crescimento do PSB na última eleição também pode encorajar o lançamento de um candidato socialista. O vereador João Luiz (PSB) pode ser o nome do partido. No último dia 14, ele deixou o comando da Secretaria de Transporte, Controle Urbano e Ambiental, para voltar à Câmara. A mudança, segundo ele, não foi motivada pela proximidade da eleição, mas pelo desejo de vivenciar a experiência no Legislativo. Assim como Teresa Leitão, João Luiz também não lança o nome, mas repete o discurso de que está “à disposição do partido”.

Reiterando que ainda é cedo para falar sobre eleição, o prefeito Renildo Calheiros não vê com surpresa a possibilidade de disputar a eleição contra antigos aliados. “Às vezes, o casamento acaba na porta da igreja com a noiva vestida e a casa comprada, imagine um negócio que ainda falta dois anos”, comenta. Apesar dos indicativos, o vereador Marcelo Soares (PCdoB), presidente da Câmara de Olinda, acredita na “força do entendimento” e não cogita uma possível fissura na aliança.

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