Ministro Haddad responde a críticas de alunos em evento na UFPE

Haddad veio ao Recife para inaugurar o Restaurante Universitário
Foto: Hélia Scheppa/ JC Imagem
Com as recentes polêmicas envolvendo o Enem e o Sisu, o Ministério da Educação tem sido alvo de muitas reclamações e insatisfação. Durante a Aula Magna da UFPE, que contou com a presença do ministro Fernando Haddad, meia dúzia de alunos protestou durante a fala do convidado, na manhã desta segunda-feira (28). Com faixas e megafone, os estudantes interromperam por várias vezes o pronunciamento do ministro. Haddad não se intimidou e respondeu às críticas, apoiado pela maioria dos calouros presentes no Teatro da UFPE.

O ministro foi convidado pelo reitor Amaro Lins para inaugurar o Restaurante Universitário (RU), mas antes participou da Aula Magna da instituição. Ao entrar no salão, que já estava lotado de novatos e alunos militantes de centros acadêmicos, algumas pessoas vaiaram-no. Um grupo com cerca de dez pessoas não sossegou enquanto não chamou a atenção do ministro. No entanto, a grande maioria não concordou com a atitude dos manifestantes e devolveu as vaias.

"Você está fazendo politicagem aqui, venha dar as boas-vindas aos seus amigos", respondeu Haddad a um aluno mais exaltado que falava sobre a obrigatoriedade de os alunos bolsistas usarem a camisa da universidade. Nervosos e em minoria, eles reclamavam também do preço da refeição cobrada no RU.

"Graças a Deus que temos pluralidade. Graças a Deus que podemos expressar nossas opiniões. Imagine as trevas da Ditadura Militar", disse o ministro relembrando que levou cacetada quando era presidente de Centro Acadêmico. Hadadd, que está à frente da pasta há mais de cinco anos, afirmou que desconhecia sobre o que o grupo estava falando e a universidade não precisa de tutela. "Precisa o Ministério da Educação se meter numa disputa interna? Desconheço e nem quero conhecer. Vocês é que são capazes de saber quem é a pessoa que vai ter condições de seguir à frente o trabalho do [reitor] Amaro Lins", concluiu.

'Não vai ter concurso público nenhum neste ano', diz Planejamento

Não vai haver nenhum concurso público para o governo federal neste ano, afirmou nesta segunda-feira (28) a secretária de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Célia Correa. "A não ser que tenha uma emergência. Até mesmo aqueles [concursos] que já tinham sido realizados e que não tinham o curso de formação concluído não vão sair", declarou Célia. Até então, o governo havia anunciado a suspensão de concursos e nomeações, para analisar caso a caso, no caso de seleções que precisam da autorização do Planejamento.

A medida faz parte da contenção de gastos públicos, tendo em vista o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento deste ano. Mais cedo, durante entrevista para detalhar a redução na verba prevista para 2011, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, havia falado novamente em adiamento de concursos e revisão de novas admissões, como já dissera no começo do mês.

"Também haverá um adiamento dos concursos públicos e revisão de novas admissões que estavam previstas", reafirmou a ministra nesta segunda.

Para que concursos vale a medida

Cabe ao Planejamento autorizar concursos e nomeações de aprovados no Poder Executivo -o ministério não interfere no Legislativo e no Judiciário em relação à contratação de pessoal, portanto, concursos para a Câmara, tribunais, ministérios públicos, defensorias e procuradorias não são afetados pelo corte. Assim como concursos estaduais e municipais.

Os cargos militares das Forças Armadas também estão fora do contingenciamento – ficam sujeitos às restrições somente os cargos civis. O mesmo vale para as estatais que não dependem do Tesouro, ou seja, têm orçamento próprio, como Banco do Brasil e Correios.
Entre os que dependem do Planejamento, há pelo menos oito concursos em andamento, entre eles os da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), da Embratur e do Ministério do Meio Ambiente. Ao menos outros dez que já divulgaram o resultado final aguardam autorização para começar a nomear os aprovados ou nomear para vagas restantes, nos último dia 15.

Reajuste de salários

Segundo a secretária de Orçamento Federal, também não há previsão legal para reajustes de salários dos funcionários públicos, a não ser aqueles já acordados previamente. "Reajuste que não está completamente acordado, não tem como negociar", disse Célia.

Questionada sobre o reajuste pedido pelos servidores do Poder Judiciário, a secretária afirmou que, até o momento, não há previsão legal para autorizá-lo. "Não tem previsão. Do ponto de vista técnico e orçamentário, não tem previsão nenhuma. Só está previsto para os magistrados, de 5,2%", declarou.

Mulheres integrantes do MST ocupam fazenda na Bahia

Mulheres ocuparam fazenda na Bahia e derrubaram eucaliptos (Foto: Divulgação/MST)
Cerca de 1,5 mil mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam uma fazenda na BR-101, em Eunápolis (Ba), nesta segunda-feira (28). A ocupação é parte da programação para celebrar o Dia da Mulher, que ocorre em 8 de março.

De acordo com o MST, as mulheres teriam derrubado pés de eucalipto plantados na fazenda para fazer uma plantação de feijão e milho.

Educadores lamentam escolha de Tiririca para comissão na Câmara

Depois de submetido a um teste para provar à Justiça Eleitoral que não era analfabeto, o deputado, cantor, compositor e humorista Francisco Everardo Oliveira Silva - o Tiririca - foi indicado, nesta sexta-feira, titular da Comissão de Educação e Cultura da Câmara. 

A escolha foi anunciada pelo líder do PR, Lincoln Portela (MG), e atende a um pedido pessoal do deputado. Um ofício confirmando a indicação - antecipada pelo estadão.com.br às 15h38 desta sexta - será protocolado pelo PR na terça-feira. Segundo a assessoria de Tiririca, ele queria muito fazer parte da comissão porque pretende atuar, como deputado, na área artística. É até filiado, em São Paulo, ao sindicato da categoria. 

A notícia espalhou surpresa e desconsolo entre educadores."É um retrato da sociedade que temos", reagiu o professor Mozart Neves Ramos, da ONG Todos pela Educação. "Acho lamentável", acrescenta a titular de Pedagogia da Faculdade de Educação da Unicamp, Maria Márcia Malavasi. "Não por ele, mas porque há tantas outras pessoas com carreira, seriedade e currículo para essa missão." 

Tiririca vai discutir e votar políticas educacionais depois de chegar ao Congresso envolvido numa aura de analfabetismo. Eleito com mais de 1,3 milhão de votos - a segunda maior votação da história da Câmara -, só conseguiu tomar posse depois de provar, perante um juiz eleitoral, que sabia ler e escrever. O argumento do juiz Aloisio Silveira, que o aprovou no TRE paulista, foi que "a Justiça Eleitoral tem considerado inelegíveis apenas os analfabetos absolutos e não os funcionais". O educador Mozart Ramos fez uma comparação: "Imagino se, na hora de formar uma seleção brasileira de futebol, houvesse vagas e cotas para os clubes, como para os partidos". O mais grave, observou, é que este é um ano importante para as causas educacionais. "Temos um Plano Nacional de Educação a ser definido. Com ele, a Lei de Responsabilidade Educacional. A reforma do ensino superior, a questão das cotas." Uma agenda "em grande parte técnica, que exige gente de preparo no setor". 

Lembrando que o Brasil tem "14 milhões de analfabetos com mais de 15 anos e muitos milhões mais de analfabetos funcionais", ponderou que Tiririca não está preparado para atender "à dramática necessidade de se organizar a educação para uma sociedade moderna e preparada".

Marcia Malavasi, da Unicamp, esclareceu que não tem nada pessoal contra o deputado. "Não se trata de desmerecer as qualidades que ele possa ter. Mas é evidente que há uma inadequação entre o que ele representa e o tamanho dos desafios da educação brasileira."
Completando sua tarde de celebridades, a Câmara emplacou também o ex-jogador de futebol Romário (PSB-RJ) como vice-presidente da Comissão de Turismo e Desporto. Nesse time jogarão também Danrley de Deus (PTB-RS), ex-goleiro do Grêmio, e o ex-boxeador Acelino de Freitas, o Popó. Romário já avisou que pretende trabalhar com os grupos encarregados de organizar a Copa do Mundo , em 2014, e a Olimpíada do Rio, em 2016. A Comissão de Finanças terá o ex-participante do programa Big Brother Brasil Jean Wyllys (PSOL-RJ).

Projeção de inflação continua a se distanciar da meta e analistas esperam elevação da Selic

A projeção dos analistas do mercado financeiro para a inflação oficial neste ano subiu pela 12ª semana seguida. A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 5,79% para 5,80%. Há quatro semanas, a projeção estava em 5,64%. Para 2012, a estimativa permanece em 4,78%. As informações constam do boletim Focus, publicação semanal divulgada pelo Banco Central (BC), elaborada com base nas estimativas de analistas do mercado financeiro sobre os principais indicadores da economia.

A projeção para o IPCA está cada vez mais distante do centro da meta de inflação de 4,5%, válida para ano e 2012. A meta tem ainda margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, ou seja, o limite inferior é de 2,5% e o superior, de 6,5%.

Cabe ao BC perseguir a meta de inflação e para isso a instituição usa como principal instrumento de controle da demanda por bens e serviços a taxa básica de juros, a Selic. Quando considera que a economia está muito aquecida, com trajetória de inflação em alta, o BC eleva a taxa, que atualmente está em 11,25% ao ano.

Por isso, os analistas projetam que a Selic encerrará 2011 em 12,50% ao ano. Na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, marcada para amanhã (1º) e quarta-feira (2), os analistas esperam que essa taxa suba para 11,75% ao ano. Para o final de 2012, a expectativa para a Selic é de retorno ao atual patamar (11,25% ao ano).

A pesquisa do BC também traz estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe). Para este ano, a projeção caiu de 5,53% para 5,50%. Para 2012, permanece em 4,67%.

A estimativa para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), neste ano, passou de 6,56% para 6,66%. Para 2012, subiu de 4,84% para 4,87%.

Para o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), neste ano, a estimativa foi alterada de 6,51% para 6,70%. Para 2012, permanece em 4,70%.

A projeção dos analistas para os preços administrados subiu de 4,45% para 4,50%, em 2011, e permanece em 4,50%, no próximo ano. Os preços administrados são aqueles cobrados por serviços monitorados, como combustíveis, energia elétrica, telefonia, medicamentos, água, educação, saneamento, transporte urbano coletivo, entre outros.

Começam a ser liberados os corpos dos mortos de tiroteio em Lauro de Freitas

Caixão com o corpo de Edilon Da Silva Santos, morto em
tiroteio de Lauro de Freitas, é levado do IML
Foi liberado no final da manhã deste domingo, 27, o corpo de um dos dez mortos em um confronto com policiais do Comando de Operações Especiais (COE) das Polícias Civil e Militar, ocorrido na tarde deste sábado, 26, no bairro do Caji, em Lauro de Freitas. Os dez corpos, inicialmente levados para o necrotério do Hospital Menandro de Farias, em Lauro de Freitas, foram encaminhados ao Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML), na capital, e nove ainda aguardam liberação. O primeiro a ser liberado para o enterro foi o de Edilon da Silva Santos, de 27 anos.

Segundo a irmã da vítima, que não se identificou, afirmou que Edilon era trabalhador autônomo e não tinha envolvimento com crime. Ele ligou para ela ainda de dentro da casa  onde aconteceu o confronto e disse à irmã que a polícia já entrou atirando. “Ele ainda estava agonizando, pediu para chamar o advogado e a polícia, e depois perdi o contato com ele”, contou. O enterro do rapaz está marcado para as 15h deste domingo no cemitério Bosque da Paz. 

Caso – O confronto entre a polícia e os supostos assaltantes – nove homens e uma mulher – aconteceu numa casa alugada há um mês, na Rua Jaime Vieira Lima, em Lauro de Freitas. Durante a tarde, a casa foi invadida por policiais do COE, comandados pelo delegado coordenador André Vieira, onde houve uma intensa troca de tiros. 

Uma moradora que passava pelo local afirmou que as pessoas que estavam na casa começaram a atirar primeiro. Em seguida, os policiais revidaram. “Teve gente tentando fugir, pulando o muro da casa. Saíram daqui quatro carros da polícias com os corpos. A sensação foi horrível”, disse. 

O dono da casa alugada, que também não quis se identificar, afirmou, ainda muito abalado, que lamenta o prejuízo. “Vai ficar difícil alugar a casa”, disse.

Sindicalistas não veem ganho trabalhista no desconto do IR para domésticos

O benefício do abatimento da contribuição previdenciária paga a empregados e empregadas domésticas na declaração do Imposto de Renda dos patrões está com os dias contados, já que a lei que o instituiu prevê sua validade para 2011. Com isso, os patrões poderão abater a despesa só até a declaração de ganhos e gastos deste ano, que será entregue no ano que vem.

E, mesmo com a entrada de 700 mil empregados domésticos no mercado formal, atribuída a essa medida, há controvérsias sobre sua vantagem entre os sindicatos que representam a categoria.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Distrito Federal e das Cidades do Entorno, Antônio Ferreira Barros, por exemplo, considerou a medida insuficiente para o reconhecimento dos direitos do trabalhador. Para ele, há discriminação por parte da sociedade na hora de reconhecer certos direitos e fazer os registros do empregado doméstico na Carteira de Trabalho.

Segundo ele, ainda que tenham havido algumas conquistas, como o décimo terceiro e as férias, em comparação aos demais trabalhadores, outros direitos ainda não são reconhecidos, como o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o pagamento de horas extras e a inclusão dos domésticos no Programa de Integração Social (PIS).

Barros representa 120 mil dos 7 milhões de trabalhadores domésticos que atuam hoje no Brasil. Só no Distrito Federal, onde a renda per capita é a maior do país, 15%, ou seja, 18 mil trabalhadores não têm carteira assinada. Parte disso, na opinião de Barros, ocorre por culpa dos patrões.

Outra parte, admite o sindicalista, ocorre porque muitos trabalhadores não querem ter registrado na carteira que já foram domésticos um dia. “Nós continuamos discriminados. A empregada doméstica quando fica grávida, por exemplo, é mandada embora. Por outro lado, é verdade que muitos têm vergonha de entregar a Carteira de Trabalho ao patrão para ser assinada”, disse.

A presidente do Sindicato dos Empregadores Domésticos do Estado de São Paulo, Margareth Galvão Carbinato, também acredita que é insuficiente o abatimento do contribuição previdenciária no IR dos patrões. Para ela, o abatimento não deveria se restringir ao pagamento que o empregador faz da contribuição da Previdência Social de seu empregado. “A nossa solicitação era para que o empregador pudesse abater do Imposto de Renda os gastos efetivos com o empregado doméstico, pois o empregado doméstico não aufere lucros para o empregador”, disse.

Margareth sugere um percentual maior como benefício fiscal, de 6%, por exemplo, a serem calculados sobre todas as despesas dos patrões com o empregador doméstico, incluindo o salário.

As deduções da Previdência foram instituídas pela Lei nº 11.324 como uma estratégia do governo de reduzir o número de empregados domésticos que continuavam na informalidade, trabalhando sem carteira assinada.

A Receita calculou em cerca de R$ 500 milhões a renúncia fiscal em 2010, referente à medida. Em todo o Brasil, desde 2006, quando o benefício foi instituído, deixaram de entrar nos cofres da União R$ 1,1 bilhão. Esses valores são compensados pelo fato do empregado doméstico passar a contribuir com a Previdência.

Assalto à casa presidencial deixa nove mortos no Congo

Assaltantes armados atacaram neste domingo (27) a residência presidencial do Congo, matando pelo menos nove pessoas durante quase uma hora de tiroteio, contou uma testemunha. O presidente, Joseph Kabila, e sua esposa não estavam em casa no momento. Kabila culpou adversários pelo ataque ocorrido antes das eleições marcadas para novembro. "As pessoas que têm medo de me enfrentar nas eleições fizeram isso", afirmou ele, de acordo com um assessor do governo. "Eu estou lidando sabiamente com a situação."

O ministro das Comunicações do país, Lambert Mende, apareceu na televisão nacional e disse que o assunto estava sob controle. Segundo ele, alguns criminosos foram mortos ou feridos, enquanto outros foram presos. "Essas pessoas queriam prejudicar fisicamente o presidente, mas o país e todas as suas instituições estão funcionando normalmente", declarou Mende.

Uma testemunha próxima da residência presidencial, que falou sob condição de anonimato por medo de represálias, relatou ter visto os corpos de sete assaltantes e de dois guarda-costas. Embora o leste do Congo seja altamente instável, com grupos rebeldes e milícias, tal violência na capital Kinshasa é mais rara.

Kabila assumiu seu primeiro mandato depois que seu pai, Laurent Kabila, foi assassinado em 2001. Ele foi posteriormente eleito em 2006 nas primeiras eleições democráticas do país e deve concorrer novamente na votação prevista para novembro. As informações são da Associated Press.

Equipe econômica ganhou a cabeça de Dilma, diz Paulinho da Força

A postura inflexível do governo nas negociações sobre o salário mínimo deixou sequelas na relação entre as centrais sindicais e a presidente Dilma Rousseff. Poucas lideranças explicitam mais esse descontentamento do que o presidente da Força Sindical e deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

Em entrevista, Paulinho lembra que, na disputa entre a então candidata e o tucano José Serra, o movimento sindical a apoiou em peso, mas depois foi ignorado. “Todos os presidentes das centrais e a grande maioria dos sindicatos foram para as ruas – quem apoiou o Serra era minoria. Só eu tomei quatro multas. Todos os presidentes das centrais foram multados”, afirma. “Depois da eleição, não recebemos nem sequer um telefonema da Dilma. Minha mãe diria que isso é ingratidão”.

Uma vez no Planalto, Dilma adotou, segundo Paulinho, a pauta da equipe econômica – o que se refletiu no tímido aumento do salário mínimo de R$ 510 para R$ 545. “A impressão que a gente tem hoje é que esse pessoal ganhou a Dilma provisoriamente. A luta das centrais agora é para ganhar a cabeça da Dilma – não é ir para o pau, romper com ela. Precisamos ganhar a Dilma para a nossa política, a que deu certo no governo Lula. Até para ajudar a Dilma, temos de bater duro nesse negócio, não aceitar esses rumos”.

As centrais inicialmente defendiam um salário mínimo de R$ 580, mas recuaram sua proposta para R$ 560. O governo Dilma não apenas retardou as negociações com os trabalhadores como também fez pressão no Congresso para aprovar R$ 545. “Somos os maiores aliados da Dilma. Vamos provar isso no dia em que ela precisar, e ela vai precisar”, afirma Paulinho. “Aí ela vai ver quem está realmente do lado dela – se são aqueles que votaram com o governo por pressão ou se são aqueles que irão às ruas para defender seu governo”.

Vermelho: O que, exatamente, as centrais negociaram com o Lula e a Dilma na campanha eleitoral?
Paulinho: Quando estávamos no segundo turno da eleição, o Serra começou com a campanha pelo salário mínimo de R$ 600, mais os 10% de reajuste para os aposentados. Toda a propaganda do Serra na televisão, até os anúncios de 15 segundos, era sobre isso. Até então, a gente vinha fazendo um discurso muito bravo contra o Serra, dizendo no 1º de Maio que ele não gostava de trabalhador e ia tirar direitos. Só que aquela proposta dele começou a mudar a eleição aqui. Como explicar para as bases que o candidato que nós vínhamos esculhambando tinha uma proposta dessas?

Em 13 de outubro, no comício de São Miguel Paulista (zona leste de São Paulo), as centrais conseguiram falar com o Lula e a Dilma, juntos, ao lado do palanque. O Lula, num primeiro momento, foi muito duro – nunca vou me esquecer das palavras dele: “Isso é demagogia eleitoral do Serra, e nós não podemos entrar. Vou me comprometer com vocês: assim que acabar a eleição, vamos chamar as centrais, manter a política (de valorização do salário mínimo) e dar um aumento real”.

Explicamos para o Lula que, por causa do PIB negativo de 2009, não haveria aumento real, e esse era o problema nosso. E o Lula disse, do lado da Dilma: “Vocês podem me cobrar isso aqui (no comício) que eu me comprometo”. Se você pegar o discurso das seis centrais, todas falaram da demagogia do Serra – que ele propunha apenas um aumento, mas não continuaria a política de valorização do mínimo. E dissemos ali que o Lula tinha essa garantia conosco de dar o aumento real de salário.

Vermelho: A Dilma concordou com tudo isso?
Paulinho: Para ser justo, a Dilma não chegou a falar, mas ouviu tudo, do lado do Lula. Se ela estava contra, no mínimo tinha de dizer que não concordava. A Dilma pode não ter falado nada porque precisava dos votos ou por conveniência. Faz parte do momento, da eleição. Mas ela concordou, senão ela falaria, pela liberdade que ela tem conosco e com o Lula.

Acabou a eleição, o Lula ficou se despedindo do povo, e a Dilma nunca mais falou conosco. Acho que ela tem uma dívida com as centrais. Todos os presidentes das centrais e a grande maioria dos sindicatos foram para as ruas – quem apoiou o Serra era minoria. Só eu tomei quatro multas. Todos os presidentes das centrais foram multados.

Vermelho: Já no primeiro turno, as centrais reclamaram da ausência da Dilma em eventos com sindicalistas. Vocês passaram por cima disso?
Paulinho: Numa campanha difícil, a gente até entende isso. Já fui candidato a vice-presidente, sei como são essas coisas. Fazia três estados e dez cidades por dia – imagine o candidato a presidente. É pior para quem vai ganhar, que tem de ter uma preocupação imensa de não deixar a imprensa te desconstruir. A Dilma não recebeu a pauta dos trabalhadores? Tudo bem, a gente entende, ela está com uma agenda corrida.

Depois disso, ela estava com os empresários e falou contra a redução da jornada para 40 horas semanais, defendeu a negociação direta, fez o jogo patronal. Houve dirigentes de centrais que não queriam aceitar e disseram para a gente brigar. Eu segurei: “É campanha eleitoral. A Dilma só está fazendo uma média com o empresariado”. Quando acabou a campanha, a gente viu que não era bem assim, não.

Vermelho: A Dilma se esqueceu das centrais?
Paulinho: O que nos desagradou é que, depois da eleição, não recebemos nem sequer um telefonema da Dilma. Minha mãe diria que isso é ingratidão. O mínimo que você faz quando alguém te ajuda é agradecer, e eu considero que nós a ajudamos muito. Fiz a campanha mais falando bem da Dilma e mal do Serra do que falando de mim, e eu era candidato. Aqui em São Paulo, quem mais bateu no Serra fui eu – mais do que o PT, mais do que todos eles.

Os presidentes de todas as centrais foram em várias reuniões, em várias fábricas, nas principais empresas de São Paulo, e a Dilma não nos dá uma ligação, um telefonema. Ela podia até ligar, dizer “obrigada” e desligar, para não deixar a gente falar mais coisa nenhuma. Nem isso.

Vermelho: Qual é a sua avaliação destas primeiras semanas de governo Dilma?
Paulinho: O governo Dilma começa mal, começa errado, com uma política que não deu certo com o Fernando Henrique, não deu certo em outras épocas e não vai dar certo de novo. A relação com as centrais começou muito mal também. A pessoa que ela tinha escolhido para falar com as centrais, o Gilberto Carvalho, estava em férias. Parece que foi uma coisa muito bem combinada – “deixa o Gilberto em férias mesmo, e vamos enquadrar esses caras”.

Existem os financistas, que gostam de ganhar dinheiro sem trabalhar, vivendo de renda, do sistema, do mercado – essas coisas que a sociedade não consegue ver. A impressão que a gente tem hoje é que esse pessoal ganhou a Dilma provisoriamente. A luta das centrais agora é para ganhar a cabeça da Dilma – não é ir para o pau, romper com ela. Precisamos ganhar a Dilma para a nossa política, a que deu certo no governo Lula. Até para ajudar a Dilma, temos de bater duro nesse negócio, não aceitar esses rumos.

Vermelho: O alvo é a equipe econômica?
Paulinho: O alvo é a equipe econômica e esse povo que fez a cabeça dela, como o Palocci, que se reúne de manhã e à noite com ela. Sabemos o que o Palocci fala para a Dilma, porque ele não é nosso – ele joga do outro lado. Esse povo quer que a Dilma enquadre as centrais. Eles não sabem que o movimento sindical não pode ser enquadrado. Vamos comprar a briga por investimento, por crescimento, por desenvolvimento – e, para fazer isso, tem de aumentar salário.

Vermelho: Como se dava essa negociação entre governo e centrais com o Lula?
Paulinho: O Lula tinha outra cabeça e decidia com a cabeça dele. No começo de 2009, achávamos que o Lula não ia, no meio da crise, aplicar o aumento de 12,5% do salário mínimo, que representava mais R$ 40 bilhões investidos diretamente na economia. Fomos lá e o Lula garantiu: “Vamos manter o aumento e vamos montar com vocês uma espécie de gabinete da crise. Esse comitê vai existir oficialmente, mas não vamos falar dele com a imprensa”.

Passamos a nos reunir semanalmente com o Lula, o Luiz Dulci e o Gilberto Carvalho para identificar setores que estavam em dificuldade. O Lula ia cumprindo tudo o que aquele comitê dizia. Se o Brasil foi o último a entrar na crise e o primeiro a sair, foi por causa do salário mínimo – que era de US$ 70 na época do Fernando Henrique e passou a mais ou menos US$ 290, US$ 295 com o Lula. Isso melhorou a vida de 49 milhões de brasileiros e ajudou o país a sair da crise.

Vermelho: O governo Dilma não mostrou disposição para negociar nada?
Paulinho: Eu achava que eles iam jogar duro, e negociação é assim. A gente fala R$ 580, eles dizem que não vão dar. Numa certa hora, chega-se a um acordo intermediário. Como eles não falaram, nós recuamos para R$ 560 e recuamos ainda mais ao aceitar o reajuste como antecipação do aumento de 2012. Mas nada. É isso o que a gente não entende. Se não somos inimigos, por que o governo foi tão duro com a gente?

Meu partido e eu apoiamos a Dilma, e ela sabe disso. Achei mesmo que o governo estava fazendo esse jogo e depois cederia um pouquinho. Mas não cedeu nada. E o governo ainda foi ao Congresso para enquadrar os deputados. Eu sei como é que foi. A pressão foi impressionante sobre os partidos da base. Será que vale a pena essa guerra conosco só por causa de R$ 15 a mais no salário mínimo? Depois a gente vê aqueles deputados do PT comemorando porque derrotaram os pobres. É impressionante.

Vermelho: Você, além de presidente da Força, é deputado por um partido da base aliada ao governo. Como fica a sua relação com a Dilma depois dessa pressão toda?
Paulinho: Na verdade, não sofri pressão, não. O Gilberto Carvalho veio me chamar e teve uma conversa muito respeitosa comigo. Ele sabia do tamanho da encrenca que o governo tinha montado no Congresso e veio me dar um recado: “Vamos ganhar, mas queremos olhar para frente, manter as negociações”. Na saída, a Dilma estava chegando, e o Gilberto queria que eu fosse cumprimentá-la. E eu disse: “Melhor não ser assim. Me deem outro elevador para eu não ter de me encontrar com ela”.

A Dilma tem de receber as centrais oficialmente, não em corredor. Somos os maiores aliados da Dilma. Vamos provar isso no dia em que ela precisar, e ela vai precisar, a vida vai mostrar isso. Aí ela vai ver quem está realmente do lado dela – se são aqueles que votaram com o governo por pressão ou se são aqueles que irão às ruas para defender seu governo.

Matéria ressalta captação de recursos na gestão de Renildo

Sem oposição e contando com muitos recursos federais. Esse é o cenário atual de Olinda, uma cidade historicamente com baixa arrecadação, mas que tem investido na captação de recursos como forma de garantir o desenvolvimento. Prefeito do terceiro maior domicílio eleitoral do Estado, o geólogo Renildo Calheiros (PCdoB) tem nas obras do município o grande trunfo para o projeto de reeleição em 2012 – que não assume, mas também não descarta.

Com a experiência de ter sido deputado federal por três vezes (1991, 2003 e 2007), exercendo, inclusive, a vice-liderança do governo Lula (PT) durante quatro anos, Renildo tem trânsito livre em Brasília. É na Capital Federal que o prefeito consegue as verbas para as obras.
Com orçamento anual de pouco mais de R$ 200 milhões, as obras não seriam possíveis. “Nas atividades que desempenhei em Brasília, estive em contato com muitas pessoas importantes do governo. Então, sou atendido quando ligo para elas e sou recebido quando vou a Brasília. É uma relação que favorece a cidade.”

A revitalização da orla, por exemplo, orçada em R$ 23 milhões e que deve ser concluída em novembro, é resultado de uma parceria entre o Ministério do Turismo (R$ 20 milhões) e o governo do Estado (R$ 3 milhões).

Além da situação favorável no plano nacional e estadual, Renildo desfruta do massivo apoio dos vereadores do município. Dos 17 membros eleitos em 2008, 15 integravam a coligação Olinda Frente Popular, que elegeu o prefeito. Os outros dois, do PTB, já durante a campanha sinalizavam apoio.

Contudo, no início da legislatura, o clima de união tomou conta da Câmara. “Graças a Deus, todo mundo é unido. Nunca gostei de briga”, comenta Mizael Prestanista (PSB), o vereador mais votado na última eleição.

Se por um lado a ausência de oposição no Legislativo gera estabilidade na governança, como acredita a ex-prefeita da cidade Luciana Santos (PCdoB), por outro fragiliza a gestão. “Onde não há discussão, não pode haver mudança. Ninguém acerta tudo”, avalia Jacilda Urquisa (PMDB) que governou Olinda entre 1996 e 2000, derrotada posteriormente em três eleições seguidas.

Tanto os vereadores quanto o próprio Renildo garantem que, apesar de marcharem unidos, “não há submissão” dos parlamentares ao Executivo. “Não é porque a gente é da base aliada que estamos ali para balançar a cabeça. O prefeito, inclusive, nunca pediu isso”, garante o presidente da Câmara, vereador Marcelo Soares (PCdoB).

Fora da Câmara, a oposição também não reverbera. Arlindo Siqueira, que enfrentou Renildo na última eleição, tem assumido um discurso alinhado com a gestão: “Queremos uma cidade melhor. Se a gente conseguir isso com o governo, vamos nos unir”. Ele está avaliando a forma de fazer política e ressalta que não precisa de um mandato para contribuir com a cidade.

Eleição de 2012 pode encerrar união entre PCdoB e PT

O prefeito de Olinda, Renildo Calheiros (PCdoB), pode ter como adversária em 2012 a deputada Teresa Leitão (PT). Ciente da situação, comunista não descarta fim do “casamento” entre aliados

Por Gabriela Bezerra

A eleição do próximo ano pode marcar o rompimento da coligação Olinda Frente Popular, que no pleito de 2008 agrupou 11 partidos e elegeu o prefeito Renildo Calheiros (PCdoB). Timidamente, nomes das maiores siglas do grupo – PSB e PT – afirmam que estão “à disposição do partido” e demonstram interesse em governar a cidade, apesar de considerarem prematuro o debate sobre candidaturas neste momento.

Mesmo com a possibilidade de disputar a reeleição, Renildo não assume o
posto de candidato natural. “Ainda não avalio essa possibilidade, estou avaliando as obras do município. Não enxergo o cenário de 2012”, despista. Mas também não tira o nome do páreo: “Tenho muita coisa para fazer. Quem é ocupado e ainda tem dois anos de governo não pode ficar debatendo eleição”.

Renildo Calheiros sucedeu a ex-prefeita Luciana Santos (PCdoB), que apoiou a sua candidatura e atualmente ocupa uma vaga na Câmara Federal. Após oito anos à frente da prefeitura, ela conseguiu fazer o sucessor em 2008 e garantir mais um mandato do PCdoB. Para a deputada, mais do que dar continuidade ao seu projeto de governo, Renildo conseguiu trazer uma nova agenda para a cidade. Ela garante que apoiaria a reeleição do prefeito: “Claro, de corpo e alma”.

Com cautela, os atuais aliados de Renildo sinalizam que podem rivalizar com o comunista nas urnas em 2012. Integrante da gestão do PCdoB desde 2000, com o nome do vice-prefeito, o PT é um dos partidos que não descarta a candidatura própria no próximo ano. “É um assunto debatido com entusiasmo dentro do partido”, comenta a deputada estadual Teresa Leitão (PT), presidente da sigla em Olinda. Para ela, o PT precisa colocar o seu projeto para a sociedade. “O partido que não faz isso termina se diluindo”. Entre os petistas, o nome da própria Teresa é o mais comentado para liderar uma chapa na disputa. “Seria uma candidatura a favor do PT e não contra Renildo”, esclarece. A disputa pela Prefeitura de Olinda é considerado um desejo antigo da parlamentar, que esbarra na aliança com os comunistas.

O crescimento do PSB na última eleição também pode encorajar o lançamento de um candidato socialista. O vereador João Luiz (PSB) pode ser o nome do partido. No último dia 14, ele deixou o comando da Secretaria de Transporte, Controle Urbano e Ambiental, para voltar à Câmara. A mudança, segundo ele, não foi motivada pela proximidade da eleição, mas pelo desejo de vivenciar a experiência no Legislativo. Assim como Teresa Leitão, João Luiz também não lança o nome, mas repete o discurso de que está “à disposição do partido”.

Reiterando que ainda é cedo para falar sobre eleição, o prefeito Renildo Calheiros não vê com surpresa a possibilidade de disputar a eleição contra antigos aliados. “Às vezes, o casamento acaba na porta da igreja com a noiva vestida e a casa comprada, imagine um negócio que ainda falta dois anos”, comenta. Apesar dos indicativos, o vereador Marcelo Soares (PCdoB), presidente da Câmara de Olinda, acredita na “força do entendimento” e não cogita uma possível fissura na aliança.

Fidel denuncia: “O plano da Otan é ocupar a Líbia”

O petróleo se converteu na principal riqueza em mãos das grandes transnacionais ianques; através dessa fonte de energia dispuseram de um instrumento que acrescentou consideravelmente seu poder político no mundo. Foi sua principal arma quando decidiram liquidar facilmente a Revolução Cubana tão logo foram promulgadas as primeiras leis justas e soberanas em nossa Pátria: privá-la de petróleo.

Sobre essa fonte de energia se desenvolveu a civilização atual. A Venezuela foi a nação desse hemisfério que pagou o maior preço. Os Estados Unidos se fizeram donos das enormes jazidas com que a natureza dotou esse país irmão.

Ao terminar a última Guerra Mundial começou a extrair maiores quantidades de petróleo das jazidas do Irã, assim como das reservas da Arábia Saudita, do Iraque e dos países árabes situados ao redor deles. Estes passaram a ser os principais fornecedores. O consumo mundial se elevou progressivamente à fabulosa cifra de aproximadamente 80 milhões de barris diários, incluídos os que são extraídos no território dos Estados Unidos, aos que ulteriormente se somaram o gás, a energia hidráulica e a nuclear. Até o início do século 20 o carvão tinha sido a fonte fundamental de energia que tornou possível o desenvolvimento industrial, antes que fossem produzidos bilhões de automóveis e motores consumidores de combustível líquido.

O residuo do petróleo e do gás está associado a uma das maiores tragédias, não resolvida em absoluto, que sofre a humanidade: a mudança climática.

Quando nossa Revolução surgiu, a Argélia, a Líbia e o Egito não eram ainda produtores de petróleo, e grande parte das enormes reservas da Arábia Saudita, do Iraque, do Irã e dos Emirados Árabes Unidos estavam ainda por ser descobertas.

Em dezembro de 1951, a Líbia se converte no primeiro país africano a alcançar sua independência depois da Segunda Guerra Mundial, na qual seu território foi cenário de importantes combates entre tropas alemãs e do Reino Unido, que deram fama aos generais Erwin Rommel e Bernard L. Montgomery.

95 % de seu território é totalmente desértico. A tecnologia permitiu descobrir importantes jazidas de petróleo leve de excelente qualidade que hoje alcançam 1,8 milhão de barris diários e abundantes depósitos de gás natural. Tal riqueza lhe permitiu alcançar uma perspectiva de vida que atinge quase 75 anos, e a mais alta renda per cápita da África. Seu rigoroso deserto está situado sobre um enorme lago de água fóssil, equivalente a mais de três vezes a superfície de Cuba, o que lhe tornou possível construir uma ampla rede de aquedutos de água doce que se estende por todo o país.

A Líbia, que tinha 1 milhão de habitantes ao conquistar sua independência, conta hoje com algo mais que 6 milhões.

A Revolução Líbia teve lugar no mês de setembro de1969. Seu principal dirigente foi Muamar Kadafi, militar de origem beduína, que em sua mais distante juventude se inspirou nas ideias do líder egípcio Gamal Abdel Nasser. Sem dúvida que muitas de suas decisões estão associadas às mudanças que se produziram quando, assim como no Egito, uma monarquia débil e corrupta foi derrocada na Líbia.

Os habitantes desse país têm milenares tradições guerreiras. Diz-se que os antigos líbios fizeram parte do exército de Aníbal quando esteve a ponto de liquidar a Antiga Roma com a força que cruzou os Alpes.

Poderá estar-se ou não de ascordo com Kadafi. O mundo foi tomado por todo tipo de notícias, empregando especialmente os meios de informação de massas. É preciso esperar o tempo necessário para conhecer com rigor o quanto há de verdade ou mentira, ou uma mescla de fatos de todo tipo que, em meio ao caos, ocorreram na Líbia. O que para mim é absolutamente evidente é que ao governo dos Estados Unidos não preocupa em absoluto a paz na Líbia, e não vacilará en dar à Otan a ordem de invadir esse rico país, talvez em questão de horas ou muito breves dias.

Os que com pérfidas intenções inventaram a mentira de que Kadafi se dirigia à Venezuela, assim como fizeram na tarde de domingo, 20 de fevereiro, receberam hoje una digna resposta do ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, quando expressou textualmente que fazia “votos para que o povo líbio encontre, no exercício de sua soberania, uma solução pacífica a suas dificuldades, que preserve a integridade do povo e a nação líbia, sem a ingerência do imperialismo…”

Por minha parte, não imagino o dirigente líbio abandonando o país, eludindo as responsabilidades que lhe são imputadas. Sejam ou não falsas em parte ou em sua totalidade.

Uma pessoa honesta estará sempre contra qualquer injustiça que se cometa com qualquier povo do mundo, e a pior delas, neste instante, seria guardar silêncio diante do crime que a Otan se prepara para cometer contra o povo líbio.

Para o comando dessa organização belicista é urgente fazê-lo. É preciso denunciar isto!

Fidel Castro Ruz

21 de fevereiroi de 2011, às 22 h14

Fonte: Prensa Latina

Dor e silêncio no enterro de jovem morta pelo pai na Encruzilhada

Parentes não falaram com a imprensa
sobre a morte de Priscila
Foto: Priscila Buhr/JC Imagem
Amigos e familiares da bióloga Priscila Gomes Corrêa, 31 anos, atingida com cinco tiros pelo próprio pai, optaram pelo silêncio para prestar as últimas homenagens durante o enterro realizado na tarde deste domingo (20) no Cemitério da Várzea, Zona Oeste do Recife. A tragédia familiar ocorreu no sábado à noite, na Encruzilhada, Zona Norte do Recife. Depois de atirar em Priscila, o eletricista aposentado Acyr de Oliveira Corrêa, 57, atirou na outra filha, Lizandra Gomes Corrêa, 28, e se matou.

Lizandra, casada e mãe de dois filhos, passou por uma cirurgia no Hospital da Restauração depois de alvejada no tórax, no braço e na perna. Nesta tarde, foi transferida para o Hospital Português. Seu quadro é estável. O enterro de Acyr ocorreu também à tarde, no Cemitério Parque das Flores, Curado, Zona Oeste do Recife.

A motivação do crime, segundo o delegado de plantão Charles Gultiergue, foi uma discussão com as filhas. “Acyr estava separado da mãe delas, mas resistia em sair da casa, que pertence ao sogro dele. As filhas tentavam convencê-lo a deixar o imóvel, para que a mãe pudesse voltar”, esclarece. A ex-mulher dele, Suely Gomes Corrêa, havia um mês morava na casa de uma irmã, em Parnamirim, na Zona Norte.

Dilma anuncia prorrogação de incentivos fiscais para o Nordeste

Foto: Agência Brasil
Dilma acaba de anunciar, no fórum de governadores do Nordeste, que vai prorrogar os incentivos fiscais para o Nordeste, de modo a garantir previsibilidade aos investidores.

Pela legislação atual, eles acabariam em 2013. Dilma disse que vai prorrogar até 2018, por mais cinco anos.

O principal deles é o abatimento do Imposto de Renda para os grupos que investam na região.

"Quero deixar um horizonte claro, que permita ao empresário fazer seus cálculos", afirmou.
Noutra promessa, disse que iria repassar R$ 5,6 bilhões para obras da Copa, nas cidades de Recife, Fortaleza, Natal e Salvador.

Aparentemente sem conhecer a realidade da região, Dilma também disse qu gostaria que o BNB tivesse um papel mais importante na região, funcionando como braço financeiro da Sudene.

Policiais confundem rapadura com crack e algemam professora

Depois de receberem a informação de que uma mulher iria transportar drogas e São Paulo até a cidade de Ourinhos, a 371 quilômetros da capital, policiais rodoviários (PR) decidiram revistar vários veículos em uma base da PR de de Santa Cruz do Rio Pardo.

Em um dos ônibus parados durante a operação eles encontraram um suposto pacote com crack dentro da bolsa da professora Angélica Jesus Batista. A polícia deu voz de prisão à suspeita ainda dentro do veículo e ela foi algemada.

"A policial parou na porta do ônibus e disse 'encontramos'. Em seguida, ela me algemou", disse Angélica."

Mas o que os policiais pensavam ser crack era, na verdade, um tablete de rapadura que Angélica levava de presente para o namorado.

"Eu e minha mãe estivemos na Bahia e trouxemos rapadura, requeijão. Era um presente para minha sogra e meu namorado, mas eles confundiram com a droga", explica a professora.

Depois da confusão, Angélica foi liberada, e ela registrou boletim de ocorrência por constrangimento. A verdadeira traficante foi presa horas depois em outro ônibus, levando 2 kg de crack.

O delegado seccional de Ourinhos, Amarildo Aparecido Leal, diz que os policiais usaram o procedimento padrão diante da situação, mas que ainda assim o caso será investigado.

"Os policiais são obrigados a agir com cautela, mas o caso vai ser analisado. Foi preciso garantir a segurança dos passageiros do ônibus e do próprio policial", afirma o delegado.

Governadores pedirão a Dilma que cortes não afetem o NE

É, portanto, também a primeira oportunidade de Dilma, desde o início do governo, de apresentar propostas para a região que deu a ela 18,4 milhões de votos no segundo turno da eleição presidencial, mais que o dobro do obtido pelo candidato adversário, José Serra (PSDB).

Os governadores demonstraram preocupação com a redução dos recursos orçamentários, mas não irão pressionar a presidente nesse primeiro contato dela com o grupo.

Segundo o governador de Sergipe, Marcelo Déda, é essencial para a região a preservação de projetos de infraestrutura, como a ferrovia Transnordestina, modernização de rodovias e interiorização de universidades federais.

“Existe muita preocupação com o corte. É uma ansiedade que habita os corações de todos os governadores. Não sabemos o efeito desse corte nos projetos do governo no Nordeste. É preciso discutir onde será aplicado o contingenciamento”, afirmou. "A nossa ansiedade é muito menos pelo volume do corte e muito mais pelo detalhamento desse corte", disse.

"Hoje, somos parte da solução do problema brasileiro. O Fórum vai discutir o Brasil a partir do Nordeste. Esse é o eixo crucial que nós governadores queremos manter com o governo federal", complementou Déda.

Na avaliação do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o Fórum dá aos governadores a oportunidade de discutirem e buscarem juntos encaminhamentos para os problemas comuns a cada estado da região.

Ele ressalta, ainda, que a presença de Dilma Rousseff nesta 12ª edição do Fórum irá enriquecer e qualificaro encontro. ´O presidente Lula sempre prestigiou. A presidente começa seu mandato demonstrando a mesma atenção e a mesma decisão de ter o Fórum como um local de debate das questões nordestinas`, observou.

O governador pernambucano reforça a tese que o evento dará aos gestores a oportunidade de ouvir Dilma falar sobre seus planos para a região. ´Ela tem sido enfática em muitas ocasiões sobre sua compreensão da importância do Nordeste para manter o ciclo de crescimento do Brasil. Nesta reunião, porém, sua fala estará colocada num novo contexto`, destacou o socialista.

Recursos para a saúde

Outra questão que deve ser levantada durante o encontro com a presidente é possibilidade de criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS). A proposta, conhecida como “nova CPMF”, prevê a cobrança permanente de uma alíquota sobre as movimentações financeiras, a exemplo do que ocorria com a CPMF, que foi extinta em 2007.

A arrecadação seria destinada unicamente para a saúde. O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), defendeu o projeto e a regulamentação da Emenda 29, que estabelece um valor mínimo de repasses da União para saúde. “Isso [discutir CSS com Dilma] é muito importante, não só para o Nordeste como para o custeio da saúde no Brasil”, disse ao G1.

Segundo ele, a União reduziu os repasses para a saúde, enquanto a responsabilidade dos estados com o atendimento à população aumentou. "É preciso elevar os recursos federais no custeio da saúde. Eu defendo a regulamentação da Emenda 29 e a CSS. A saúde é um dos maiores problemas do Brasil, que só será resolvido se houver gestão e financiamento”, disse.

Em sua primeira entrevista como presidente, Dilma Rousseff afirmou que a criação de um novo imposto para financiar a saúde seria tratada com os governadores, parte interessada na criação do tributo, já que os estados ficam com uma parcela da arrecadação.

O governador Marcelo Déda disse que a presidente tem um “compromisso” com a população nordestina. “O tratamento prioritário da Dilma à região Nordeste é uma promessa dela e do presidente Lula durante a campanha, e o Nordeste respondeu a essa colocação de maneira extraordinária. É mais do que uma promessa, é um compromisso”, afirmou.

Para o governador Cid Gomes, Dilma é "grata" pelo apoio do Nordeste nas eleições. "Pesa o fato de que foi o Nordeste que mais a apoiou nas eleições. Existe uma gratidão", afirmou. Ele ressaltou ainda que para cumprir a meta assumida por Dilma de erradicação da pobreza, é preciso investir no Nordeste. "O primeiro lugar da pobreza está no Nordeste", disse.

Pré-sal

No evento em Sergipe, os governadores também devem abordar a distribuição dos royalties do pré-sal. O Nordeste quer mudar a regra segundo a qual os estados produtores são os únicos a receber royalties. Em dezembro, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o projeto que previa a partilha dos benefícios de acordo com o Fundo de Participação dos Municípios, o que reduzia substancialmente a receita de estados produtores, como o Rio de Janeiro.

Parlamentares de estados não produtores de petróleo buscam uma alternativa à proposta, que estabeleça divisão de royalties a todas as regiões, mas preserve a receita dos estados produtores. “Em relação ao pré-sal, é preciso trabalhar com a compreensão de que é uma riqueza imensa, cujo papel é contribuir para o desenvolvimento social do Brasil. Não dá para manter regras antigas para uma realidade nova”, defendeu o governador Marcelo Déda.

Ele também disse que vai pedir a Dilma que dê atenção particular aos estados menos desenvolvidos do Nordeste. Segundo ele, há um eixo mais desenvolvido e industrializado na região, que inclui Bahia e Ceará. “Não se pode medir o Nordeste com uma régua só e replicar o modelo de crescimento desigual que tivemos no país.”

Na pauta dos debates está incluído ainda o orçamento das instituições regionais como a Sudene e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Os governadores também vão abordar a criação de um sistema de vigilância da pobreza, ações territoriais articuladas e compromissos com Objetivos do Milênio (ODM) para alcançar a meta nacional.

Outro tema que será abordado no encontro é a infraestrutura de portos e aeroportos além de obras complementares da transposição do rio São Francisco.

Cronograma

O encontro de governadores com Dilma contará com a participação dos governadores de Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Ceará, Piauí, Maranhão, Rio Grande do Norte, Alagoas e Bahia e Minas Gerais. Apesar de Minas fazer parte da região Sudeste, o governador do estado, Antonio Anastasia (PSDB), estará presente porque o norte mineiro tem características geográficas semelhantes às do Nordeste.

A agenda do evento conta com palestras, dois discursos da presidente e entrevista dos governadores. Os governadores de Ceará, Cid Gomes (PSB) e Sergipe, Marcelo Déda (PT) abrirão os trabalhos às 9h30 com uma apresentação sobre meios de financiar o desenvolvimento econômico do Nordeste.

Em seguida, a presidente Dilma Rousseff discursará. Por volta de 11h40 haverá uma mesa redonda com os governadores presentes, na qual serão abordados temas como a erradicação da miséria e os projetos do governo Dilma para o Nordeste.

Após as discussões, às 13h30, Dilma fará um novo discurso e seguirá para o almoço. Está prevista uma entrevista dos governadores às 15h.

Família é feita refém na Encruzilhada

Fotos: Clemílsom Campos/ JC Imagem
A polícia invadiu por volta das 20h50 a casa onde um homem fez a própria família refém na Rua Frederico, no Bairro da Encruzilhada, Zona Norte do Recife, na noite deste sábado (19). Ambulâncias saíram do local com o acusado de balear as duas filhas adultas. A morte de uma delas, que era casada e mãe de dois filhos, foi confirmada e o corpo foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML).

Acir de Oliveira Correia, de idade ainda não revelada, se matou com um tiro na nuca. Após ouvir o disparo, a polícia entrou na casa. Ele ainda foi socorrido para o Hospital da Restauração (HR), no Derby, mas não resistiu ao ferimento. A morte foi constatada pelo médico logo que ele deu entrada na emergência da unidade de saúde. 

O CASO - Acir fez as duas filhas reféns nesta tarde, após uma discussão. Mesmo baleada, Lizandra Gomes Pereira, de 28 anos, conseguiu fugir e acionar a polícia. Cerca de 15 viaturas da polícia e três ambulâncias do Corpo de Bombeiros foram enviadas ao local. A rua foi cercada e policiais fizeram contato com o homem, que teria dito que só se entregaria após ver a esposa e a filha “pela última vez”.

Lizandra levou cinco tiros no braço e na perna e teria contado aos policiais que a mãe e a irmã foram mortas. Mas a informação de que a mãe das garotas estava no local foi negada logo em seguida. Lizandra está recebendo atendimento médico na Unidade de Trauma do HR.


Por volta das 20h05, duas mulheres chegaram ao local dizendo ser irmã e sobrinha de Acir e se ofereceram para ajudar a polícia na negociação. Mais cedo, vizinhos relataram ter ouvido cerca de dez tiros. Eles falavam em crime passional. Diziam que Acir não aceitava a separação, mas não sabiam precisar há quanto tempo isso havia acontecido. Outra versão era que ele vivia na casa com a família e sofria de depressão.

Na rua vivem famílias de classe média e, de acordo com vizinhos, no local de nº 63 existem três casas: uma onde viviam Acir, a mulher e uma filha; na segunda, o sogro de Acir, e na terceira, a filha casada, o marido dela e os dois filhos do casal: um bebê e uma criança de 2 anos. Vizinhos relatam ainda que o clima na família, antes dessa tragédia, era aparentemente de tranquilidade.

Pelo menos 20 integrantes do 13º Batalhão da PM e da Companhia de Operações Especiais (Cioe) participaram da operação.

Joaquim Roriz e mais cinco pessoas são acusados de crimes eleitorais

Roriz continua enfrentando problemas por
conta de sua campanha eleitoral em 2010
O ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PSC) volta a ser alvo de inquéritos no Tribunal Regional Eleitoral. Vários inquéritos apuram supostos crimes eleitorais durante a campanha de 2010.

Além de Roriz, há outros cinco acusados: Benício Tavares (PMDB), Celina Leão (PMN), Laerte Bessa (PMDB), Paulo Roriz (DEM) e Raad Massouh (DEM). No total, nove inquéritos estão em tramitação.

A maior parte inquéritos trata do uso na propaganda eleitoral, de símbolos, frases ou imagens, associadas ou semelhantes às mesmas usadas por órgão de governo ou empresa pública.

Caso algum dos políticos seja condenado, a pena varia de seis meses a um ano de detenção, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de 10 mil a 20 mil UFIRs (Unidades Fiscais de Referência).

Ex-chefe da Polícia Civil do Rio é indiciado pela PF por violação de sigilo

O ex-chefe de Polícia Civil do Rio, delegado Allan Turnowski, foi indiciado na noite desta quinta-feira, 17, pela Polícia Federal por violação de sigilo funcional. Ele é acusado de ter passado informações sobre a Operação Guilhotina ao inspetor Christiano Gaspar Fernandes, preso no sábado por envolvimento com milicianos e desvio de bens de traficantes detidos.

O inquérito da PF que cita o nome de Turnowski ainda será analisado pelo Ministério Público antes de ser encaminhado à Justiça. Se condenado pela revelação de informações sigilosas obtidas em razão de seu cargo, a pena pode ser de dois a seis anos de prisão.

Após prestar depoimento na superintendência da Polícia Federal do Rio pela segunda vez, Turnowski negou que tenha avisado Christiano sobre a investigação e voltou a afirmar que desconhecia a realização da Operação Guilhotina. O ex-chefe da Polícia Civil rebateu ainda o indiciamento realizado pelo delegado da PF Allan Dias, que indica que Turnowski havia sido informado sobre a operação pelo secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.

"Se ele (Beltrame) disser que me comunicou, eu vou responder, mas eu tenho certeza que esse juízo de valor do delegado não passa no primeiro crivo do Ministério Público e da Justiça", afirmou Turnowski. "Antes de eu ser indiciado, teria que perguntar ao secretário de Segurança se ele se comunicou comigo", completou.

Em nota, a Secretaria de Segurança confirmou que Beltrame não foi ouvido pela Polícia Federal e informou que não informou a Turnowski sobre a existência da Operação Guilhotina.

Depois do depoimento, o ex-chefe da Polícia Civil também negou as acusações de que tivesse recebido propinas de R$ 100 mil por mês para permitir a venda de produtos piratas no Camelódromo da Uruguaiana, no Centro do Rio, e de R$ 500 mil para evitar investigações em áreas dominadas por uma milícia. "Nada foi provado. Os autos foram para a Justiça e não tem nada contra mim", afirmou.

Turnowski já tinha prestado depoimento à PF quando a operação foi deflagrada. Diante das suspeitas de seu envolvimento com as quadrilhas formadas pelos policiais e de seu desgaste diante de uma rixa com o delegado Claudio Ferraz, que havia colaborado com a investigação, ele acabou sendo exonerado do cargo na terça-feira.

Diplomacia de Lula irritou sul-americanos

Lula e Uribe em agosto de 2010
(Felipe Pinzon/Divulgação)
Telegramas secretos da diplomacia americana revelam que, sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, países sul-americanos se incomodaram com a liderança brasileira e chegaram a pedir a Washington que "contivesse" as ambições do Brasil na região. Os despachos foram divulgados pelo grupo WikiLeaks. Entre os que solicitaram à diplomacia americana que atuasse contra o aumento da influência do Brasil estão Colômbia, Chile e Paraguai. 

Em 11 de fevereiro de 2004, numa conversa entre o então presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e uma delegação do alto escalão da diplomacia dos EUA, o incômodo com as ambições de Lula ficou claro. "Uribe disse que sua relação com Lula é complicada", relata o telegrama. O ex-líder de Bogotá e forte aliado de Washington alertou na ocasião para a agenda externa de seu colega brasileiro: "Lula se esforça para construir uma aliança antiamericana na América Latina", teria dito Uribe.

"Lula é mais pragmático e mais inteligente do que (Hugo) Chávez, mas é conduzido por seu histórico de esquerda e pelo ‘espírito imperial’ do Brasil para se opor aos EUA", acusou o ex-presidente colombiano. Em outro trecho, Uribe ainda acusa o presidente brasileiro de não ter cumprido sua promessa de lutar contra o narcotráfico.

Quatro anos mais tarde, as desconfianças em relação a Lula continuariam na Colômbia. Em um telegrama de 2008, o governo americano afirma que foi informado por militares de Bogotá sobre o projeto de criação de um Conselho de Defesa da América do Sul pelo Brasil. "A desconfiança é que seja um projeto, no fundo, de Chávez", teriam alertado os militares.
Em telegrama de 19 de maio de 2005, a então chanceler do Paraguai, Leila Rachid, queixou-se ao embaixador americano em Assunção, Dan Johnson, sobre o comportamento de seu colega brasileiro, Celso Amorim, e sua ideia de convocar uma cúpula entre países árabes e sul-americanos. Johnson, por sua vez, disse que o evento promoveria "gratuitamente tensões entre a comunidade árabe e judaica no Brasil". Ele pediu ainda que, na declaração final, elogios ao Sudão fossem evitados.

"Rachid afirmou que o Brasil teve uma ‘grande disputa’ com vários chanceleres (da América do Sul), incluindo a ministra colombiana (Carolina) Barco e o chileno (Ignacio) Walker, quando Amorim pediu que eles reduzissem as objeções que tinham sobre o Sudão e o processo de paz no Oriente Médio", descreve o embaixador americano.

Rachid diz que gostaria de falar com a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, sobre "preocupações em relação à política externa e comercial do Brasil". "Ela (Rachid) estava preocupada com as ambições do Brasil de se tornar uma voz de liderança na região e pediu que os EUA se posicionassem para conter o Brasil."

Salário mínimo aguenta tudo


Mudança na regra do Minha casa, minha vida já provoca demissão

As pequenas construtoras de Paulista vão demitir cerca de 3 mil funcionários nesta sexta-feira (18) por causa da mudança feita no programa Minha casa, minha vida. A Caixa Econômica Federal (que opera o programa) determinou que todas habitações incluídas no Minha casa têm que ser erguidas em ruas calçadas e saneadas. A Associação dos Construtores de Paulista, que reúne cerca de 200 pequenas empresas responsáveis pela construção de cerca de 2.500 casas, informa que o setor não tem condições de manter os trabalhadores. Algumas empresas vão enxugar o quadro pela metade e deixar o número de trabalhadores suficiente para terminar a obra. Outras vão parar a construção e demitir todo mundo.

A Caixa informou em nota, ontem, que as pessoas que já tiveram o crédito aprovado pelo banco e que vão comprar imóveis avaliados até o último dia 11, não serão afetadas pela nova medida. Entretanto, a maioria dos imóveis erguidos pelas construtoras de Paulista ainda não foi avaliada pela CEF.

As empresas alegam que foram surpreendidas pela determinação da Caixa e que até o último dia 11, o programa não fazia essa exigência. “A gente construía sem problema. Quando a moradia estava pronta, a Caixa aprovava o crédito para o cliente. Não temos condições de pavimentar as ruas. É uma obra cara. Em Paulista, 80% das vias não são calçadas”, explica o presidente da associação, Fernando Sabino Pinho.

Segundo ele, a medida é injusta com as construtoras porque o programa mudou de repente, sem aviso da Caixa nem prazo de carência para adaptar as obras. “Nós seguimos todas as regras da Caixa. Para financiar um cliente nosso, ela avalia a documentação do cliente, do imóvel e da empresa. Tudo tem que estar legalizado e de acordo com as normas. Não somos aventureiros”, informa. Antes do financiamento ser liberado, a Caixa faz uma avaliação técnica da residência e determina o valor do imóvel.

Entre os trabalhadores que serão demitidos estão serventes, pedreiros, encanadores e eletricistas. A maioria é de Paulista, mas algumas construtoras também contratam gente de cidades vizinhas. “O salário é bom. Quem ganha menos é o servente, que recebe R$ 600”, completa.

Já os compradores das casas têm renda média de R$ 900. A maioria ganha até R$ 1.300 e está enquadrada na faixa que recebe o subsídio de R$ 17 mil. A prestação começa em cerca de R$ 180 e é decrescente. “É gente muito humilde, que trabalha como motorista de ônibus ou empregada doméstica, por exemplo”.

Fidel a intelectuais: É preciso começar já a salvar a humanidade

Em seu primeiro ato público deste ano, transmitido pela emissora de TV estatal, Fidel abordou assuntos como a alta dos preços dos alimentos, a mudança climática e as revoltas populares ocorridas no Egito e na Tunísia.

"Nossa espécie não aprendeu a sobreviver", afirmou durante o evento. Ele enfatizou que os intelectuais "podem ter um papel decisivo" na tomada da consciência mundial e pediu a eles que contribuam para "persuadir as criaturas mais autossuficientes e incapazes que já existiram: nós, os políticos" sobre perigos que ameaçam a sobrevivência da espécie..

"Não se trata de salvar a humanidade em termos de séculos ou milênios: é preciso começar a salvar a humanidade já", disse Fidel, agora com 84 anos, a escritores da Argentina, Venezuela, Peru, México, Espanha e Cuba.

O líder cubano ressaltou que as consequências da crise alimentar vão muito além de questões econômicas. Nesse sentido aludiu à influência da alta dos preços dos alimentos no desencadeamento das revoltas contra os governos do Oriente. Além disso, referiu-se ao aumento incessante da população mundial, o que acentua o problema.

Assim como na última de suas "reflexões", dedicada à revolução no Egito, Fidel definiu o ex-presidente Hosni Mubarak como "um grande estrategista" para esconder dinheiro, enquanto 80% dos egípcios vivem na pobreza.

Nesta quarta, Castro se encontra mais uma vez com os intelectuais e terá a transmissão da televisão estatal.

Leia abaixo a fala inicial de Fidel no encontro com intelectuais:

Texto Introdutório do Comandante em Chefe Fidel Castro, em debate com intelectuais, realizado na terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Soube que vários intelectuais de prestígio e amigos sinceros de Cuba visitou nossa capital para participar da XX Feira Internacional do Livro de Havana.

Esta feira é uma das modestas coisas boas que temos impulsionado. Os livros e as ideias que vocês elaboram e promovem têm sido fontes de alento e de esperança; graças a eles, conhecemos o que vale o enxerto de talento e bondade. Seus nomes se familiarizam e se repetem ao longo da vida, durante anos, que sempre nos parecem curtos.

Entre os fatores que ameaçam o mundo, estão as guerras. Os cientistas foram capazes de colocar nas mãos do homem colossais energias, que estão servindo, entre outras coisas, para criar um instrumento autodestrutivo e cruel como a arma nuclear.

Os intelectuais podem, talvez, prestar um grande serviço à humanidade. Não se trata de salvar a humanidade em termos de milênios, nem sequer em termos de séculos. O problema é que nossa espécie se encontra ante problemas novos, e não aprendeu sequer a sobreviver.
Se conseguirmos que os intelectuais compreendam o risco que estamos vivendo neste momento, em que a resposta não pode ser adiada, talvez eles consigam persuadir as criaturas mais autossuficientes e incapazes que já existiram: nós, os políticos.

Como?

Coube a mim, há quase 20 anos, a desagradável tarefa de advertir ao mundo, na Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, que nossa espécie está em perigo de extinção.

Argumentei então, ainda que o perigo não fosse iminente como agora, e fui escutado com atenção, embora talvez seja melhor dizer que com benevolência.

Houve aplausos. Um homem tinha percebido isso. Os super poderosos se reuniram ali reunidos se deram conta que era verdade, mas um problema que eles, naturalmente, se ocupariam de resolver nos séculos que tinham pela frente.

A cara sorridente de Bush pai e a figura do chanceler alemão Helmut Kohl, marchando rapidamente por um amplo corredor, à frente do grupo após a última foto, propiciava a impressão de que nada poderia perturbar o feliz sossego do nosso mundo esplêndido.

Tão tonto como os demais mortais, fiquei com a ideia de que talvez tivesse exagerado. Passaram-se apenas 19 anos e vejo hoje as coisas perturbadoras que já estão acontecendo e não admitem demora nenhuma.

Mais vale parecer louco que sê-lo e não parecê-lo. Se pensarmos que já estamos a um passo do abismo, e nosso cálculo não fora exato, nenhum dano faríamos à humanidade. Quando nos aproximamos já aos 7 bilhões de habitantes, não é questão começar a filosofar sobre Malthus e as possibilidades de soja, do trigo e do milho geneticamente modificados.

Os norte-americanos, que nisso são os mais avançados, sabem bem qual é o limite de suas possibilidades.

É hora de prestar atenção aos ambientalistas e cientistas, como Lester Brown, a maior autoridade mundial nesta matéria e na produção de alimentos.

Eminentes pensadores veem claramente que o sistema capitalista desenvolvido marcha até um desastre inevitável. Ninguém teria sido capaz de antecipar as situações novas que são criadas ao longo do caminho, e nada é negado, pelo contrário, só se confirmam as crises que nos converteram em revolucionários. Agora não se trata da inevitabilidade da mudança na sociedade, mas do direito da espécie a uma vida diferente para a qual nós não deixamos de lutar.

Nem mesmo entre as religiões que postulam o Apocalipse, uma idéia em que muitos acreditam, ninguém, que eu saiba, sugeriu que seria neste milênio e, muito menos, neste século.

Pensei muito estes dias nos eventos que estão acontecendo e lhes peço que façam o mesmo, sem medo de estar pedindo um esforço inútil. Eu tenho o hábito de ler quantas análises de ecologistas e cientistas chegam às minhas mãos.

Ontem, quando eu refletia sobre o que aconteceu na Tunísia e no Egipto, me chamou a atenção um recente artigo de Paul Krugman, famoso escritor e economista sério, cujas análises sobre as medidas de Roosevelt, com a Grande Depressão e a guerra, refletiam um especial conhecimento da economia dos EUA e do papel desempenhado pelo autor do New Deal. Não é marxista nem socialista. Ele recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 2008. Vejam (aqui no Vermelho) o que escreveu sobre a crise alimentar a pessoa talvez mais autorizada a fazê-lo.

Passaram quase 19 anos desde a Cúpula do Rio de Janeiro e estamos diante do problema. Ali estávamos levantando esses problemas, sem imaginar que o fim da espécie pode acontecer dentro de um século ou de décadas, se antes não ocorrer uma guerra.

O aumento dos preços dos alimentos agravará imediatamente, sem qualquer dúvida, a situação política internacional. Se, como resultado disso tudo se agravam os problemas, eu me pergunto: devemos ignorá-los?

Gostaria de focar nosso debate neste tema.

É preciso começar já a salvar a humanidade.

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